Ruínas

Capítulo 1

Capítulo 1

Candice estava se preparando para mais uma noite na Red light, a boate mais cara, mais famosa e mais cobiçada de Seattle. Muitas pessoas gostariam de ter ao menos a oportunidade de passar pela calçada dela, mas claro, havia algumas exceções. Primeiro, você tinha que ter dinheiro, muito dinheiro. Segundo uma bela reputação e um alto status social na cidade, estado e, até mesmo, no país.

Já se faziam quase dois anos desde que Candice havia entrado nesse mundo luxuoso e cobiçado, ela poderia dizer que também era glamoroso, ou melhor, ela poderia mentir. Não era nada glamoroso, mas também, não se parecia nada com o lugar depreciativo que sua mãe costumava a arrastar para poder trabalhar, contudo, ainda não era nada do que ela havia imaginado para seu o futuro. Com a falta de estudo, pouca idade e sem nenhuma experiência para conseguir criar pelo menos um bom currículo, sua única saída havia sido adentrar no mundo que ela havia jurado nunca mais fazer parte.

Candice viveu toda a sua infância e uma parte de sua adolescência dentro desse meio sujo, vergonhoso e depreciativo, mas pelo menos agora ela havia se saído melhor que a sua mãe. Ela havia se tornado melhor. Ela havia se tornado algo que a sua mãe nunca foi capaz e, por essa razão, ela achava estar no lucro.

Candice não precisava de ninguém. Ela sabia muito bem como jogar e, em razão disso, no final, ela sempre vencia o jogo. Ela tinha tudo o que era necessário para conseguir o que ela tanto almejava: Dinheiro e poder.

Ela tinha a beleza a seu favor, e sem mencionar o fato de possuir uma boa persuasão e, por essa razão, ela conseguia qualquer coisa que quisesse, inclusive o moreno assustadoramente bonito que estava no bar bebendo, provavelmente, alguma bebida alcóolica.

Ele era bastante forte e definido, e mesmo usando uma camisa social preta, seus músculos eram bastante visíveis, com ênfase em suas belas e largas costas. Ele estava sentado, mas não a impedia de notar que aquele homem, facilmente, teria os seus um metro e oitenta de altura.

Seu cabelo era preto como a mais bela e escura noite, um pouco comprido, com alguns fios caindo desajeitadamente — mas sexy como o inferno — por seus olhos.

Seus olhos eram tão escuros quanto o seu cabelo e a noite, seu nariz era reto e fino, tornando-se bastante harmônico ao seu rosto. Seus olhos puxados entregavam que ele não era daqui. Seu maxilar extremamente marcado e flexionado estava sendo o seu inferno agora. Seus lábios rosados, cheios e tão convidativos... Ele era o homem mais bonito que Candice já havia visto — e a sua lista era bastante extensa. Com isso, ela havia decretado. Ele seria seu.

— Você ama se envolver em problemas, não é mesmo Candy?

Serafina perguntou em meio a expressão divertida no rosto, balançando sua cabeça em negação ao notar a amiga babar o maior problema que ela poderia se envolver.

Candice tirou seus olhos de águia de cima do moreno, levando-os para encarar a amiga ao seu lado.

Serafina era tão linda quanto Atena. Olhos verdes como esmeraldas. Cabelos loiros até a metade de suas costas e uma pele branca, mas ainda assim, bronzeada. Ela era mais alta que Candice, provavelmente com seus um metro e setenta de altura. Seu corpo era magro e esguio. Ela poderia facilmente ser uma das modelos da Victoria secrest's se quisesse, mas estava no mesmo buraco que Candice.

— Mas é claro, Fina. — Estalou sua língua no céu da boca, chamando-a pelo apelido carinhoso que ela mesma a havia dado. — Na maioria das vezes, eu sou a solução. — Piscou, sorrindo divertida. Voltando seu olhar para o seu belo e esguio alvo.

— Mas não acho que consiga solucionar esse problema. — Serafina disse, mudando completamente a sua expressão, ficando séria, encarando o moreno como Candice fazia. — Se quer, se envolver nesse meio.

— Conhece ele? — Candice estava séria agora, mas esperava com ansiedade a resposta de sua amiga.

— Não, e quero que as coisas permaneçam assim. — Seus olhos escureceram. — Algumas garotas que estavam aqui me alertaram sobre ele.

Candice ouvia atentamente cada palavra que saía da boca de Serafina. Parecia que ela estava descrevendo algum tipo de monstro ou pior, um demônio.

— Eles são perigosos demais e, apesar de não parecer à primeira vista, Jungkook consegue ser bastante perverso quando ele quer. E me parece que são esses jogos sádicos que o atraem e o mantém vivo.

— Jogos? — A encarou, confusa. Candice não era inocente. Ela sabia o que jogos sádicos poderiam ser, ou pelo menos achava que sabia, mas a sua amiga falava tudo com tanta certeza e medo em suas palavras que ela resolveu insistir em mais detalhes.

Já Serafina, só gostaria de colocar um ponto final naquela história o quanto antes. E, de preferência, que conseguisse assustar Candice o suficiente para tirar aquela ideia absurda da cabeça. Se envolver com os irmãos criminosos não seria, nem de longe, a ideia mais brilhante.

— Não entendi muito bem quando Hails me contou, mas ela estava bastante abalada e com marcas visíveis espalhadas em seu corpo. — Suspirou pesado, como se estivesse lembrando do ocorrido. — Ele não é um homem comum, Candy. Muito menos, um homem dentro da lei.

Candice levou seu olhar novamente para Jungkook, que parecia ser o nome dele — uma vez que saiu da boca de Serafina —, e olhando-o mais uma vez, de maneira minuciosa o rosto do moreno, analisando todas as suas feições, ele não parecia ser esse monstro que Serafina havia descrito. Ele possuía sim um perfil másculo, sério e frio, contudo, ainda assim, não parecia ser essa pessoa descrita por sua amiga.

— Eu acho que consigo lidar com isso. — Disse risonha, tentando se convencer de suas palavras. Querendo ou não, as palavras de Serafina haviam causado um certo medo e receio, mas não o suficiente. — Adoro desafios.

— Mas não deveria entrar em um que pode acabar com a sua vida. — Serafina suspirou, quase em um sussurro disse suas palavras.

Serafina não possuía muitas amigas, e a única pessoa que ela tinha naquele lugar era Candice. Ela chegou um pouco depois de Candice, e ela havia sido a única a lhe prestar apoio em meio a todas as dificuldades.

— Confie em mim, eu já estive em muitas situações que poderiam acabar com a minha vida, mas eu continuo aqui. — Candice não tinha mais o seu sorriso debochado como de costume ou o seu olhar de superioridade ou algum outro tipo de expressão do gênero. Ela estava sem reação alguma ao fazer a sua confissão. Tão fria quanto as noites que passou quando criança naqueles corredores barulhentos e gélidos do velho bordel onde sua mãe a obrigava ir. — Eu sempre acabo vencendo, Fina. Não importa o que seja. — Seus olhos continuavam fixos no moreno que parecia tão frio e calculista quanto ela.

Candice não havia visto ele dar um sorriso sequer, nem mesmo de canto de lábios. E mesmo ouvindo com atenção todas as contraindicações que o moreno tinha, ela já havia decretado. Ele já era seu. Ele não sabia, mas ele era.

— Já que não consegui tirar essa maldita ideia da sua cabeça, lhe desejo uma boa caçada, Candice. — Tocou no ombro da amiga. — Espero que esteja bem armada, pois esse, com certeza, será o seu maior desafio.

Candice riu, tocando a mão de Serafina em seu ombro.

— Não se preocupe, como eu disse, adoro desafios. — Estalou sua língua no seu da boca, dando abertura para um belo sorriso. — E esse parece ser suculento.