Capítulo 9

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Capítulo 9

A mansão estava em um frenesi, com seguranças correndo de um lado para o outro, carregando papéis, fazendo ligações urgentes e sussurrando discussões em cantos escuros. Jimin, normalmente um modelo de controle frio e calculado, estava visivelmente agitado. Ele não parava em casa e, quando estava, trancava-se no escritório, gritando através de ligações e discutindo furiosamente com Jungkook e Taehyung.

Candice, percebendo a tensão crescente, movia-se discretamente pelos cantos da casa, tentando captar fragmentos de conversas e entender o que estava acontecendo. A curiosidade e a preocupação a consumiam. Afinal, o equilíbrio do poder estava mudando e isso poderia ser uma oportunidade para ela.

Num momento em que a casa parecia momentaneamente mais tranquila, Candice viu sua chance. Jimin estava sozinho em seu escritório, visivelmente cansado e cercado por uma desordem incomum de papéis e garrafas de bebida vazias. Ela entrou silenciosamente, fechando a porta atrás de si.

— Está tudo bem? — perguntou Candice, a voz suave e cheia de uma preocupação genuína.

Jimin levantou o olhar, a raiva brilhando em seus olhos.

— O que você está fazendo aqui? — ele gritou, a voz carregada de frustração. — Você não tem que estar no meu escritório, muito menos perguntando coisas como se eu devesse alguma explicação a você! Porra!

Candice suspirou baixinho, se desculpando com um tom submisso.

— Eu só queria te ajudar, Jimin.

Houve um momento de silêncio, e então Jimin também suspirou, visivelmente mais calmo. Ele fez um gesto, chamando-a para se aproximar. Ele estava uma bagunça.

— Venha aqui — ele disse, apontando para seu colo.

Hesitante, mas sem ousar desafiar a ordem, Candice caminhou até ele e se sentou em seu colo. Jimin passou um braço ao redor de sua cintura, acariciando lentamente sua coxa enquanto segurava um copo de uísque na outra mão. Candice ficou imóvel, sentindo a tensão no corpo dele e tentando entender o que estava acontecendo.

O telefone de Jimin tocou, quebrando o silêncio. Ele atendeu rapidamente, a voz tensa.

— Jungkook, espero que tenha boas notícias para mim.

Candice tentou se levantar, querendo dar a ele a privacidade necessária para a conversa, mas a mão de Jimin apertou sua coxa, indicando que ela deveria ficar. Ela obedeceu, sentindo o peso da situação aumentar.

Enquanto Jimin falava ao telefone, ela pôde captar fragmentos da conversa. Parecia que um negócio importante estava em risco, e a pressão estava levando todos ao limite. Jungkook estava do outro lado da linha, e a voz dele era tão tensa quanto a de Jimin.

— Nós precisamos de uma solução agora, Jungkook. Isso não pode esperar mais. — Jimin rosnou, o nervosismo evidente em seu tom.

Candice, mesmo em meio ao caos, percebeu que esse era um momento crucial. A vulnerabilidade de Jimin, sua necessidade de controle e a tensão palpável poderiam ser usados a seu favor.

A ligação terminou com Jimin bufando e jogando o telefone na mesa. Ele tomou um longo gole de uísque e olhou para Candice, seu olhar ainda cheio de frustração, mas também de algo mais suave.

— Preciso que fique aqui comigo, Candice. — ele murmurou, a mão dele ainda acariciando sua coxa. Aquela confissão havia a pego de surpresa. Candice sempre estava confusa quando se tratava de Jimin. A maneira como ele a descartava, mas logo a resgatava em seguida a deixava confusa e em conflitos quanto ao seu plano.

Candice permanecia sentada no colo de Jimin, o peso da situação crescendo com cada segundo que passava. O silêncio que se seguiu à ligação de Jimin com Jungkook estava carregado de tensão. Ela não pôde mais conter sua curiosidade e preocupação.

— Jimin, o que está acontecendo? — Candice ousou perguntar, sua voz suave, mas firme.

Jimin desviou o olhar, seus olhos perdidos por um momento. Quando ele finalmente falou, suas palavras eram desconexas, quase incoerentes.

— É só... negócios, Candice. Coisas que você não entenderia — ele murmurou, tomando mais um gole de uísque.

Ele continuou a falar, divagando sobre assuntos sem nexo, desde lembranças antigas até sentimentos que nunca havia demonstrado antes. Candice o observava atentamente, começando a desconfiar que era a bebida e o estresse falando mais alto na cabeça dele. Jimin jamais falaria coisas assim para ela em um estado normal.

De repente, ele olhou diretamente nos olhos dela, sua expressão carregada de algo que Candice nunca havia visto antes.

— Sabe, eu sinto muito pelas merdas que fiz com você. — Jimin disse, a voz um pouco trêmula. — Ultimamente, me sinto culpado pela maneira que te venho tratando.

Candice ficou surpresa, incapaz de disfarçar o choque em seu rosto. As palavras de Jimin a pegaram completamente desprevenida, fazendo-a questionar se realmente conseguiria seguir com seu plano de roubar tudo dele. Havia algo em seu tom, uma vulnerabilidade que ela nunca esperava ver no homem frio e implacável que conhecia.

Ela tentou racionalizar, pensando que talvez fosse apenas o álcool falando. Park Jimin não tinha coração, dizia a si mesma. Não podia ser verdade. No entanto, uma pequena parte dela queria acreditar na sinceridade de suas palavras.

— Jimin... — ela começou, mas não sabia como continuar. As palavras dele a haviam desarmado.

Ele segurou sua mão, apertando-a suavemente.

— Eu sei que é difícil de acreditar — ele continuou, seus olhos escurecidos pelo arrependimento. — Mas ultimamente, sinto que... eu realmente estraguei tudo com você.

Candice lutava para manter a compostura, sua mente um turbilhão de pensamentos e emoções conflitantes. Sua determinação de se vingar e destruir Jimin começou a vacilar, enquanto ela tentava entender se o que ele estava dizendo era verdade ou apenas uma ilusão criada pelo álcool.

— Jimin, eu... — ela tentou novamente, mas foi interrompida pelo toque insistente do telefone.

Jimin atendeu rapidamente, voltando ao modo frio e calculado enquanto falava com alguém do outro lado da linha. Candice aproveitou o momento para processar tudo o que havia acabado de ouvir. Será que Jimin realmente estava arrependido? Ou era apenas uma fraqueza momentânea?

Enquanto ele terminava a ligação, Candice tomou uma decisão. Precisava manter suas cartas próximas ao peito e continuar jogando o jogo até entender melhor as intenções de Jimin. Seu plano de vingança ainda estava em movimento, mas agora, mais do que nunca, ela precisava ser cuidadosa.

Jimin desligou o telefone e olhou para Candice, sua expressão voltando a ser aquela mistura familiar de autoridade e desejo.

— Volte para o seu quarto, Candice. Tenho negócios para tratar agora. — Ele ordenou, a voz recuperando a firmeza.

Candice assentiu, levantando-se do colo dele. Enquanto se dirigia para a porta, ela se virou uma última vez, seus olhos encontrando os dele.

— Boa noite, Jimin — disse ela, com sua voz suave, mas cheia de significado.

Ele não respondeu, apenas observou enquanto ela saía do escritório. Candice sabia que a batalha estava longe de terminar, mas agora, mais do que nunca, precisava manter sua mente clara e seu coração fechado. A vingança ainda era seu objetivo, mas as palavras de Jimin ecoavam em sua mente, desafiando cada passo que ela dava. A tempestade antes da calma estava em pleno andamento, e Candice sabia que precisava ser mais astuta do que nunca para sobreviver e alcançar seu objetivo final.

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