CAPITULO 9 - Divórcio

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Por mais que eu queira ser livre, ver a cara triste da mãe de Samanta no dia da reunião de partilha de bens foi um das piores coisas na minha vida. Ela tinha um misto de tristeza, medo e angustia, mas nenhuma delas era raiva. Sai de la com todos os meus bens intactos, pois o juiz viu que Samanta nunca trabalhou no período de casada e nunca contribuiu para o crescimento do casal e também não tivemos uma união com divisão total de bens, muito menos parcial.
Fiquei mais feliz ao saber que Samanta foi morar com os tios no interior e deixou a pobre mãe em paz. Durante esse longo período de organização e audiências fechadas com advogados fiquei bem sem vida, a volta ao trabalho também não ajudou na vivência com as pessoas, foi quase um mês chegando em casa e dormindo e a mesma quantidade sem ver Will.
-Como ele deve estar?
Perguntei a Sara enquanto assistíamos TV.
-O vi ontem na padaria, parecia meio abalado.
Durante todo tempo sem vê-lo eu pensei nele, de todos os modos possíveis.
-Você falou com ele?
Perguntei sem aparentar curiosidade ou interesse.
-Ele nem me olhou. Quando eu lhe cumprimentei ele correu como se estivesse fugindo de um Leão.
Ela falou e me olhou.
-Você deveria ir vê-lo.
Ela disse com os olhos pidões.
-Se ele fugiu de você,  imagine de mim.
Volto a olhar para a televisão.
-Ele precisa de ajuda.
Ela disse e eu a encarei serio. Como eu iria falar com alguém que não quer falar comigo?

-Bolinha!!
Júlio gritou quando me viu no nosso bar rotineiro.
-Oi, o que faz por aqui?
Perguntei serio.
-Estava passando, vi uma cabeça conhecida e entrei.
-Suas batatas, senhor Julio.
Ele pega as batatas e sorri sentando ao meu lado.
-Mentira, eu estava com fome e resolvi parar aqui.
Rio dele e da sua cara.
-Soube de coisas suas muito interessantes.
O medo subiu minhas espinhas e eu tremi.
-O que?
Perguntei meio engasgado.
-Que você é oficialmente um solteiro.
Ele bateu palmas e riu.
-Na verdade sou um divorciado.
-Não importa, temos que comemorar essa vitoria.
Rimos. Em um mês, quem eu menos esperava ver eram meus amigos, que eram quem eu mais precisava ver. Depois de conversarmos muito fomos para nossas casas, quando cheguei Sara correu ate a porta me impedindo de entrar.
-Você precisa ver Will, ele precisa de você.
-Isso novamente não, Sara.
Disse tentando entrar.
-Aconteceu algo terrível e ele precisa de você agora mais do que nunca.
-Alex está bem?
-Espero que sim.
Ela diz quase chorando e eu corro em direção a casa de Will, bato na porta tranquilamente e espero.
-Eu não quero comprar... Tedy? O que... o que faz aqui?
Will abre a porta, seu rosto denuncia seu cansaço e as olheiras os dias sem dormir.
-Você... você sumiu.
Digo o olhando.
-Ocorreram uns problemas, com Gabi e comigo. Não tive muito tempo de sair.
Ouço o bebê chorar.
-Preciso ir.
Ele começa a fechar a porta e eu coloco meu pé.
-Deixe-me te ajudar.
Fico parado a porta, o bebê intensifica o choro.
-Isso é errado.
Ele diz cabisbaixo, mas me permite entrar. A casa estava mais bagunçada que da ultima vez, fedendo e escura.
-Cortaram a energia.
Ele diz sem graça  e eu caminho direto para o quarto de Alex o pegando no colo.
-Ele não esta com um cheiro muito bom.
Comento.
-Também cortaram a água.
O olho triste e começo a pegar algumas coisas, Alex para de chorar e eu termino de arrumar uma mala com coisas do bebê.
-Onde você vai?
Will levanta e para frente a porta.
-Isso não é jeito de tratar uma criança, Will.
-O que queria que eu fizesse? Gabi teve de ir depois que o pai... eu não tinha com quem contar, perdi o emprego, tranquei a faculdade e estou quase perdendo a casa.
-Pode sempre contar comigo, eu lhe disse.
O encaro e ele sai da porta.
-Cuida bem dele.
Ele diz com os olhos em lagrimas.
-Venha junto, eu arrumo um canto pra vocês lá ate você se ajeitar.
-Não posso, é exigir demais de você.
O olho e passo a mão em seu rosto levantando-o.
-Nunca vai ser
Abro a porta e saio com o bebê descendo as escadas
-Te espero lá.
Digo e vou para casa, chegando la Sara esta na porta e vem a meu encontro correndo.
-Meu senhor, que cheiro é esse?
Ela pergunta tapando o nariz.
-Eles estão sem água e energia.
Digo entregando Alex a ela.
- Vamos para o banho, pequeno.
Ela entra em casa e eu olho para o fim da rua esperando Will parecer, mas nada acontece. Caminho para dentro da casa e troco de roupa, olho Sara dando banho no bebê e caminho para o quarto vago ao lado do meu onde era para ser meu escritório.
-Pequeno, mas acho que serve.
Coloco la dentro o pequeno berço que aluguei e uma luminária azul que comprei.
-Esta lindo, Tedy.
Diz Sara aparecendo atras de mim com o bebê nos braços enrolado em vários panos.
-por que os panos?
-As roupas que você trouxe também estão fedendo.
Ela diz o colocando no berço e o balançando.
-Will não quis vir.
Digo serio.
-O orgulho nele é mais forte que qualquer coisa.
-Ele esta quase pra ser mandado embora da casa, pra que lhe serve esse orgulho todo?
Pergunto bravo e ouço a campainha tocar.
-Deve ser ele.
Sara diz sagaz e eu desço as escadas correndo e abro a porta, la esta ele parado e cabisbaixo. Sorrio.
-Que bom que veio.
Ele entra sem me olhar e sem dizer nada, fecho a porta e o olho.
-Sara acabou de dar banho no Alex e ele dormiu, esta no quarto la em cima.
-Onde eu banho?
Perguntou quase inaudível, totalmente envergonhado.
-Venha comigo.
Guio ele ate meu quarto e lhe mostro o banheiro, lhe dou toalhas limpas e ele entra para o banho.
-Demore o quanto quiser.
Digo caminhando ate meu closet onde separo uma peça de roupa para ele usar deixando sobre a cama. Saio do quarto e caminho ate a sala pegando meu celular e ligando no mercado.
-Preciso de leite... o melhor que vocês tiverem... menos de um ano... pode ser então... preciso de verduras... Gabriel quem separa para mim... isso, quero frutas também... Não, sem bebidas desta vez... festa? Não... visitas... o mais rápido que conseguirem... cartão.
Desligo e volto para o quarto, Will ainda estava no banho. Pego a poltrona de meu quarto e coloco no quarto onde Alex e Sara estão e então paro no corredor.
-Ele vai ficar aqui.
Sorrio e vou para a sala, minutos após vejo Sara descer.
-Will já saiu do banho, pediu um tempo a sós com seu filho.
Ela senta ao meu lado no sofá e eu seguro em suas mãos.
-Obrigada!
Digo e ela sorri, não sabia exatamente pelo que estava agradecendo, mas parecia mais que certo. Fico um tempo sentado com ela no sofá até que minhas compras chegam e eu corro ate a porta, recebo tudo e levo ate a cozinha.
-Quantas latas de leite!
Sara diz surpresa chegando na cozinha.
-Espero que eles fiquem por um tempo.
Digo sem olha-la, termino de guardar e subo ate meu quarto, antes de entrar dou uma olhada no quarto do lado e vejo Will apagado na poltrona. Pego uma coberta e o cubro, apago as luzes e saio fechando a porta.
-Vai ficar tudo bem.

Amor para dois... ou mais.Onde histórias criam vida. Descubra agora