CAPITULO 18 - Medo

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DOIS MESES DEPOIS

-Senhor Tedy, como vai?
Ele sorri.
-Estou ótimo, Roberto.
-Esta radiante, senhor.
-Me sinto assim.
Mantinha Alex nos braços o tempo todo.
-Will, como esta?
Sorrio e murmuro.
-Ótimo.
Me sento na cadeira mais longe do balcão como de costume e Tedy senta a minha frente pegando em minha mão.
-por que sentar tão longe?
-Não gosto que fiquem nos observando.
-Mas eu quero que observem, quero que notem nossa felicidade.
Solto sua mão e cruzo os dedos debaixo da mesa o olhando fixo, nosso café chega e eu não me movimento.
-Está tudo bem mesmo?
Concordo com a cabeça e começo a comer, não queria que ele descobrisse tudo. Quando acabamos de comer voltamos para casa, era folga de Sara e um dia cheio para Tedy no serviço. Não queria que ele fosse, mas não podia o prender em casa sem motivos e também não queria o amedrontar por nada.
-Volto às 22 horas, se eu for atrasar aviso.
Ele me agarra pela cintura e me beija arrepiando cada pelo do meu corpo, nossa energias se misturam e eu sinto sua ereção dentro da calça. Ele se afasta, arruma o terno no corpo, pega sua mochila no canto da sala e sai me mandando beijos. Ao chegar à porta me encara e sorri.
-Eu te amo!
Meu coração acelera.
-Também te amo.
Ele fecha a porta e eu estava sozinho. Na verdade não tão só, estava eu, minhas paranoias frequentes e mais algumas novas. Tinha tanto medo contido em mim que quando a campainha tocou eu levei um susto e quase 10 minutos para abrir a porta.
-Quem... Quem é?
A voz saiu fraca e tremula, caminhei ate a porta e olhei pelo vidro lateral e ninguém estava lá. Quando estava me afastando uma carta entrou por debaixo.
"outra?" meu consciente gritou e eu permaneci parado a olhando ate a coragem em mim ser maior que o medo.

Rua Madre Tereza
Nº 146
Residência Loires

Observo o endereço e ele não era da casa de Tedy, era de minha antiga casa. Alguém sabia que eu estava aqui, mas quem? Abro a carta e a leio com calma.

Roubar coisas das pessoas é tão errado, não acha que esta na hora de acabar com essa palhaçada e mentira para então voltar para casa de verdade?
Tenho um segredo para te contar... Ele te tem como uma fachada, da para notar.
Com amor, uma amiga!

Minhas pernas tremem, seria Karen? Ela não seria capaz de fazer isso comigo. Caminho ate o sofá e me sento observando a porta e a carta em minhas mãos.
-O que vou fazer?
Alguns minutos depois olho o relógio e nem meia hora havia passado, me levanto dobrando a carta e indo para o quarto. Entro caminhando direto para o closet e puxo uma caixa pequena de trás das roupas, nela eu guardava coisas de Alex. Sento-me no chão e tiro todas as pequenas coisas dali vendo então no fundo da caixa a outra carta, tremulo ao vê-la. Dobro a nova e a coloco junto guardando tudo novamente no lugar, me levanto guardando a caixa e fico a olhando fixo ate ouvir um barulho de algo caindo no andar de baixo. Meu coração foi à boca, não sabia o que fazer.
-Espero que não seja ninguém perigoso.
Murmurava baixo como uma prece e descia degrau por degrau devagar sem ver ninguém, a aflição só aumentava.
-Quem está ai?
-Sou eu!
Uma voz mais grossa que o normal soou e meu coração acelerou como nunca.
-Quem é você?
O vejo, um homem baixinho, magrelo e de uma barba horrorosa. Um macacão sujo e uma caixa de ferramentas a seu lado.
-Encanador.
Ele sorriu mostrando seus dentes por completo e eu me sentia um tanto aliviado.
-Como entrou?
Ele pega a caixa de ferramentas e se aproxima mostrando uma chave.
-Tedy me deixou essa chave, eu tentei pela porta da frente, mas não deu certo... ate toquei a campainha.
Ele aponta para a porta e eu começo a desconfiar dele.
-E o que fez após tocar a campainha?
-Ora
sorriu colocando a caixa de ferramentas de volta no chão e encenando tudo o que fez
- Eu dei a volta. Nunca vim aqui então não sabia um jeito fácil de passar, então fiquei olhando o redor da casa ate pular o muro.
Eu estava imóvel próximo à porta com meu celular em mãos.
-Certo... Pode seguir seu serviço. Eu vou para o quarto.
Começo a subir as escadas devagar sem o olhar, caminho para o quarto de Alex e me jogo na poltrona, desbloqueio meu celular e escrevo para Tedy.

Contratou o encanador sem me avisar... que tipo de namorado é você? Eu quase morri de susto, sabia?

Envio a mensagem e apoio o celular em meu colo olhando Alex no berço, tinha medo de que algo ocorresse a ele, mas não queria que Tedy resolvesse meus problemas.
-Eu vou conseguir.
Murmuro e meu celular vibra, desbloqueio.

Me desculpe, esqueci de avisar. Tinha tanta coisa pra arrumar, estou te preparando uma surpresa :-*

Não queria acreditar, mas aquilo parecia algo feito para me provocar. Desci ate a cozinha e vi o encanador cumprindo seus afazeres.
-Então, seu nome é...?
-Eu sou Alfredo.
-qual sua ligação com Tedy?
-Há eu só vi ele na semana passada.
Ele levanta e limpa as mãos terminando o que fazia.
-Nunca o tinha visto antes?
-Não senhor.
-Certo, obrigada.

Não que eu esteja com medo, mas espero que não seja uma festa com suas amigas e amigos para me apresentar ou algo assim.

Digito enquanto volto a subir as escadas esperando que ele me respondesse o mais rápido possível, mas isso era uma vontade que nunca acontecia.
-Desculpe pelo susto.
O encanador me traz a realidade e eu desço os degraus que havia subido e caminho em direção a porta de entrada.
-Há, não se importe com isso eu já superei.
Sorrio sem graça, abro a porta da frente pegando a chave extra de sua mão e o dando passagem.
-Ate mais.
Ele diz quando sai e eu fecho a porta quase que imediatamente, talvez fosse medo. Não sei. Caminho rápido de volta para o quarto pensando em mil coisas e uma delas era se eu deveria ligar para Tedy ou só ficar ali e espera-lo chegar, não havia ninguém com quem eu pudesse conversar ou desabafar sobre os ocorridos, mas eu queria faze-lo.

Então algumas horas mais tarde eu deitei-me no sofá da sala e fingi ter alguém no outro lado conversando comigo, em algumas horas eu parava de falar esperando uma resposta e me perguntava se eu estava ficando louco por coisa pouca, me perguntava se aquelas cartas realmente valeriam minha sanidade mental e meu relacionamento.
-Eu estou com medo, medo de tudo ser verdade e de eu terminar odiando Tedy.
Uma pausa se estendeu e eu respirei fundo.
-Odiá-lo por que, você pergunta? Odiá-lo por me trair pensando em outra ou quem sabe por dar em cima de uma mulher do serviço ou... Ou ate pior... Por ter feito sexo com alguém do trabalho.
Sento-me rápido.
-Ou por ter feito sexo com alguém do trabalho no trabalho.
Tampo meu rosto e sinto as lagrimas que corriam. Outro longo silencio se estende e eu limpo meu rosto.
-Você tem razão, talvez não seja nada demais. Talvez seja só alguém querendo fazer da minha vida um inferno.
Levanto-me determinado.
-Vou por um fim nisso.
Olho para a poltrona e logo sinto um vazio me preencher.
-Mas, talvez, eu precise de uma bebida primeiro.

Amor para dois... ou mais.Onde histórias criam vida. Descubra agora