Capitulo 13

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Carolina:

Eu estava radiante, quase deslumbrada, depois de passar um dia inteiro a trabalhar. Já só estávamos eu e o João no terraço do Matheus—ele claro. Os outros quatro, entre eles a Lindsey, já haviam saído. O João e eu ficamos para beber uma cerveja, uma vez terminado o nosso trabalho.

Eu estava com um sorriso ridículo.

—  Corro o risco de parecer uma palerma, devo dizer-vos que o dia de hoje foi fantástico. Não me lembro da última vez que tive tanto prazer no trabalho. Nem sei se alguma vez tive.

O João inclinou a cerveja na minha direção.

—  Foi de facto agradável. Muito agradável até, mas acho que tu contribuíste em muito para isso, Carolina. O facto de seres nova despertou algo em todos nós, especialmente no Matheus — Desviou os olhos para ele— Há anos que não o via tão empolgado. 

O Matheus estava encostado numa espreguiçadeira, com uns óculos de sol de lentes bem escuras. Porém, eu sentia que estava a observar-me.

  — Fez-me sentido. Há muito tempo que nada me fazia tanto sentido.

Alguns instantes depois, o João emborcou o resto da cerveja.  

  — Tenho de ir embora. A Eliza vai obrigar-me a ir a uma prova de bolos, esta noite. Desde quando é que os casamentos dão origem a tantos eventos? Já tive de ir a uma prova de comida, a uma audição de bandas e a uma festa de arranjos florais. Las Vegas está a tornar-se casa vez mais apetecível.

  — Espera para veres—  disse o Matheus, levantando-se. A Ana teve um chá-de-panela, uma festa para anunciar a gravidez e outra para revelar o sexo do bebe. Tu ainda só estas no aquecimento amigo.  

  — O que raio é uma festa de revelação do sexo do bebe?

  — Como o nome diz é a festa em que se revela o sexo do bebe, pode ser com um bolo recheado a cor-de-rosa se for menina e azul se for um menino. Depois fazem uma festa e todos ficam a saber o sexo do bebé ao mesmo tempo, incluindo os futuros pais. Pura tortura. O que aconteceu aos partos em que o médico dava uma pancadinha nas costas a dizer «é um rapaz»?  

  —  Obrigadinho. Vou ter muito com que me alegrar.

O Matheus deu uma palmada nas costas do João quando este se dirigiu para as escadas.

— Não tens que agradecer.

Ao descermos, olhei para a desordem em que deixamos a sala de estar e a de jantar. O Matheus mandou vir o jantar e havia pratos e papéis amachucados por toda a parte.

  —  Para onde vais, Carolina? —  perguntou o João—  Eu vou apanhar um taxi para o centro da cidade. Se quiseres podes dividi-lo comigo.

  — Eu vou para o outro lado da cidade, mas vou ficar mais um pouco para ajudar o Matheus a limpar isto.

O João olhou em volta, apercebendo-se da desarrumação.

  — Livrei-me. Obrigado, Carolina. Fico em dívida para contigo. Até segunda.

Ates de o Matheus regressar, após acompanhar o João à porta, já eu tinha limpo metade da casa. Apanhei o lixo e estava a passar pratos por água, para os colocar na máquina de lavar loiça, quando senti o Matheus a aproximar-se por trás. Colocou delicadamente uma mão no meu rosto e eu interrompi o que estava a fazer.

  — Continua.

A principio pensei que ele me estava a dizer para continuara a pôr os pratos na máquina, mas depois apercebi-me de que estava a cantarolar uma música. Sorri e continuei a cantarolar. Felizmente ele não chegava aos calcanhares do Gonçalo. Ter-me-ia sentido mal se ele soubesse o que eu estava cantarolar.   

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