Carolina:
O escritório não parecia o mesmo quando o Matheus estava ausente. É claro que estava ocupadíssima e com trabalho para um mês — trabalho que adoro fazer—, mas faltava-me aquela expetativa de o ver ao longo do dia. Partiu apenas há dois dias para uma viagem de negócios, mas eu sentia a sua falta desde o primeiro.
Estava ocupadíssima a redigir apresentações para um possível grupo de discussão— uma faixa representativa de mulheres com as quais se testariam alguns slogans para a marca e modelos de embalagens—, já tarde, nessa quinta-feira, quando o meu telefone vibrou.
Sorri ao ver o nome do Matheus:
Sentes a minha falta?
Até sentia, mas ele não precisava de encorajamento.
Nem dei pela tua falta, respondi.
Engraçadinha, disse ele.
Pois sou.
Tenho estado a pensar no nosso pequeno acordo, continuou.
Que acordo? Não me lembro de dar o meu acordo para nada, disse, fazendo-me de desentendida.
Exato. Por isso precisamos de nos encontrar e negociar os nossos termos.
O homem tinha o dom de transformar lagartas em borboletas e estas pareciam agora esvoaçar dentro do meu estômago.
Encostei-me na cadeira e girei-a de forma a ficar de costas viradas para a porta aberta do meu gabinete. Já era tarde e havia meia dúzia de pessoas a circular pelo andar, mas eu senti necessidade de alguma privacidade. Sorri e escrevi:
Termos? Estamos a discutir algum negócio?
Descalcei o sapato direito e baloicei-o no dedo do pé. Sentia-me impaciente, o que era lamentável.
A minha cama continua a ser território interdito, por eu ser teu patrão?, surgiu finalmente em resposta.
Continua, disse eu.
Nesse caso, quero que passes tempo comigo fora do quarto, respondeu ele.
Vejo-te a toda a hora no escritório, provoquei.
Quero mais.
Senti um aperto no coração. Eu também queria mais.
Mais como?, perguntei.
Acho que isto exige que os sentemos a uma mesa e conversemos cara a cara, respondeu ele.
Tipo encontro?, perguntei.
Não o vejas como um encontro, mas como uma reunião de trabalho em que negociaremos os termos que nos satisfazem em pleno o contrato, no futuro, disse ele.
E satisfazê-lo em pleno significa..., respondi.
Quase cai da cadeira abaixo ao ouvir a voz do Matheus atrás de mim.
— Ter-te na minha cama, claro.
Girei bruscamente a cadeira.
— Julgava que ias ficar fora até amanhã.
— Voltei mais cedo. Tinha um assunto urgente para tratar.
—Há quanto tempo estás ai?
—Não muito. — Apontou para a janela — Mas conseguia ver o teu reflexo no vidro e gostei de observar o teu rosto enquanto escrevias.
— Voyeur (pessoa que sente prazer ao ver pessoas a ter relações sexuais).
— Já que não posso ter , contento-me em observar-te. Isso e uma oferta?
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O Boss
Short StoryBaseado no livro "Quando o teu patrão é convencido, mas sedutor, arrogante, mas sensual, irritante, mas irresistível, o resultado só pode ser um..." Estas no primeiro encontro com um homem para lá de aborrecido. O que é que fazes? Finges ir á casa d...