Capítulo 15 - Bia

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Após deixar o meu irmãozinho na escola nos encaminhamos até a nossa. Arthur estava empolgadíssimo, a primeira coisa que fez ao descer do carro foi dizer para o seu amiguinho que estava em frente à escola que ele iria aprender a soltar pipa. Tudo bem que meu pequeno se empolga com qualquer coisa, mas definitivamente dessa vez ele estava quase eufórico.
_O Arthur gosta de você. - digo assim que Edu começa a dirigir, meu namorado dá de ombros.
_Ele é um bom garoto.
_Nem sempre. - digo me lembrando que meu irmãozinho de vez em quando decide aprontar umas que me deixa nos nervos. Edu ri, provavelmente adivinhando meus pensamentos como ele sempre faz.
_É a fase. Eu gostaria de ter tido um irmão, ou uma irmã mesmo que fossem mais velhos, que assim eu poderia ter sobrinhos.
_Bom, eu creio que eu estou longe de ter sobrinhos. - digo tendo em conta que Arthur tem apenas seis anos. -Provavelmente Arthur será tio antes de mim.
_Ah é? - pergunta interessado. - E quantos sobrinhos você pretende dar a Arthur?
_Dois, para que eles possam se fazer companhia. Mas é claro que não com onze anos de diferença como eu e o Arthur. - digo me atentando ao fato de que eu não teria companhia pela maior parte da minha vida, se não fosse a Isa.
_Bom, eu me ofereço para ser o pai de seus filhos. - Edu brinca e eu o olho interessada. Apesar de sua pronúncia ter sido em tom de brincadeira eu notei como ele ficou apreensivo.
_Seria um ótimo pai. - digo sinceramente e vejo os olhos do meu namorado brilharem. - Mas para isso temos que dormir juntos primeiro. - arqueio uma sobrancelha provocando -o. Meu namorado estaciona o carro em frente a escola antes de se virar para me olhar.
_Isso só depende de você. - ele se aproxima mais de mim, olhando dentro dos meus olhos, me deixando completamente desnorteada. - Se apaixone por mim Bia. - ele diz, seu tom ao mesmo tempo que é de súplica também é de desafio. E sem que eu perceba me vejo acenando positivamente com a cabeça sem nada dizer. Um sorriso preguiçoso nasce no canto dos lábios do meu namorado, chamando minha atenção para sua boca e me fazendo morder os labios involuntariamente, quando meus olhos voltam a fitá-lo vejo nos seus aquele fogo, aquela paixão que já estou acostumada a ver.
Segundos depois estamos atracados os dois em um beijo intenso dentro do carro. Me aproximo cada vez mais do meu namorado na sede de poder estar mais e mais perto dele, ele por sua vez não faz diferente, suas mãos cravam em minha cintura puxando-me para si. Um gemido estrangulado sai de seus lábios antes dele se afastar. Edu deixa mais um selinho, e depois outro antes de sair do carro e esbarrar em alguém que passava no momento.
Minha respiração ainda está ofegante por causa do beijo, então antes de sair do carro me olho no espelho e tento me recompor.
Urgh! Edu e o efeito que tem sobre mim.
Depois de satisfeita e recomposta, pego minha mochila e a do Edu no banco de trás e só nesse momento percebo que ele sumiu. Não falou mais nada após sair do carro daquele jeito afoito. Desconfiada me apresso em sair do carro e vejo uma cena que não esperava.
Ele está abraçado com uma garota, na minha frente! Quer dizer, ele não sabe que eu saí do carro mas sabe que eu estou aqui, perto.
O abraço logo é desfeito e ele coça a cabeça como ele faz quando está com vergonha ou desconfortável.
_Nossa -ouço a garota dizer- você está tão diferente! Mais alto, forte - ela sorri enquanto alisa o braço do Eduardo, na minha frente! - e bonito, com certeza muito bonito. - ela enfatiza e minha vontade é gritar a plenos pulmões: E comprometido! Mas com a paciência que eu definitivamente não tenho eu me contento em fechar a porta do carro com força. Uma força desnecessária devo confessar, uma força que com certeza se fosse no carro dos meus pais eles estariam gritando:Vai quebrar?
Mas naquele momento eu não ligo muito, só reparo no pulo que o Eduardo dá ao ouvir o barulho e como ele empalidece ao me ver ali.
Pois é querido, você pode ter esquecido mas eu ainda estou aqui. Meu cérebro grita, como se ele fosse capaz de ouvir.
Ando a passos rápidos até o casal à minha frente e empurro a mochila no peito dele que faz uma careta.
_Esqueceu a mochila no carro Eduardo. - enfatizo seu nome antes de me virar para dar um sorriso para a garota a minha frente.
_Bia, essa é a Raquel uma amiga.
_Amiga? - pergunto como quem diz que eu sei exatamente quem são as amigas dele, e com certeza não há ninguém nesse meio que se chame Raquel e que goste de tocar o meu namorado com tanto descaramento. A única "amiga" que pode fazer isso sou eu.
_É, ele já deve ter falado de mim eu... - diz sorrindo mas corto-a.
_Na verdade não. Ele nunca falou sobre nenhuma Raquel. - encaro o Eduardo para ver o que ele dirá, mas ele apenas coça a cabeça. Respiro fundo vendo sua atitude. Está desconfortável queridinho? Por quê em?
_Certamente deve estar havendo algum equívoco, não deve estar lembrando. - a encaro pensando que a alto estima dela deve ser boa demais para afirmar deste modo que ele falou sobre ela, afinal quem ela pensa que é? E então, finalmente reparo na garota à minha frente.
Cabelos negros, olhos azuis intensos e pele branca como a neve. Se seus cabelos não fossem cumpridos, certamente ela seria a perfeita versão da Branca de Neve.
E nesse momento eu entendi completamente o por quê de sua auto estima ser tão elevada. A garota deve ter todos os garotos aos seus pés, e por que com Eduardo Amaro seria diferente?
Encaro o rapaz a minha frente com um alarme muito alto soando na minha cabeça. Eu não acredito que estou conhecendo uma ex ficante dele.
Tomara que seja apenas isso né? - um lado debochado do meu cérebro zomba e eu sinto meu sangue ferver.
_Na verdade... - Edu coça a cabeça. - eu creio que nunca tenha falado de você. Ou pelo menos nunca devo ter citado seu nome.
_Por quê? - a tal Raquel pergunta realmente surpresa e isso me faz encarar Eduardo.
_É, por quê? - questiono sentindo algo entalado em minha garganta. Afinal por quê diabos o Eduardo não me falaria algo? Ele sempre me falou tudo. Tem que ter algum motivo muito bom ou ruim para ele nunca ter me falado de nenhuma Raquel.
_É bom... Eu não sei ao certo, mas acho que é por que eu não queria me mudar, não queria vir para cá então na minha cabeça, quanto menos eu pensasse no passado menos saudade eu sentiria.
_Ah! Pobrezinho... - a garota volta a acariciar o braço do Eduardo.
_É, coitadinho. - ironizo. - Bom, não adianta fugir né, pelo visto seu passado voltou e esta bem presente para que você possa matar toda a saudade de seu... -olho a garota absurdamente linda a minha frente- Passado. - destilo todo o veneno que guardo dentro de mim e que naquele momento estava implorando que saísse.
Urgh! Bianca Beraldini você também é linda. Eu tentava dizer a mim mesma, mas quando via aquelas mãos compridas com aquelas unhas pintadas de vermelho acariciando o braço do MEU homem com tamanha possessividade e até familiaridade eu não conseguia me controlar. Eu estava mesmo com uma vontade imensa de arranhar a cara dessa folgada, para ver se assim ela deixava de ser tão... Urgh!
_Não. - Eduardo me tira do meu desvaneio.  - Quer dizer foi ótimo revê-la Raquel, mas a melhor coisa que me aconteceu foi vir para essa cidade, por que assim que cheguei aqui conheci o amor da minha vida. - ele diz seriamente e vejo o olhar confuso da tal Raquel se direcionando a mim assim como o do meu namorado. Ele estica os braços e me puxa para si, colocando o braço em minha cintura e depositando um beijo leve em minha testa.
_Ah, compreendo. Mesmo assim espero que mantenhamos contato a partir de agora.
_Claro. -ele diz-  estudaremos na  escola, nos veremos sempre.
_Que bom.- ela dá um sorriso amplo para ele antes de me olhar e acenar com a cabeça. - Até mais. - e assim ela parte. Me apresso em olhar o meu namorado que está com os olhos em mim.
_Vamos? - ele diz calmo como se não tivesse culpa no cartório. Me afasto dele dando um tapa forte em seu braço.
_Ai!! O que eu fiz?
_O que você não fez né Eduardo? Estava cheio de gracinha para cima da tal Raquel, deixando que ela te alisasse na minha frente! - brigo quase em um grito.
_Queria que eu fizesse o quê? Desse um tapa na mão dela e mandasse ela tirar a mão de mim por que eu já tenho dona? - diz divertindo-se.
_Era exatamente isso que eu queria. - digo seriamente. - Eu não vou nem perguntar que tipo de relação você teve com essa garota que é para não ter uma crise nervosa.
_ O quê? Não! Não, relação nenhuma. Eu nunca tive nada com ela.
_Uhum. - murmuro insatisfeita.
_É sério Bia. Dá onde você tirou isso?
_Possivelmente da mão dela alisando seu braço com tanta familiaridade.
_Éramos apenas amigos.
_Amigos tipo eu e você?
_Não! Bia... Éramos apenas vizinhos.
_Maravilha, vai saber o que ela viu e eu não. - Eduardo me olha incrédulo.
_Pelo amor de Deus Bianca, eu tinha doze anos quando cheguei aqui. Que tipo de maldade uma criança de doze anos pode ter?
_Muitas. Afinal de acordo com você foi com essa idade que você se apaixonou por mim, vai que antes disso era dela que você gost... - antes que eu pudesse terminar meu namorado me cala com um beijo.
Um beijo longo e intenso daqueles que não te deixa dúvidas sobre nada. Principalmente sobre seus sentimentos por mim.
Ele me ama, era o que o beijo dizia. E quando ele se afastou e colou nossas testas com nossas respirações ofegantes pude abrir os olhos e ver dentro deles as respostas para todas as minhas perguntas.
_Entende agora? - sussurra e eu apenas aceno positivamente antes de voltar a beijá-lo.
_Uhum.. - alguém pigarreia perto de nós e eu me alegro em ver a minha amiga Manu. - Não está muito cedo para esse tipo de agarração em frente à escola? - Edu se afasta sorrindo.
_Estava argumentando com a Bia.
_Ah claro, me desculpe mas aquilo parecia tudo menos uma argumentação.
_Ah mais foi. Acredite, ótimos argumentos por sinal. - digo sorrindo para o meu namorado.
_Cada louco com sua loucuras. - Manu dá de ombros e se põe a andar e nós a seguimos atrás de mãos dadas. - Posso perguntar o tema de tal "argumentação" ? Se é que eu quero saber...
_A Bia estava com ciúmes. - Edu diz com um sorriso imenso e Manu se vira para me encarar.
_Eu não estava com ciúmes. - nego rapidamente.
_Estava sim.
_Não! - continuo a negar. - Eu apenas estava desconfortável com aquela fulaninha te alisando na minha frente.
_Quem? - Manu quis saber.
_Uma "Amiga" do Eduardo. - finjo aspas com as mãos.
_Não me chama de Eduardo. - reclama.
_Mas é o seu nome. - dou de ombros.
_Sim, mas você só me chama assim quando está com raiva. Será que terei que argumentar de novo? - ele questiona arqueando as sobrancelhas e me sinto ruborizar.
_Então você estava com ciúmes... -Manu começa e a corto.
_Eu não estava com ciúmes. - os dois reviram os olhos.
_ Por quê mesmo você estava com ciúmes? - insiste.
_Não era ciúmes. Fiquei desconfortável com a tal Raquel alisando meu namorado na minha frente e o lindo não fez nada, deixou ela repetir o gesto por pelo menos três vezes. Não que eu tenha contado. - dou de ombros.
_Deixa de bobeira, o Edu te ama. - Manu opina.
_Foi o que eu argumentei. - Edu diz e vejo Manu ruborizar entendendo como ele argumentou.
_Pode ser, mas você diz isso por que ainda não viu a tal Raquel.
_ O que tem ela? - Manu pergunta.
_ O que não tem né? Não tem um defeito sequer. A garota é linda.
_Não exagera. - Edu diz fazendo uma careta.
_Não é exagero, e não se faça de desentendido. Ela é uma morena linda. - ele dá de ombros.
_Não notei, deve ser por que eu prefiro a loira.
_Ótimo, agora eu vou ficar neurótica toda vez que uma loira se aproximar.
_Eu disse que prefiro a loira, apenas uma loira e nenhuma outra. - ele beija perto do meu ouvido para deixar claro de quem ele está falando.
_Urgh! Está vendo Manu, não dá para sentir raiva dele, ele sempre tem ótimos argumentos! - reclamo e todos, inclusive eu, caímos na gargalhada.

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Bela Amizade - Trilogia Belas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora