Capitulo 14

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Matheus:

  — Mais um whisky-cola— disse eu, erguendo a mão para a empregada. Quando a Rafaella aparecia, eu já costumava is a meio da minha primeira bebida, mas agora ia na segunda, o que me pareceu um atraso excessivo, mesmo para alguém como ela.

Peguei no telemóvel e enviei-lhe uma mensagem:

Estás mais atrasada do que o habitual.

Respondeu:

Estou ai em dez minutos. Se não estiver, volta a ler esta mensagem.

Ri baixinho.

Ela apareceu quando eu ia no final da segunda bebida e abraçou-me por trás.

  — Posso oferecer-te uma bebida?

— Claro. A minha namorada está a caminho, mas está atrasada. Gostava de ter um pouco de companhia.

Ela bateu-me nos abdominais.

  — Com que então um pouco de companhia.

Eu levei o braço atrás, agarrei-a pela cintura e puxei-a para o meu colo, de uma só vez. A minha irritação como de costume desapareceu.

— Qual é a desculpa, desta vez?

— Tive de tratar de uma coisas—  Desviou os olhos, ao dizê-lo, e eu percebi que teria de pressionar mais.      

—Que coisas

Ela encolheu os ombros.

— Umas coisas para o abrigo.

Franzi as sobrancelhas.

— Tipo...desencaixotar comida doada ou lavar pratos, depois de servirem jantares?

 — Sim. Apenas algumas tarefas. Coisas desse tipo — Tentou mudar de assunto rapidamente  — o que estás a beber?

 —Sim é whisky-cola. Bebes o costume?

Ela saiu do meu colo e puxou o banco ao meu lado.

 — Sim, por favor. Como correu o teu dia?

 — Voltaste a segui-lo, não foi?

Ela descaiu os ombros, mas não se atreveu sequer a mentir.

  — Não quero que sigas os sem-abrigo até aos parques porque são perigosos á noite.

Ela bufou.

— Queria apenas saber para onde ele ia, para voltar à esquadra amanhã e pedir-lhes que patrulhem melhor a área.

— Até que parque o seguiste?

— Estás a ver aquela ponte velha que restauraram, na alta da cidade? Aquela que as pessoas atravessam, perto da 115 Street?

—Foste até Washington Heights?

 — Talvez pareça bonito de cima da ponte, mas, cá de baixo, nada foi limpo. Sabias que há um pequeno bairro por baixo daquele viaduto?   

— Tens que parar com isso, Rafaella. Eu sei que queres ajudar, mas esses sítios são perigosos. 

 — Ainda havia luz e eu não entrei no bairro.

— Rafaella.

  — A sério. Vai correr tudo bem. Amanha passo pela esquadra.

— Promete-me que não tornas a fazer merdas dessas.

Depois roçou-me delicadamente os dedos pela pele e disse:

— Prometo.  

  

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