Capitulo 25

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Carolina:

Há uma semana que regressamos ao escritório, e ele soube manter a distância e agir de forma profissional, como eu lhe tinha pedido. Porém, as borboletas no meu estômago, ao senti-lo seguir-me com aquele olhar intenso, revelaram-me que estava tudo prestes a ir por água abaixo.

 Era evidente que o limite dele eram cinco dias. Graças a Deus estavam outras pessoas na sala. O João estava a folhear ampliações lustrosas da sessão fotográfica da semana anterior. A mulher das fotografias usava uma lingerie branca e sexy, de renda, com cintos de liga e meias, mas o Matheus não lhe estava a dar a mínima atenção. O Matheus seguia todos os meus movimentos. Pousei uma pasta que a secretária dele me tinha entregado sobre a mesa de vidro, do lado oposto da sala, e impus algum distância entre nós, sentando-me no sofá.

O Matheus levantou-se descontraidamente da secretária e dirigiu-se ao pequeno frigorífico embutido no aparador, para tirar algumas garrafas de água. Estava com um olhar malicioso. Colocou uma garrafa à frente do João, enquanto este continuava a ver a mulher de lingerie, e depois veio até mim para me dar uma. Os seus olhos incendiaram-se, ao roçarmos os dedos um no outro, e ele inclinou-se para mim, visivelmente indiferente ao facto de alguém poder estar a dar-nos atenção.

— Vi isto no corredor, em frente ao teu gabinete, e calculei que o tivesses deixado cair — disse ele, entregando-me um batom do cieiro.

O brilho nos seus olhos parecia dizer-me que o observasse com mais atenção, e foi o que fiz. Deu-me o batom com sabor a cereja e baixou os olhos para a minha boca. Eu sorri, como uma adolescente.

Como retribuição, esperei que ele voltasse a sentar-se na secretária, abri o tubo e cobri lentamente os lábios de batom, muito lentamente, lambendo-os da forma mais obscena possível. O Matheus parecia estar prestes a mandar sair toda a gente. 

O seu olhar tornou-se ferino. Acabo de provocar um touro, e até estava de vestido vermelho. Mexi-me no sofá e tentei evitar aquele olhar feroz, mas era impossível. Ele era demasiado irresistível e, quando ficava com aquele brilho no olhar, arrebatava-me por completo os sentidos. Foi certamente por isso que, quando me disse em silêncio "Vai para a casa de banho e tira as cuecas", num momento em que ninguém estava a olhar.  Já tinha ocorrido fazê-lo, mas decidi não faze-lo.

Contudo, aquelas eram as minhas regras, portanto teria de ser eu a primeira a cumpri-las. Assim, em vez de puxar uma cadeira para junto da sua secretaria e me sentar perto deles, sentei-me mais para trás, no sofá, e continuei a ouvir, à distancia. Na noite anterior, o Matheus esteve num jantar de negócios, na outra ante, eu jantei com a minha mãe, e durante o resto da semana houve sempre algo. devido às nossas agendas, não estávamos juntos, nem os tocávamos sequer, desde a viagem, e eu estava a sentir-me carente ao máximo.

Algum tempo depois, o Matheus olhou para o relógio e perguntou se queríamos encomendar almoço.

— Não posso. Vou encontrar-me com a Noivazilla à hora do almoço, para ver umas amostras que não me interessam nada —  disse o João.

O Matheus olhou para mim.

— Estas com fome? E que tal se eu encomendasse a mesma coisa que comemos no Kansas, ao almoço, em ambos os dias?

O João virou-se na minha direção. Eu sorri para o Matheus e fiz um esforço para não corar, ao lembrar-me que o seu almoço era eu própria.

—  Sim, parece-me boa ideia—  disse-lhe, dando a primeira justificação que me veio á cabeça — Tenho um fraquinho pela aquela comida.

Minutos depois, fizemos uma pausa para o almoço. O Matheus fechou a porta depois do João sair. Quando olhou para mim, trancou a porta e fechou os estores todos.

O BossOnde histórias criam vida. Descubra agora