Capítulo 23 - Bia

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Acordei com o barulho do despertador.
Urgh mais um dia de escola!
Espreguicei-me na cama lembrando de um sonho que tive na noite passada, onde o Edu já tinha voltado da viajem e nós finalmente ficávamos juntos, bem aqui no meu quarto...
Me pareceu um sonho tão real, mas agora que olho ao redor e não encontro a presença dele vejo que não passou da minha imaginação mais do que fértil brincando comigo novamente.
O mais curioso é que eu podia sentir seu cheiro no quarto, na minha cama, podia sentir seu toque presente em minha pele, olhei para baixo e percebi que estava nua sob o lençol. Será que eu sou sonâmbula e tirei a roupa enquanto sonhava? Bom, era bem a minha cara fazer esse tipo de coisa.
Virei-me de barriga para baixo na cama sentindo mais uma vez seu cheiro em minhas narinas, era incrível como até um sonho com ele podia me despertar sensações tão intensas, agradeci à Deus mentalmente por que Edu voltaria hoje e finalmente poderíamos ficar juntos novamente, e eu mal podia esperar.
Notei um pedaço de papel dobrado do outro lado da cama e curiosa o peguei na mão.
Reconheci a caligrafia imediatamente e senti meu coração pulsar mais rápido.
Será que...
Mas o próprio bilhete respondeu as minhas dúvidas.

"Foi real. Sinto muito não estar do seu lado agora, mas quando acordar me verá da janela te esperando.
Te amo mais do que tudo.
Seu Edu."

Levantei da cama em um pulo me enrolando no lençol e correndo em direção à sacada, que tinha as portas abertas como no meu sonho.
Não foi um sonho, foi real! Pensei entusiasmada enquanto me aproximava da janela.
Olhei para o lado de fora, e como se pressentisse minha presença meu namorado olhou para cima e o mais belo sorriso apareceu em seus lábios.
Ele estava lá, em frente a minha casa, encostado em seu carro, os braços cruzados na frente do peito, uma calça jeans clara com alguns rasgados e um casaco de moletom.
Ele havia mudado de roupa, não era mais a de ontem. Então provavelmente faz tempo que ele acordou, foi em casa e aqui está ele, me esperando como havia prometido no bilhete.
Eu te amo! - ele falou sem que nenhum som fosse emitido de sua boca, mais eu fui capaz de notar, de sentir...
Eu já sorria como uma boba àquela altura, mas provando que era possível, eu sorri ainda mais.
Ahh Edu! Como eu te amava!
Ele me mandou um beijo e eu mandei outro antes de me virar para me arrumar.
Mas então eu parei ainda bem próxima à janela, olhei em volta vendo se havia alguma pessoa na rua, mas não havia ninguém além dele àquela hora da manhã.
Edu olhou em volta procurando o motivo de eu ter voltado para perto da janela não encontrando nada, então ele me olhou confuso, eu, mas que depressa, dei um sorriso safado antes de deixar o lençol cair lentamente sob os meus pés e com uma calma que eu não tinha andei a passos lentos até o banheiro.
Não olhei para trás para ver a reação do Edu, mas eu adorava provoca-lo e isso não iria mudar nunca.
Tomei um banho rápido e escovei os dentes, já que eu estava super ansiosa para encontrar meu namorado.
Quando saí do banheiro vesti uma calcinha vermelha e um sutiã combinando. Eu não iria dar outro mole de estar com uma calcinha da vovó quando o Edu me visse novamente.
Uma batida na porta me fez me enrolar na toalha novamente antes de abri-la esperando encontrar a Cida lá, pronta para me acordar. Mas quem entrou no meu quarto foi alguém bem diferente, alguém que fez minhas pernas bambearem.
Meu namorado me enrolou com seus braços e me beijou intensamente me deixando sem ar.
_O que faz aqui? - perguntei quando ele se afastou da minha boca ainda com os braços grudados em meu corpo.
_Seus pais mandaram eu vir te acordar, por que você nunca acorda antes das 6:40h, é claro que eu não disse que você já estava acordada. - ele deu um sorriso malicioso. - e nem que fez um striptease da janela para mim. - ele gemeu em meu pescoço deixando uma mordida lá. Eu sorri.
_Gostou do meu bom dia?
_Adorei! Mas preferiria se fosse pessoalmente. - ele deu um sorriso sacana.
_Não seja por isso...- me afastei dele e abri a toalha deixando que ela caísse aos nossos pés.
Edu prendeu a respiração por um instante enquanto me observava. Seus olhos brilhavam com fascínio e eu me sentia linda por isso.
_Meu Deus! - ele disse me puxando para ele e alisando meu corpo. - você vai me deixar louco. - eu gargalhei antes de ser beijada por um Edu faminto.
Eu dei passos incertos para trás sendo seguida por ela, ainda em um beijo intenso. Encostei as pernas na cama e me joguei lá, puxando ele junto comigo.
Edu rapidamente se afastou de mim, percebendo onde estávamos.
_Bia, você está louca! Não podemos fazer isso. - ele levantou da cama como se eu desse choque nele.- Seus pais estão lá em baixo, e acordados. - encarei o teto dando um suspiro cansado sabendo que infelizmente era verdade.
Quando voltei a olhar o Edu notei que ele olhava para a sacada com uma atenção desnecessária.
_O que está olhando? - perguntei, ele não se deu o trabalho de me olhar apenas respondeu.
_Para qualquer lugar, menos para você. Estou tentando manter o meu autocontrole. - ele riu tristemente. - Quem diria que depois de tudo que já aconteceu entre a gente eu teria que continuar mantendo o meu autocontrole. - sorri entendendo do que ele falava.
_Você não precisa. - ele me olhou cético por alguns segundos antes de olhar para cima.
_Bia, bota uma roupa pelo amor de Deus!
_Ta bom, tá bom! - disse me levantando da cama.
Como eu adorava provoca-lo passei lentamente na frente dele e ao invés de pôr uma roupa, fui para a minha penteadeira e disteci meus cabelos sem a menor pressa.
_Acho melhor eu te esperar lá em baixo. - Ele disse caminhando em direção à porta mais eu o impedi antes que ele saísse.
_Está bem, agora eu vou pôr uma roupa de verdade. Só... - parei a sua frente e toquei seu rosto fazendo com que ele me encarasse. Suas onixs ficaram nos meus olhos e minha respiração ficou presa na garganta por um segundo. Antes de me controlar e fazer a minha melhor cara de anjo. - Acha que estou bonita? - perguntei timidamente. Edu deu um sorriso irônico, olhando meu corpo com atenção uma última vez.
_Você está perfeita meu amor, acredite. Essa lingerie vermelha está me tirando do sério e não pense que só por que eu não estou fazendo nada agora eu não vá fazer mais tarde ou talvez no caminho para escola, eu só estou me controlando pelos seus pais. - abri um sorriso enorme.
_Aguardarei ansiosa por isso. - disse me aproximando para beijá-lo, um beijo calmo e sereno por quê, dessa vez, eu não queria fazer ele perder o controle, apenas queria senti-lo. As mãos do Edu ficaram firmes em minha cintura sem avançar um centímetro e eu sabia o por quê, então eu o respeitei e me afastei.
_O quê vocês estão fazendo? - ouvi a voz suave do meu irmãozinho e me assustei. Edu, mais do que rapidamente pôs seu corpo na frente do meu me tapando, mas eu acho que já era tarde demais. - Por quê a Bia está assim? - Edu me olhou sem reação e eu também não sabia o que falar.
_Não é nada de mais. - ele disse puxando o meu irmão, virando-o de costas para mim para que eu pudesse me arrumar.
Mais do que depressa peguei a primeira roupa que havia na minha frente e vesti. Um vestido preto que era justo em cima mas a saia era mais solta.
_ É que o Edu disse que vai me levar na piscina mais tarde, por isso já botei o biquíni para irmos depois da escola. - inventei a primeira coisa que pude pensar. Meu irmãozinho me olhou com os olhos cheios brilhando de esperança.
_Vocês vão na piscina? - eu apenas acenei enquanto o Edu segurava uma rodava. - Eu posso ir também? Edu! Me leva? - perguntou animado se virando para o meu namorado.
_Claro, levo sim.
_Otimo, vamos todos então. - disse dando um sorriso nervoso para o Edu. - mas é um segredo em!
_Tá bom! - meu irmãozinho saiu correndo e eu e o Edu soltamos a respiração antes de descer as escadas.
Quando chegamos a sala de jantar, meus pais ainda estavam sentados à mesa, minha mãe tinha um jornal na mão enquanto meu pai se entupia com um bolo de cenoura que tinha na mesa.
_Bom dia! - disse ao me sentar, o Edu se sentou ao meu lado.
_Bom dia! - Eles responderam automaticamente.
_Isso sim é um milagre, você acordada tão cedo. Só o Edu para fazer isso.- minha mãe disse.
_Claro, eu estava morrendo de saudades dele. Quase uma semana que não nos víamos não é amor?
_Pois é, estávamos com muita saudade. - ele disse enquanto se servia de um pedaço de bolo e me oferecia, aceitei e ele pôs um pedaço no meu prato. Minha mãe sorriu para nós dois.
_ Por quê tanto tempo? Não tem ido à escola Eduardo? - meu pai perguntou.
_Tive que faltar alguns dias, meu pai me fez ir à Minas em algumas reuniões de trabalho com ele. - meu pai acenou positivamente enquanto colocava um pedaço de bolo na boca, eu fiz o mesmo, me servindo de um pouco de café.
_É muito legal você seguir a carreira de seu pai. Nós adoraríamos que a Bia fizesse o mesmo. - minha mãe disse e eu revirei os olhos sem nada responder. Será que era tão difícil assim eles entenderem que eu não queria ser igual a eles? E pior, entenderem que eu não ainda não sabia o que exatamente eu queria ser? - suspirei cansada, quando meu pinguinho de gente entrou correndo pela sala sendo seguido pela Cida ia em direção à cozinha e que gritava algo como: Vai devagar Arthur, você vai cair desse jeito.
Não que ele tenha dado muita atenção ao que ela dizia. Arthurzinho sentou ao lado da minha mãe que serviu ele com um pouco de iogurte de morango e sucrilhos.
_Mãe, pai você sabia que o Edu e a Bia vão me levar a piscina hoje?
_É filho? Que legal! Só não esqueça de usar o protetor. - ela disse sem dar muita importância.
_Sim, a Bia já está até de biquíni, não é Edu? - ele disse inocentemente. Edu paralisou com um garfo com um pedaço de bolo que iria a caminho de sua boca.
_Como filho? - minha mãe de repente se interessou. Fechei os olhos tão paralisada quanto o Edu sem saber como reagir e tendo ciência do que sairia da boca do meu irmãozinho a seguir.
_É mãe, a Bia tava de biquíni abraçada com o Edu no quarto agora a pouco. - meu pai que tinha um pedaço de bolo na boca se engasgou e começou a tossir, Edu ficou mas vermelho do que a minha lingerie e eu suponho que não estivesse muito diferente dele, vi quando ele engoliu em seco e procurou os meus olhos com verdadeiro terror.
Quando tive coragem de olhar para minha mãe ela tinha uma expressão fria no rosto que me deu calafrios.
Muito tempo se passou até alguém romper o silêncio, e foi meu pai que levantou da mesa.
_Eu não estou preparado para isso. Não mesmo! Regina, espero você no carro. - minha mãe nada fez apenas continuou me olhando seriamente.
_Arthur, acho que chegou o seu ônibus. - ela disse.
_Mas eu ainda nem comi mãe! - reclamou ele.
_Leva um pedaço de bolo querido e você come no ônibus. - meu irmão reclamou, fez uma careta mas acabou por sair pegando sua mochila.
Edu levou sua mão até debaixo da mesa e segurou a minha, que só naquele momento notei o quanto estava suada.
_Eduardo, você poderia nos dar licença.
_Senhora, nós não...
_Com licença Eduardo, eu quero falar com a Bianca. - minha mãe o cortou. Edu procurou meus olhos desesperado e eu apenas acenti.
Ele deu um suspiro cansado antes de se levantar e me dar um beijo na testa.
_Te espero no carro. - ele disse antes de sair da sala de jantar me deixando a sós com minha mãe.
Soltei um suspiro longo, antes de encara-la.
_Você pode me dizer o que acabou de acontecer aqui? - perguntou.
_Nós não estávamos fazendo nada de mais, só estávamos abraçados, como o Arthur disse.
_Ah não? - ela disse alto. - E você também vai me dizer que você realmente estava de biquíni? - perguntou quase que em um grito e eu me calei.- Eu posso saber por quê você estava de lingerie em frente ao seu namorado?
_Não iríamos fazer nada, eu só estava colocando a roupa.
_Na frente dele! - ela gritou.
_Ah mãe, pelo amor de Deus! Não seja puritana né? - gritei também, por que os gritos dela estavam me deixando nervosa e eu não sabia lidar com todo aquele nervosismo, por mais que eu estivesse errada.
_O quê!? - voltou a gritar. - Está me chamando de puritana por que minha filha de dezessete anos está desfilando de lingerie na frente do namorado de baixo do meu teto! - exclamou. - Como se isso fosse a coisa mais normal do mundo? - me calei, por quê apesar de nervosa eu ainda tinha o mínimo de juízo.
_Não aconteceria nada mãe, não somos tão loucos. - apenas disse.
_Poderia não acontecer nada aqui mas em outro lugar... - ela disse meio que me perguntando, mas eu nada disse apenas ruborizei. - Ah meu Deus! Desde quando? - eu permaneci quieta extremamente desconfortável com o rumo daquela conversa. - Desde quando!?- ela voltou a gritar.
_Não faz tanto tempo! - gritei, por que era automático para mim, ela gritava e eu gritava de volta.
_Ah meu Deus! - minha mãe murmurou fechando os olhos e pondo a mão na testa.- me diz ao menos que vocês estão se protegendo. - a olhei cética.
_Claro que sim, não somos irresponsáveis.
_Menos mal, menos mal...- ela disse com o olhar perdido enquanto seus dedos batucavam a mesa em um ritmo desenfreado. Ela parecia desnorteada como se descobrir que sua filha não era mais virgem fosse algo terrível.
_Por quê você nunca conversou comigo sobre isso? Sobre a sua intenção de...- ela começou a falar mais não terminou. Ela parecia abalada, e por mais que eu quisesse e muito enfrenta-la eu não consegui.
_Você queria que eu dissesse: Ei mãe, eu e o Edu transamos ontem? - perguntei cética.
_Claro, mas que você me dissesse também que queria dar esse passo. - a encarei.
_Você está brincando né? - perguntei, mas ela não parecia estar, ela tinha aquela expressão de perdida, desnorteada e até mesmo abalada com nossa conversa. - Eu nunca falaria isso para você. - frizei e ela me encarou parecendo machucada.
_Eu sempre contei tudo para a minha mãe, mas você...
_Talvez a vovó fosse presente, algum ponto de apoio em que você pudesse confiar. - uma lágrima desceu do rosto da minha mãe e se eu não soubesse que ela não se importa comigo ou com o Arthur e sim com o trabalho dela eu teria sentido pena, mas como eu conhecia a minha mãe eu apenas levantei da mesa. - Mas a verdade é que você não é, nunca foi. - dei alguns passos para sair da sala de jantar antes de ser interrompida.
_Espera. - ela disse, virei para olhá-la. - Hoje você não vai para a escola, se você quer que eu seja a sua mãe Bru vou ser.
_O que voc...
_Vou te levar ao ginecologista, você precisa de um método anticoncepcional antes que aconteça um... Imprevisto. - ela disse saindo da sala de jantar sem me dar espaços para contestações, e não sei por quê, eu senti que na verdade eu havia sido aquilo, apenas um imprevisto na vida dela.

 - ela disse saindo da sala de jantar sem me dar espaços para contestações, e não sei por quê, eu senti que na verdade eu havia sido aquilo, apenas um imprevisto na vida dela

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Bela Amizade - Trilogia Belas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora