Capitulo 8

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Carolina:

Só pensava em sexo.

Mas não era com o Lourenço.

Tomámos duas bebidas. Falei-lhe do meu novo emprego e dele ouviu-me, no verdadeiro sentido da palavra.

Estávamos sentados ao balcão e ele pousou-me a mão sobre o joelho.

— Estava aqui a pensar... que tal irmos à Costa de jersey este fim de semana? Um amigo meu tem uma casa lá e não a vai usar este fim de semana.

Eu adoraria praia e uma tasca de marisco e cerveja era exatamente o meu tipo de coisa. porém, sem saber bem porquê, hesitei em assumir um compromisso na hora. Precisava de tempo para ponderar um pouco mais sobre o assunto.

— Posso confimar-te dentro de um ou dois dias? Estou num projeto enorme que iniciamos á pouco tempo e eles podem estar a contar comigo no fim de semana. Ainda não tenho certeza.

O Lourenço foi educado, como sempre.

— Claro que sim.

Terminámos a noite mais cedo, porque éramos ambos madrugadores. Ao regressar ao meu apartamento, a Aisha, a gata horrorosa, pregou-me um susto de morte quando entrei. A sala de estar estava às escuras. Tudo o que eu conseguia ver eram dois globos verdes, a olharem-me fixamente. Quando acendi as luzes, a Aisha estava empoleirada nas costas do sofá, à minha espera.

— Meus Deus, és mesmo feia!

— Miau.

— Eu sei, eu sei, tu não tens culpa — Cocei-lhe o dorso com as unhas. A sensação era estranhissima por não ter pelo. — E se eu te arranjasse uma daquelas camisolas de gato? Talvez algo elegante, de cor preta, ou talvez com pelo artificial. Que tal? Precisas de pelo nesse corpinho de peru depenado.

— Miau.

Peguei-a no colo e iniciei o meu ritual, ver se ela não tinha estragado nada, após perceber tudo na habitualidade, tomei um duche rápido, hidratei o corpo e meti-me na cama. A Aisha saltou para cima da cama e instalou-se sobre a almofada ao meu lado.

Após 14h de trabalho o meu novo emprego, mais dois martinis, devia sentir-me cansada, mas não. Sentia-me excitada. Poderia ter resolvido facilmente o meu problema. Bastaria ter convidado o Lourenço para vir a minha casa, que ele ter-me-ia certamente saciado de bom grado. Preferi, porém, ficar sozinha.

A Aisha ronronou ao meu lado e bateu-me com a pata a cara. Eu ignorei-a e ela bateu-me novamente, mas desta vez acertou-me o nariz. Acabei por ceder e fazer-lhe festinhas na barriga rosada e carnuda. Parecia mesmo um peru por assar. Alcancei o meu telemóvel, que estava em cima da mesa de cabeceira, e tirei algumas fotografias para enviar á minha mãe, na manhã seguinte. Lembrei-me da mensagem do Matheus me mandou sobre a Aisha na noite anterior.

Digitei uma mensagem e anexei a fotografia dela, virada de barriga para cima: A irmã gémea dela é com certeza um peru no frigorífico de um supermercado qualquer.

Menos de um minuto depois, o meu telefone tocou com uma mensagem: Tive de virar o telefone várias vezes para perceber o que tinha diante dos meus olhos. A gata é mesmo feia.

Lol. E ocupou-me metade da cama. É muito exigente e bate-me com a pata na cara se eu parar de lhe dar festinhas, respondi.

Esta noite só estão vocês as duas nessa grande cama?, perguntou o Matheus.

Ele sabia que eu tinha ido sair com o Lourenço.

Sim, só eu e a miha gata feia, respondi.

É bom saber disso, disse ele.

O BossOnde histórias criam vida. Descubra agora