Capítulo 25 - Edu

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Era difícil pensar em como as coisas podem mudar de um momento para o outro, assim, repentinamente sem que possamos fazer nada para impedir.
Hoje pela manhã acordei de muito bom humor, meus pais viajariam no começo da tarde e eu já tinha tudo planejado.
Faria uma surpresa daquelas para a Bia com direito a pétalas de rosas sobre o chão fazendo um caminho perfeito até o meu quarto, onde teria mais pétalas espalhadas pelo chão e sobre a cama. Com velas aromatizantes espalhadas pelo quarto, e várias fotos nossas desde sempre penduradas no teto, assim como alguns corações.
E no centro da cama um anel.
Não, não iria pedi-la em casamento, não ainda.
Mas queria dar a ela um anel de compromisso para mostrar ao mundo que isso era sério, que era real e que nós éramos para sempre.
Já tinha tudo organizado em minha mente, então logo pela manhã eu saí com meu pai para resolver algumas coisas do trabalho, após fui direto para a academia.
Na saída de lá, eu compraria o que faltava para a surpresa e assim que meus pais fossem viajar eu começaria a ajeitar tudo para quando ela chegasse.
Eu já havia falado com ela pela manhã e ela ficou de ver com a mãe se ela poderia dormir aqui, e eu estava mais do que disposto a eu mesmo falar com os pais dela caso eles não autorizassem, mas preferi esperar por uma resposta da Bia.
Talvez se eu tivesse ligado ela não estivesse lá.
Era começo da tarde quando a Manu me ligou do número da Bia, eu estava correndo na esteira e ainda não havia nem almoçado. Quando vi seu nome na tela um sorriso espontâneo cresceu em meus lábios segundos antes de tudo desmoronar.
_Oi meu amor. - atendi sorrindo.
_Edu...- era a voz da Manu do outro lado, e ela parecia chorar. Meu coração acelerou sabendo que algo de errado havia acontecido. Desliguei a esteira parando para prestar atenção.
_Manu, cadê a Bia? - perguntei já temendo pela resposta. Minha amiga começou a chorar do outro lado da linha e eu comecei a sentir minhas pernas falharem. - Manu!- falei seriamente quase em um grito. - Cadê a Bia? - Voltei a perguntar gritando. Algumas pessoas em volta me olharam curiosos mais eu não ligava, eu só queria que o aperto no meu peito passasse de uma vez.  Mas minha amiga só fazia chorar, um choro desesperado que parecia vir do fundo da alma, ouvi barulho de ambulâncias próximos e constatei que algo muito ruim havia acontecido? Será que era com a Isa? Será que aqueles bandidos fizeram mal a Isa? Mas a Bia iria para lá hoje... Minha pernas ficaram fracas. A Bia não estava falando no telefone, então não era a Isa era a...
Antes que eu pensasse o pior, minha amiga achou forças para falar e me mostrou que poderia ser ainda pior do que eu havia imaginado.
_A Bia... A Bia morreu! - ela disse antes de voltar a chorar. Meu coração parou alguns instantes e eu pensei ter ouvido errado, ela não havia dito que a Bia... A minha Bia não havia morrido né? Isso não poderia acontecer? Não era possível né?
_O que está dizendo Manu? - ela chorava soluçando e a consciência de que tudo era real me tomou.
_Tem muito sangue... E ela... Ela não acorda. A ambulância...- mas eu já não ouvia nada. Saí da academia desorientado sem saber para onde ir, procurei pelo meu carro lembrando que havia vindo de carona com meu pai após o trabalho, sem tempo para pensar mais eu apenas corri.
Corri muito até chegar na minha casa para pegar minhas chaves, quando atravessei as portas com pressa dei de cara com meus pais que estavam com algumas bolsas nas mãos prontos para sair, eles logo perceberam que algo estava errado e se aproximaram.
_Edu, o que houve? - minha mãe perguntou se aproximando, mas eu não queria falar. Parece que se eu falasse se tornaria ainda mais real, procurei minhas chaves com desespero, não as encontrando, quando finalmente as encontrei minhas mãos tremiam  e antes que eu pudesse sair pela porta meu pai já havia me puxado pelo braço e tirado as chaves da minha mão.
_Você não vai dirigir nesse estado. - disse firme. - me diz o que aconteceu? - perguntou.
Eu olhei para as expressões preocupadas dos meus pais, e depois para a chave na mão do meu pai. Sem alternativa eu me obriguei a falar.
_A Bia... Ela morreu! - e nesse momento como se não aguentassem mais minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos, um choro vindo do mais profundo da minha alma surgiu e eu gritei tentando pôr toda aquela dor para fora, mas não era possível.
A dor era imensa e ela me massacrava como um triturador. Sem deixar espaço para nada além da dor imensa que só fazia crescer em meu peito.
_Não!!!- eu gritava - a Bia não! -Meus pais me abraçavam sem reação tentando me acalmar mais eu só fazia chorar.
_Ela não pode ter morrido, não pode. A Bia não, não a minha Bia! Ela não pode ter morrido -  eu repetia em voz baixa, como um louco tentando me convencer de que aquilo não estava acontecendo.
Não era real era? Era um pesadelo! O pior deles. Eu soluçava desesperado, sentindo uma falta de ar me atingir, minha mãe me abraçava com força.
_Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem... - ela repetia, mas eu sabia que era mentira. Nada poderia ficar bem com a Bia morta.
Meu pai em um rompante me afastou  me fazendo encara-lo.
_Respira Edu. Conta o que aconteceu?
- fiz o máximo para responder mas foi quase inútil.
_A Manu... ela me ligou ... - solucei - e disse que a Bia... A Bia... - eu não conseguia voltar a repetir aquilo em voz alta, não era capaz. Então eu apenas voltei a chorar, abraçando a minha mãe.
Pouco tempo depois meu pai volta e me faz olhar para ele novamente.
_Edu, a Bia não morreu tudo bem? Ela está em cirurgia, mas ainda está com vida. - ele disse. - Eu preciso que você seja forte agora, por ela. - ele disse eu eu assenti enxugando as lágrimas e me levantando do chão. - Vamos para o hospital. - meu pai disse me empurrando para ir na frente eu apenas caminhei, minha mãe logo me abraçou caminhando comigo e sussurrando em meu ouvido que tudo iria ficar bem.
Eu soltei a respiração lentamente, tentando controlá-la. Mas era inútil, eu só conseguia chorar.
Minha mãe sentou no banco de trás comigo enquanto o meu pai dirigia.
_O que houve? - minha mãe perguntou quando eu estava mais calmo, ou olhei para o meu pai em busca de respostas por que eu não tinha esperado a Manu dizer.
_Eu não...
_Ela levou um tiro. - meu pai disse, me fazendo voltar a chorar. - Mas ela ainda estava com vida, vamos ficar calmos que tudo vai dar certo. - ele disse e eu comecei a controlar a minha respiração, pensando que eu tinha que ser forte por ela.
Eu não poderia desabar agora, não. Eu tinha que continuar forte por ela.
Por que ela iria viver! Ela tinha que viver...

 Por que ela iria viver! Ela tinha que viver

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Bela Amizade - Trilogia Belas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora