Carolina:
No sábado de manhã, acordei ansiosa. Não era uma ansiedade nervosa, mas aquele tipo de ansiedade que se sente antes de um esperado encontro. Só que não era um encontro. Eu ia trabalhar a um sábado.
Depois de ir correr um pouco, para me abstrair da expetativa, tomei um duche frio para desanuviar. Deixei a água escorrer-me pelos ombros, fechei os olhos e comecei a cantar. Embora cantasse desde sempre para me acalmar ou para apaziguar o Gonçalo.
Quando abri os olhos, é claro que dei comigo a olhar para os produtos da Carter Industriers, que agora preenchem por completo a minha casa de banho. Não conseguia tirar aquele homem da cabeça, pois ele estava sempre presente nos meus pensamentos, no trabalho, no duche...
O pequeno boião roxo de esfoliante divina, por trás do champô, chamou a minha atenção, levando-me a atribuir-lhe um significado mais profundo— esfoliante divina para eleminar as células mortas e a minha obsessão pelo homem.
Esfreguei o corpo durante quase um quarto de hora, tentando tirar o Matheus da cabeça. Além de eliminar as células mortas, o novo esfoliante continha um composto químico que regenerava a pele.
Quando terminei e me enxuguei, irritou-me o facto de sentir a pele incrivelmente macia, e não inflamada e purificada do que eu estava a tentar esquecer.
Vesti um robe curto e sedoso sobre o corpo nu, sem o apertas e fui para o meu quarto passar um pouco de loção na minha pele de bebé. O meu vibrador estava no fundo da gaveta da minha mesa de cabeceira, onde guardava também o meu óleo favorito para o corpo. Coloquei a mão sobre ele e pensei em masturbar-me. Podia fazer isso. Será que me ajudaria a esquecer o Matheus? Provavelmente era disso mesmo que eu estava a precisar. Há muito tempo que não estava com um homem. Talvez há uns oito meses.
Estava a ficar toda empolgada com um homem bem-parecido devido às frustrações sexuais que acumulei. Sim, talvez fosse isso mesmo.~
Mas porque que eu não estava desesperada para ter um orgasmo a pensar no Lourenço? Ele era atraente, querido e simpático. Além disso, desejava-me... e não era meu patrão. Deixei que o robe se abrisse, tirei o homem a pilhas da gaveta, deitei-me para trás sobre a cama e fechei os olhos.
Lourenço, Lourenço. Pensa no Lourenço.
Surgiu-me subitamente uma imagem do Matheus, no dia em que esbarrei com ele no ginásio. Ele é um espanto, Meus Deus!
Não. O que estás tu a fazer? Lourenço. Pensa no Lourenço. Lourenço, Lourenço, Lourenço. O Lourenço que um dia me comprara flores só para me fazer sorrir. O Lourenço que me mandava pequenas mensagens queridas: Estou a pensar em ti. Espero ver-te em breve. Como vai essa coisinha sem pelos? Espera lá. Não, essa foi do Matheus. Quem iria escrever uma coisa dessas a uma mulher, mesmo que se estivesse a referir à minha gata? E porque que eu gosto dessas coisas que ele faz?
Lourenço.
Matheus.
Lourenço.
Matheus.
Fechei os olhos. O som suave do meu vibrador acalmou-me.
Lourenço.
Lourenço. Pensa no Lourenço.
A água a escorrer dos peitorais tonificados do Matheus.
Aquele «V», o piercing no mamilo.
Para com isso. Lourenço.
Matheus.
Lourenço.
Matheus.
Matheus.
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O Boss
Short StoryBaseado no livro "Quando o teu patrão é convencido, mas sedutor, arrogante, mas sensual, irritante, mas irresistível, o resultado só pode ser um..." Estas no primeiro encontro com um homem para lá de aborrecido. O que é que fazes? Finges ir á casa d...