Carolina:
O meu voo estava marcado para quarta-feira, de manhã cedo, teria a tarde inteira para me instalar no escritório de pesquisa de mercado da Advance Focus, no kansas City, e preparar-me para a reunião com o primeiro grupo de discussão, que iria decorrer na quinta-feira de manhã. O Matheus ausentou-se durante toda a tarde de terça-feira, por isso eu enviei-lhe uma mensagem a dizer que não poderia ir jantar. Ele respondeu-me apenas: Muito bem.
Eram quase 6h30 da manhã e eu estava a preparar-me para sair para o aeroporto quando ele decidiu, finalmente, desenvolver a sua mensagem anterior: Aceito um adiantamento, mas, desta vez, vou cobrá-lo.
Eu não tinha tempo para lhe responder. O meu transporte chegaria às 6h30 e o meu elevador demora por vezes alguns minutos a chegar. Fechei a mala de viagem, guardei o telemóvel na mala e fiz uma festa à Aisha antes de sair.
— A tua verdadeira dona vai cuidar de ti, enquanto eu estiver fora. Vê se não a deixas mexer nas minhas coisas — disse eu, dando-lhe uma última festinha. — Sê uma boa gatinha feia e arranha-lhe os tornozelos se ela começar a vasculhar a minha gaveta da roupa interior, ok?
Um carro escuro esperava-me à porta do edifício quando cheguei ao átrio. Embora faltassem ainda duas horas e meia para o meu voo. Comecei a perceber que o trânsito estava impossível.
— O que se passa? — perguntei ao motorista — Isto está mau, mesmo sendo hora de ponta.
— Obras. Era suposto terminarem às 6 horas da manhã, mas os trabalhadores devem querer fazer horas extraordinárias.
Encolheu os ombros e apontou para a estrada à nossa frente: um mar de faróis de sério de veículos em três faixas, que tentavam convergir numa só.
Olhei para o relógio e percebi que estava claramente em risco de perder o avião se o trânsito não andasse mais depressa.
Senti uma necessidade de me distrai e peguei no telemóvel. Uma nove mensagem acabou de chegar. Era da minha mãe: Tens de limpar o teu frigorífico mais frequentemente. Tens aqui coisas fora do prazo.
Francamente. Será que ela estava escondida no corredor enquanto eu sai? Estaria assim tão ansiosa de entrar e vasculhar as minhas coisas? Eu deixei um prato cheio de comida à gatinha feia. Ela só precisava de ir lá amanhã. Já lhe vou tratar da saúde.
Não deites essas coisas fora. Eu guardo a comida fora do prazo para dar à Aisha, escrevi.
Passei à mensagem seguinte, do Matheus. Aquela que eu ainda não tinha respondido, sobre o adiantamento do jantar que eu cancelai na noite anterior.
Só volto no fim de semana. O meu patrão queria ver-se livre de mim, por isso mandou-me para o Kansas, disse.
Após responder a mais algumas mensagens e e-mails, consegui finalmente abstrair-me de que estava atrasada. Cheguei ao aeroporto meia-hora antes da descolagem e dirigi-me apressadamente ao balcão do check-in. Quando vi o tamanho da fila para verificação de identidade e bagagem quase me fui abaixo e desatei a chorar, por causa do stress.
Desesperada, dirigi-me à agente da segurança aeroportuária.
— Eu não conseguirei apanhar o meu avião se tiver de esperar nesta fila. Demorei século atravessar o túnel e havia obras na via rápida de Long Island. Há algumas hipóteses de eu passas à frente? Trata-se de uma viagem de negócios e eu não posso perder este voo.
— O bilhete — Ergueu uma mão e olhou para mim como se ouvisse está história mais de cem vezes por dia. — Primeira classe, a fila à sua esquerda.
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O Boss
Short StoryBaseado no livro "Quando o teu patrão é convencido, mas sedutor, arrogante, mas sensual, irritante, mas irresistível, o resultado só pode ser um..." Estas no primeiro encontro com um homem para lá de aborrecido. O que é que fazes? Finges ir á casa d...