capitulo 10

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Um mês se passou e eu e o André estávamos cada vez mais próximos. Ele já fazia parte da minha vida, da minha rotina. Estávamos todos os dias juntos. Ele não se cansava de me fazer surpresas. Eu sentia-me verdadeiramente amada, o que me assustava. Tenho a certeza de que ele não se sentia amado. Apesar do amor que sentia por ele, eu não fazia questão de demonstra-lo.

Felizmente já tinha a carta de condução de mota, já não precisava das boleias de ninguém. Era a primeira vez a ir de mota para a escola.

O despertador que eu tanto odeio tocou. E pela primeira vez eu agradeci por isso uma vez que estava a ter um pesadelo com o Rui.

Fazia algum tempo que o Rui não aparecia. Pensava que ele me tinha deixado em paz finalmente.

Passados uns minutos do despertador ter tocado consegui ganhar energia para levantar-me da cama.

Usei o facto de ir de mota como motivação para me despachar mais rápido.

-Ileana, não te atrases.- Diz a minha mãe.- não queres que eu peça ao Paulo que te leve? - perguntou preocupada sabendo que eu ia de mota.

-Não mãe, não te preocupes. Não vai acontecer nada, ainda tens de me aturar durante muito tempo.- digo brincando um pouco com a preocupação que se notava perfeitamente no seu rosto.

-Cuidado filha...- diz-me.

-sim mãe, até logo. -Digo dando-lhe um beijo na bochecha antes de descer até a cozinha.

Bebi um iogurte, tomei o comprimido. De seguida agarrei na mochila pondo as alças nos dois ombros e peguei no capacete.

Agarro nas chaves de casa que estavam no móvel da entrada e saiu. Assim que fecho a porta recebi uma mensagem. Não é difícil de adivinhar de quem é.

-bom dia princesa.

-bom dia.-respondi. Esperei um pouco para receber resposta antes de arrancar.

-estou no portão para te dar um beijo.- respondeu.

-vou agora.-respondi.

Coloquei o capacete na cabeça e arranquei.

Estava bastante trânsito, mas não tive de me preocupar com isso.

Passei entre os carros que estavam parados pensando na sorte que tinha por ter mota. Já não precisava de apanhar uma seca no trânsito como apanhava sempre.

Estaciono a mota ao pé de todas as outras. Ao tirar o capacete senti-me observada por André.

Fomos ao encontro um do outro. A uma certa altura, diminuiu a distância que havia entre nós puxando-me até o meu corpo ficar junto ao dele, provocando um beijo longo.

-Não sabia que andavas de mota.- diz me assim que o beijo termina.

-só tenho carta desde ontem.-respondi.

Ele sorrio como se eu tivesse dito algo de outro mundo e voltou a beijar-me.

O toque de entrada tocou, mais uma vez estragou o momento. Confesso que só gosto daquele toca quando é para sair da sala.

-bem tens de ir para a aulinha.- diz-me tentando fazer-me inveja uma vez que já acabou o 12°ano.

-que piada.- digo mostrando cara feia e dando um leve empurrão no seu ombro.

Despedimo-nos com mais um beijo e fui para a aula. E para que conste, não cheguei atrasada.

Estava quase a adormecer na aula de português até que Ivana me dá uma cotovelada no braço esquerdo para me manter acordada. Provavelmente para lhe fazer companhia para ela não acabar por adormecer também.

Silêncio Profundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora