CAPITULO 4 - Noite Com o Bebê

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-Vai ser legal.
Repito frente ao espelho, após o banho.
Minha primeira noite com um bebê que não é meu e que não tem nada a ver comigo, me sinto extasiado. Visto uma cueca, calço um par de meias e então penso em usar um perfume.
Encaro uma grande prateleira com vários tipos de perfumes caros que ganhei de presente.
-seriam todos muito fortes?
Corro ate a porta do quarto é grito Sara que me responde imediatamente.
-Sim, senhor Tedy.
-Meus perfumes seriam fortes demais para uma criança com menos de um ano?
-inclusive para as com mais de um ano, senhor.
Sorrio a sua sinceridade.
-Nada de perfume então!
Grito e caço uma roupa confortável para vestir, acho por fim uma calça de moletom e uma outra regata.
-Está ótimo!
Me olho no espelho, pego minha carteira e celular e saio correndo de casa. Paro na calçada.
-Estou indo ver uma criança, não posso chegar suando.
Começo a caminhar a passos largos, chegando na esquina vejo varias flores em um jardim, a dona esta cuidando.
-Pode me dar uma?
Ela sorri a meu pedido.
-Claro, a dama vai adorar.
Sorrio.
-É para um rapaz.
Digo sorridente e ela faz careta.
-Que seja.
Me entrega a flor nas mãos e volta a jardinagem. Caminho ate a casa de Will e toco a campainha, rapidamente ele vem e abre a porta.
-Bem na hora... a flor é para mim?
Ele torce a cara.
-Claro que não, é para o bebê.
Ele ri e me olha com compaixão.
-Ele não pode com flores.
-Então fique para você.
Entrego-lhe a flor e entro,
Will fica parado na porta como se não soubesse mais andar.
-Onde ele esta?
Digo no meio da sala admirando os brinquedos, Will volta a si e caminha ate mim fechando a porta.
-Ele esta dormindo, e se tiver sorte vai ser assim a noite toda.
Me jogo no sofá com imensa tristeza aparente, Will me fala novamente onde estão as coisas que eu possa precisar, milhões de números para os quais eu possa ligar e milhões de lugares que eu possa ir caso o bebe passe mal.
-Entendi.
Olho para ele e percebo que prendeu a flor no casaco, seu estilo desleixado ate que é legal em dias quentes como aquele. Will vestia uma camiseta de uma banda muito antiga "A-HA", acho, com um casaco marrom que ia ate os joelhos, uma calça skiny cinza bem desbotada e um coturno, o cabelo enfiado numa touca marrom e um alargador verde limão que ele tentava, em vão, esconder na touca. Parecia muito com os jovens que Samanta ajudava no abrigo.
-Certeza que vai para a faculdade?
Sorri e ele me olhou como se não tivesse entendido, virou as costas com o coração na mão e se despediu.
-Volto as 22 horas, a aula hoje é curta.
Acenei ainda sorrindo, quando ele fechou a porta me joguei no sofá torcendo para que o bebê acorda-se, mas não aconteceu.
Determinada hora da noite fiquei preocupado com o silêncio e fui ate o quarto, caminhei com cautela da porta ate o berço, o quarto estava bem iluminado, mas de um tanto que não atrapalhava olhar Alex e nem ele dormir, uma luz azul saia de um abajur no canto do quarto e o teto com pequenas estrelas me chamava a atenção.
Alex mantinha um sono profundo quando me aproximei, respirava lentamente com sua barriguinha subindo e descendo. Sentei na cadeira ali ao lado e fui me embreagando de sono, quando dei-me conta já eram 22:30 desci correndo as escadas esperando encontrar Will, mas me surpreendi, ele ainda não havia chegado. Olhei em meu celular e nenhuma mensagem, imaginei o pior. Comecei a ligar, incessantemente, mas só caia na caixa postal. Minha preocupação estava a mil, eu andava de um lado para o outro deixando mensagens de voz na sua caixa aos montes.
-Estou realmente preocupado, você bem que podia ter me avisado da demora.
-Se estiver vivo, por favor, me ligue.
-Eu prometo ser um ótimo cuidador do seu filho daqui pra frente
-Por favor... Mesmo que não volte... Me ligue.
Quando mandei a 30° mensagem de voz a caixa postal lotou e eu ainda não tinha noticias dele. Resolvi então ligar para Gabi, seu numero era o primeiro da lista. Esperei ate a ligação cair na caixa.
-pelo amor dos céus, onde vocês estão? Estou preocupado!
Desliguei e esperei. Alex acordou e eu corri para o quarto dele, o peguei no colo e sem saber o que fazer procurei a lista de Will. A primeira coisa a se fazer quando ele acorda-se era checar a fralda, me senti corajoso. O coloquei sobre o trocador e olhei sua fralda.
-Sem coco.
Suspirei feliz, troquei sua fralda e fiquei o olhando.
-O que faremos bebê? Seu pai sumiu.
Me recusava a acreditar que Will tinha fugido e deixado Alex comigo, mas se fosse realmente isso eu não tinha por que achar ruim, o bebê era lindo.
Mostrei língua e ele riu, ri junto me livrando da tensão.
-Eu não sei, mas me parece que essas coisas da lista são bem chatas para se fazer.
Ele sorriu novamente, tomei uma decisão.
-Vamos para minha casa. Lá, Sara pode nós ajudar na diversão.
Sorri e o peguei no colo. Fui ate suas roupas e separei algumas bem quentes, coloquei em uma bolsa e caminhei ate a sala, peguei meu celular e tranquei a casa.
-La vamos nós para a aventura, Alex.

Amor para dois... ou mais.Onde histórias criam vida. Descubra agora