Ainda estava escuro lá fora quando cheguei á Carter Idustriers na segunda-feira seguinte. Como as luzes do edifício estavam apagadas e as portas trancadas, conclui que talvez tivesse sido um nadinha apressada no meu primeiro dia. Depois de vaguear durante alguns minutos em frente ao edifício, à espera que alguém aparecesse, decidi ir ao Starbucks beber café. Ficava mesmo ao lado do restaurante onde eu conheci o Matheus.
Havia uma longa fila para o café, embora ninguém parecesse disposto a ir trabalhar logo a seguir. Reuni-me às pessoas, como um com soldadinho, ocupando o meu lugar no ultimo da fila, e aproveitei para ver os e-mails. Assustei-me ao sentir uma mão no fundo das costas, mas foi a voz que me sussurrou por cima do ombro que me provocou um arrepiou na espinha.
— Também sou o papel de parede do iphone?
Dei um salto.
— Pregaste-me um susto de morte.
— Desculpa, mas não podia deixar de espreitar. Calculei que a obsessão fosse bem profunda, visto que sou o fundo de ecrã do teu portátil.
— Virei-me e ergui o telefone.
— Até vejo que vejo algumas semelhanças, mas não és tu, decididamente, nesta foto.
O Matheus tirou-me o telefone da mão.
— O que é isto?
— É a Aisha.
— E verdadeira?
— Claro que sim. É mesmo feia, não é?
— É uma gata?
— Sim. É uma Esfinge, uma gata sem pelo.
Era de facto o animal de estimação mais horrível á face da terra. A cabeça era demasiado pequena para o corpo e o focinho parecia de um demónio.
— O meu padrasto comprou-a para o aniversario da minha mãe, porque ela tinha alergias e ela queria muito um animal de estimação. Acontece que não e ao pelo que é alérgica, por isso despachou-a para minha casa, este fim de semana, enquanto tenta arranjar-lhe outro dono. O meu padrasto gastou 2.000 euros por ela.
— Consegues perceber a ironia da questão? — Perguntou o Matheus.
— Ironia?
— Tens uma gata (pussycat) pelada e estás a iniciar um emprego cujo produto mais emblemático é...
Eu tapei a boca.
— Oh, meu Deus! Só tu poderias ver ironia nisso.
— O que posso eu dizer? Uma ratinha depilada é linda, e rendeu-me uma pipa de massa. Essa gata devia ser a mascote da nossa marca.
Eu ri-me baixinho.
— Terei isso em consideração no meu primeiro projeto de marketing.
— Mas afinal, o que estas tu a fazer aqui tão cedo? — perguntou ele, olhando para o relógio. Foi então que reparei que ele estava pronto para correr, e não de camisa e gravata.
— Quis começar bem cedo.
— O edifício só abre às 6h30. Eu ia agora correr, mas mostro-te como se entra quando está fechado, depois de bebermos o nossos café.
— Não tem importância. Eu posso esperar ate que abra. Não quero interromper o teu exercício.
— Detesto correr. Qualquer desculpa serve para adiar. Conduzir uma bela mulher ao meu escritório é a primeira desculpa que arranjaria. — Piscou-me o olho. — Especialmente uma mulher que vai acabar por dormir comigo.
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O Boss
Short StoryBaseado no livro "Quando o teu patrão é convencido, mas sedutor, arrogante, mas sensual, irritante, mas irresistível, o resultado só pode ser um..." Estas no primeiro encontro com um homem para lá de aborrecido. O que é que fazes? Finges ir á casa d...