Capítulo 28 - Edu

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Mais alguns dias se passaram e nada dela acordar.
Ontem a Manu dormiu com a Bia como começamos a fazer de um tempo para cá, intercalavamos e cada dia um ficava com ela.
Não por vontade própria, é claro.
Mas por que a Manu insistiu muito que também queria ficar com ela e eu acabei cedendo.
Em compensação eu sempre chegava lá muito cedo para ver a minha namorada e para liberar a Manu.
Minhas aulas já estavam perto de acabar e eu havia faltado a maioria delas para ficar no hospital com a Bia, fui apenas fazer as provas por que meus pais me obrigaram, mas eu não acredito que tenha ido bem nelas para dizer a verdade.
Eu não tinha cabeça para nada depois do que houve com a Bia.
Nos primeiros dias eu não dormia, agora é como se todo o sono acumulado estivesse querendo ser recompensado, por que tudo o que eu queria fazer era dormir, só a Bia me fazia ter forças para levantar todos os dias para vê-la. Também não tinha fome, não tinha ânimo e me sentia sempre cansado, esgotado como se a vida não tivesse mais nada para mim, como se eu estivesse apenas me arrastando.
Era pouco mais das sete da manhã quando desci as escadas, meus pais ainda estavam em casa e me olharam assim que desci.
Meus pais me deram "bom dia" e eu respondi automaticamente por educação. Peguei as minhas chaves no criado mudo e já me dirigia a porta quando minha mãe perguntou:
_ Não vai tomar café da manhã?
_Não. Eu estou bem.
_Eduardo, você não está bem. Você não come direito há dias. Eu estou ficando preocupada com você.
_Eu estou bem. - voltei a repetir. Minha mãe me direcionou um olhar de pena, antes de dar uma olhada para o meu pai que tinha o mesmo olhar no rosto.
_Você não pode se destruir assim! Não é isso o que a Bianca iria querer, você tem que...
_Você não sabe o que ela iria querer!  - gritei e minha mãe se assustou- entenda, se a Bianca não acordar... Duas pessoas vão ter morrido naquele dia e não uma.
_ Filho...- minha mãe tentou dizer algo mais meu pai segurou a sua mão a impedindo, dizendo pelo olhar que não era um bom momento. Ela parece ter entendido. E eu ainda frustrado, abri a porta de casa e saí de lá.
Dirigi como um louco até chegar ao hospital.
Eu me sentia irritado ao extremo como se algo dentro de mim estivesse a ponto de explodir.
Como se eu não aguentasse mais suportar...
Quando me aproximei do quarto vi um dos seguranças que a família da Isa havia posto para vigiar e proteger a Bia.
Não que eu confiasse muito neles, mas ao menos quando eu não estava com a Bia, era bom saber que havia alguém além da Manu para protegê-la.
Um rapaz branco, com cabelos escuros e curtos me direcionou um olhar antes de dar passagem para que eu pudesse entrar no quarto, apenas direcionei um sorriso ínfimo de agradecimento antes de abrir a porta do quarto com cuidado para não acordar a Manu, mas ela já estava acordada.
Minha amiga estava sentada na poltrona com as pernas esticadas e os pés apoiados na beirada da cama da Bia. Um livro no seu colo que ela parecia ler com muita atenção.
Quando entrei no quarto ela levantou a cabeça para ver quem havia chegado e pareceu desapontada ao me ver.
_Já chegou? - perguntou e eu apenas afirmei.
_Sabe que não consigo ficar muito tempo longe. - ela deu um sorriso triste antes de acenar afirmativamente e levantar.
_Vou aproveitar para ir comer algo então e depois eu vou para casa. - dei um aceno rápido, me dirigindo até a poltrona, agora desocupada, ao lado da cama da Bia.
Manu entra no banheiro e eu aproveito para olhar com mais calma a minhas namorada. Um gloss clarinho na sua boca me fez perceber que a Manu andou enfeitando a Bia no tempo vago e aquilo me fez sorrir.
Ah Bia! Como você era linda... Era não! É! Você é linda! - corrijo-me rapidamente sentindo um tremor passar pelo meu corpo só pelo pensamento inutil que surgiu.
Acaricio os fios loiros da minha namorada colocando um cacho atrás de sua orelha como eu tinha o costume de fazer antes.
Ela parecia tão serena, tão em paz enquanto dormia... Que as vezes eu preferia pensar que ela só estava dormindo, e que ela iria acordar. Assim como qualquer um de nós dorme a noite.
Mas não, o sono dela era um sono profundo e um sono no qual ela poderia não acordar jamais e aquilo fazia meu coração apertar no peito até encolher e ficar do tamanho de um grão de mostarda.
Quando a Manu sai do banheiro trocamos algumas poucas palavras antes dela se despedir dizendo que voltaria no dia seguinte para ficar com a Bia.
Questionei um pouco mas acabei aceitando por que eu sabia que ela não desistiria.
Depois que minha amiga saiu, eu me aproximei ainda mais da cama, apoiei meus cotovelos na beirada dela e segurei a mão da minha namorada.
Seu dedo indicador ligado por um aparelho.
Segurei sua mão com carinho, e olhei seu rosto por minutos antes de levar sua mão até os meus lábios e beijá-la.
Acabei me perdendo no tempo daquele jeito, olhando seu rosto sereno enquanto meus lábios tocavam a pele suave da sua mão.
A porta do quarto se abriu e eu ainda sem soltar a mão da Bia me virei para ver quem entrava.
Tinha duas pessoas na porta.
_Senhor, tem alguém que deseja ver a senhorita Bianca. - o segurança disse. Abrindo espaço para que eu visse quem era. - Ele tem autorização? - questionou.
Minha respiração ficou presa na garganta alguns segundos antes que eu pudesse acenar positivamente para que o Matheus entrasse.
O rapaz entrou parecendo um pouco desconfortável com aquilo antes de se aproximar da cama da Bia e olhá-la.
_Desculpe eu ter vindo... - ele disse ainda com os olhos nela. - Na verdade eu pensei muito se deveria vir, mas eu não pude ficar em paz até vir aqui, eu queria saber como ela está? Se vai se recuperar? Se vai acordar...- soltei um suspiro longo antes de soltar a mão da Bia lentamente e me sentar corretamente na poltrona.
_Ela está fora de perigo. - disse o que eu ouvi milhares de vezes os médicos repetirem. - Mas está em coma e temos que esperar ela reagir, acordar... - olhei para minha namorada. - Mas...- respirei fundo. - ainda não temos novidades. Só podemos aguardar.- Matheus acenou positivamente dando um suspiro longo enquanto ainda a olhava.
_Ela não merecia algo assim sabe? Não ela.
_Pois é, eu preferia que tivesse sido eu. - Matheus me olhou com pesar.
_Você a ama muito né?
_Mas do que a mim mesmo. - o ex namorado de Bianca deu um sorriso singelo.
_Sempre soube que aquela implicância que você tinha comigo deveria ter algum motivo. - revirei os olhos mas acabei sorrindo fracamente. - Eu espero que ela acorde, e que sejam felizes. Bianca é uma garota fantástica e merece alguém que a ame como você.
_Obrigado. - agradeci, ele apenas deu de ombros voltando a olhar para a Bia.
Ao olhá-lo assim, tão calmamente pude lembrar de um encontro que tivemos alguns dias antes do acidente.
Eu e a Bia tínhamos ido buscar o Arthur na escola, e como estávamos um pouco atrasados. Bia soltou em frente a escola enquanto eu estacionava.
Quando cheguei para encontrá-los, pude ver Bianca, Arthur, Matheus e sua irmã conversando animadamente.
Bianca sorria como de costume e de longe pude ver que o Matheus jogava charme para ela, todo risonho, todo animadinho. Aquilo me subiu uma ira tão grande que tive que engolir em seco com força para não gritar.
Me aproximei da cena e segurei a cintura da minha namorada com possessividade para mostrar que ela tinha namorado.
Bia pareceu não ter notado, mas o Matheus sim.
Ah ele notou! Sua expressão ficou seria de repente.
_ Interrompo? - pergunto irônico.
_Claro que não amor - Bia diz, o que faz Matheus arquiar uma das sobrancelhas diante do apelido carinhoso. - O Arthur convidou a Maria para ir tomar sorvete conosco, e eu disse que não teria problemas se eles também forem.
_Huuum. - foi a única palavra capaz de sair dos meus lábios. O que foi o suficiente para que minha namorada me encarasse.
_O que foi? Está tudo bem? - perguntou seriamente olhando para minha expressão.
_Sim, tudo bem. - dei um selinho em seus lábios e ela sorriu, sendo o suficiente para convence-la. Quando voltei a olhar na direção do Matheus ele olhava para baixo, muito atento aos seus pés. - Vamos então? O meu carro está ali na frente.
Segurei as mãos da minha namorada a puxando em direção ao carro.
_E aí amigão, hoje eu não trabalho o que quer fazer? - pergunto para o Arthur que fica empolgado e começa a fazer diversos planos.
Fomos a sorveteria e evitei ao máximo falar com o Matheus, o que deixou a Bia furiosa.
A acabamos discutindo por causa dos meus ciúmes idiotas.
Agora que o olhava, eu via o quanto aquilo era irrelevante.
O que importava que ele era o ex dela?
O que importava que eu morria de ciúmes dele?
O que importava a existência ou não de sentimentos por parte dele?
Agora o olhando, eu via que nada importava e que por mais que me doesse pensar nisso, eu preferiria mil vezes ver a Bia com ele do que deitada nessa cama de hospital. Eu preferia que ela nunca tivesse me dado uma chance a vê-la nessa cama podendo nunca mais acordar.
Eu poderia lidar com a Bia sendo eternamente apenas minha amiga, mas não posso, nem consigo lidar com um mundo sem ela...

Eu poderia lidar com a Bia sendo eternamente apenas minha amiga, mas não posso, nem consigo lidar com um mundo sem ela

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Bela Amizade - Trilogia Belas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora