Capitulo 7

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Carolina:

Era apenas o meu segundo dia, mas já adorava o meu novo emprego. Reacendeu algo em mim, algo que há muito tempo não sentia e era algo que eu nem sequer sentia falta, até agora. Mal podia esperar para ir trabalhar, ao acordar nessa amanhã. Na Carter Industriers estava a voltar a sentir-me viva.

Passei a manhã toda numa sessão de reflexão do departamento de marketing, a ouvir as ideias que o grupo ia dando. Em vez de competirem uns com os outros, alimentavam-se da energia uns dos outros, estruturando mutuamente os pensamentos, de forma a conceberem uma única ideia que superasse todas as outras. Como eu era recém-chegada, fiz mais por ouvir do que falar.

Tínhamos regressado do almoço e o João estava junto do quadro branco, a escrever palavras soltas que as pessoas iam dizendo em voz alta, quando o Matheus se esgueirou para o fundo da sala e ficou em silêncio, a observar. Senti-a que ele estava a observar-me, e olhei várias vezes para trás. O seu olhar parecia estar sempre à espera do meu. 

Havia dois lugares vazios na mesa, um deles era ao meu lado. Alguns minutos depois, o Matheus percorreu silenciosamente a parte lateral da sala e sentou-se ao meu lado. O João afastou-se do que escrevera e olhou-os.

Escreveu no quadro em letras grossas: O QUE QUEREM AS MULHERES?

— Antes de começarmos, esta tarde, vamos falar do que já sabemos. —  Enumerou diferentes factos com os dedos, começando pelo indicador. —  Um: 96% dos nossos clientes são mulheres. Dois: os hábitos de consumo das mulheres são diferentes dos homens. Três: 91% das mulheres que participaram o inquérito que fizemos no ao passado disseram que os publicitários não as entendem. Quatro: os homens fazem compras para satisfazer as suas necessidades e as mulheres para satisfazer os seus desejos. O QUE QUEREM AS MULHERES? Se lhes vamos vender um produto, comecemos pelo inicio.

Apontou para os cavaletes instalados em ambos os lados da sala.

  — Vamos dividir-nos em duas equipas. Há dois quadros brancos. Vamos tornar isto interessante, sim? As mulheres trabalharão juntas, do lado direito da sala, e os homens do lado esquerdo. Quero pelo menos cinco desejos em cada uma das vossas listas. Se forem mais, melhor. Eu anotarei as ideias dos homens —  Olhou para o Matheus, que acenou com a cabeça uma única vez —  E o Matehus anotará as das mulheres.

O Matheus inclinou-se para mim e sussurrou.

  —  Cheiras incrivelmente bem... como a praia no Verão. —  Inspirou profundamente pelo nariz. Baunilha, com um toque de madressilva, misturado com um ligeiro arma cítrico.

  Eu abanei a cabeça, mas segredei-lhe:

— Obrigada. —  Depois apontei para o relógio. —  Acho improprio no horário de trabalho.

—  Ah sim? Estou prestes a saber o que te faz vibrar e posso dizer que é trabalho. Há dias que adoro este trabalho.

Depois de se alterar a disposição da sala e todos estarem confortavelmente sentados os seus novo lugares, o Matheus sugeriu que se desse cinco a cada mulher para fazer a lista, e que se apurasse depois o que o grupo conseguia criar colectivamente.

Tentou espreitar a minha várias vezes, mas eu tapei com o meu bloco de notas e sorri. Depois de todos pararem de escrever, o Matheus levantou-se, tirou o marcador do suporte, abriu-o e escreveu O QUE AS MULHERES QUEREM, sublinhando-o com um risco grosso.

  — É claro que eu já sei qual é a resposta, mas, como sou mediador, deixarei que as senhoras mostrem o que valem —  Esboçou um sorriso brincalhão. Lá estava a maldita covinha de novo.

A princípio, os desejos enumerados eram do tipo— dinheiro, saúde, beleza, segurança, etc. estive quase sempre em silêncio, e a minha lista ainda tinha alguns itens por mencionar. O Matheus olhou para mim e tentou ler a minha lista de pernas para o ar.

O BossOnde histórias criam vida. Descubra agora