Capitulo 15

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Carolina:

O escritório não parecia o mesmo quando o Matheus estava ausente. É claro que estava ocupadíssima e com trabalho para um mês — trabalho que adoro fazer—, mas faltava-me aquela expetativa de o ver ao longo do dia. Partiu apenas há dois dias para uma viagem de negócios, mas eu sentia a sua falta desde o primeiro.

Estava ocupadíssima a redigir apresentações para um possível grupo de discussão— uma faixa representativa de mulheres com as quais se testariam alguns slogans para a marca e modelos de embalagens—, já tarde, nessa quinta-feira, quando o meu telefone vibrou.

Sorri ao ver o nome do Matheus:

Sentes a minha falta?

Até sentia, mas ele não precisava de encorajamento.

Nem dei pela tua falta, respondi.

Engraçadinha, disse ele.

Pois sou.

Tenho estado a pensar no nosso pequeno acordo, continuou.

Que acordo? Não me lembro de dar o meu acordo para nada, disse, fazendo-me de desentendida.

Exato. Por isso precisamos de nos encontrar e negociar os nossos termos.

O homem tinha o dom de transformar lagartas em borboletas e estas pareciam agora esvoaçar dentro do meu estômago.

Encostei-me na cadeira e girei-a de forma a ficar de costas viradas para a porta aberta do meu gabinete. Já era tarde e havia meia dúzia de pessoas a circular pelo andar, mas eu senti necessidade de alguma privacidade. Sorri e escrevi:

Termos? Estamos a discutir algum negócio?

Descalcei o sapato direito e baloicei-o no dedo do pé. Sentia-me impaciente, o que era lamentável.

A minha cama continua a ser território interdito, por eu ser teu patrão?, surgiu finalmente em resposta.

Continua, disse eu.

Nesse caso, quero que passes tempo comigo fora do quarto, respondeu ele.

Vejo-te a toda a hora no escritório, provoquei.

Quero mais.

Senti um aperto no coração. Eu também queria mais.

Mais como?, perguntei.

Acho que isto exige que os sentemos a uma mesa e conversemos cara a cara, respondeu ele.

Tipo encontro?, perguntei.

Não o vejas como um encontro, mas como uma reunião de trabalho em que negociaremos os termos que nos satisfazem em pleno o contrato, no futuro, disse ele.

E satisfazê-lo em pleno significa..., respondi.

Quase cai da cadeira abaixo ao ouvir a voz do Matheus atrás de mim.

— Ter-te na minha cama, claro.

Girei bruscamente a cadeira.

  — Julgava que ias ficar fora até amanhã.

 — Voltei mais cedo. Tinha um assunto urgente para tratar.

—Há quanto tempo estás ai? 

—Não muito. — Apontou para a janela — Mas conseguia ver o teu reflexo no vidro e gostei de observar o teu rosto enquanto escrevias.

— Voyeur (pessoa que sente prazer ao ver pessoas a ter relações sexuais).

— Já que não posso ter , contento-me em observar-te. Isso e uma oferta?

O BossOnde histórias criam vida. Descubra agora