Era segunda feira, o dia em que tinha de me encontrar novamente com Rui.
O despertador tocou, o que me fez acordar.
Abri os olhos lentamente e desliguei-o.
O sono era tanto por causa dos comprimidos que não conseguia levantar-me. Fiquei mais uns minutos na cama.
O despertador tocou mais uma vez, e outra, e outra. Só me levantei quando a minha mãe apareceu no meu quarto.
-Hoje não te levantas?-perguntou grosseiramente.
-Vou já.- respondo revirando os olhos.
Olho para o telemóvel para ver as horas e percebo que já estou atrasada. Mas nem queria saber.
Um dia vou morrer, porquê que tenho de me esforçar a fazer algo que não gosto? Neste caso, ir para a escola.
Levantei-me da cama, tomei banho, vesti uma roupa escura e despachei-me.
Depois de estar despachada, peguei na mochila, nas chaves da mota e de casa, no capacete e saí dizendo até logo a quem ouvisse.
Depois de colocar o capacete e a mochila nos dois ombros arranquei para a escola.
Ao estacionar encontrei Rui.
Ele estava encostado nas grades da escola com um pé apoiado e a fumar um cigarro.
Saí da mota, tirei o capacete e encarei-o.
Estava farta, não queria mais trabalhar com ele. Achei que pudesse proteger o André. Eu odiava o Rui por tudo o que ele já me tinha feito e tudo o que já tinha tentado fazer.
Aproximei-me dele olhando-o nos olhos. Ele não desviou o olhar do meu assim como eu não desviei do dele.
-O quê que fazes aqui?- perguntei quando cheguei ao pé dele.
-Vim te buscar. Temos trabalho a fazer.-disse com um olhar sério.
-Eu não vou faltar às aulas para ir contigo.-disse grosseiramente.
-Estás armada em betinha agora?- disse desviando o seu olhar do meu.- vamos Ileana, não temos tempo.- disse dando alguns passos até que eu respondi fazendo-o parar.
-Eu não vou.-disse seriamente.
-Não é um pedido, é uma ordem.-disse-me tentando agarrar o meu braço, mas eu desviei-me.
-Não sou a tua cadela para acatar as tuas ordens. Vai tu sozinho.-disse aumentando o nível de voz e de raiva.
-Não sabes com quem te acabaste de meter.-disse virando-se de costas para começar a andar.
Caminhei até a entrada da escola e fui direta a sala, a minha sorte é que a professora de história se tinha atrasado como sempre.
Passados alguns segundos ela chegou.
....
O toque tocou e como sempre eu e a Ivana fomos até ao café para comer qualquer coisa depois da aula.
Na fila do café o meu telemóvel vibrou.
-bom dia princesa.-de André.
-bom dia.-respondi.
Passados alguns segundos recebi outra mensagem, mas desta vez de Rui.
-As 10:30 vou deixar uma mochila escondida ao pé duma das árvores da escola. Preciso que fiques com ela. É muito importante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Silêncio Profundo.
RandomIleana é uma adolescente com 17 anos. A sua vida deu uma volta enorme a uma dada altura da sua vida, como consequência dos atos de outras pessoas, Ileana teve de aprender a viver com duas coisas, depressão e mutilação. Transformou-se num coração de...