Fiquei paralisada enquanto lia aquela mensagem milhares de vezes, nem sei quantas vezes li.
Não podia fazer barulho ao sair de casa, seria estranho sair às 02:00 da manhã de casa. A minha mãe nem permitiria isso.
A mota iria fazer barulho, mas eu não podia demorar muito tempo, então não tinha escolha.
Levantei-me rapidamente assim que entrei no mundo real novamente. Vesti o mais rápido possível a roupa que me veio à mão, peguei no capacete, nas chaves da mota e desci.
Tentei fazer o menos barulho possível. A minha mota estava na garagem, óptimo o portão ia fazer um barulho enorme para ajudar na situação.
Abri a porta do carro que estava na garagem para tirar o comando da garagem, assim que o abri guardei-o no bolso do casaco.
Pus o capacete na cabeça, tirei a mota da garagem, fechei o portão e arranquei.
Fui até a alameda o mais rápido que pude. As ruas estavam desertas, não passava ninguém, não via carros e muito menos pessoas. Se fosse durante o dia, eu ficava descansada pelo facto da alameda ser bastante frequentada, mas eram 02:30 da manhã.
Quando lá cheguei, estava deserta como previra. Parei a mota sem a desligar e olhei ao meu redor. A única coisa que me chamou a atenção foram as luzes de um carro que estava parado acesas. Dirigi até ao mesmo, só pode ser ele, pensei.
Ao aproximar-me, desliguei a mota, assim que desci da mesma vejo uma sombra a sair do carro.
Era Rui como previra.
O seu olhar cruzou-se no meu, eu senti nojo daqueles olhos castanhos que um dia amei.
-o quê que queres!?-perguntei com a voz alterada.
-calma.- diz-me com um sorriso no rosto. Naquele momento só senti vontade de lhe dar outro murro.
-o quê que pretendes com isto?- perguntei. Eu realmente estava confusa. O que nós tivemos tinha passado há mais de dois anos. Éramos uns miúdos.
-Tu.- respondeu- além disso, preciso de um favor teu, assim podemos passar mais tempos juntos.
-primeiro, não me vais ter, nunca mais. Muito menos desta forma. Segundo, não te vou fazer nenhum favor, seja ele qual for. Para de perder tempo em vir atrás de mim e em ameaçar pessoas que nunca te fizeram mal.- respondi, olhando-o bem nos olhos para ter a certeza de que ele tinha percebido o recado. Mas não percebeu.
-primeiro, quem veio atrás de mim desta vez foste tu, eu só pedi que viesses, e tu vieste. Eu não te peguei pelo braço para vires até aqui. Segundo, vais fazer o favor sim, até porque não tens escolha.- respondeu, eu notei a vontade que ele tinha de sorrir, mas por algum motivo guardou-o só para si.
Como é que alguém consegue ser assim.
-Qual é o favor?- perguntei pensando no bem estar de André. Se alguma coisa lhe acontece-se a culpa seria minha. Na minha cabeça a culpa vai ser sempre minha mesmo que eu não tenha nada haver com o assunto.
-Entra para o carro, temos de ir a um sítio.- disse-me abrindo a porta do passageiro em que estava encostado.
-desde de quando é que tens a carta?- alguma coisa me disse que eu não devia de entrar dentro daquele carro, muito menos com Rui, aquela pessoa que eu já não conhecia, era como se fosse um desconhecido, talvez sempre tenha sido.
Talvez eu tenha-o visto como eu queria que ele fosse e não como ele realmente era.
-não tenho.- respondeu.
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Silêncio Profundo.
RandomIleana é uma adolescente com 17 anos. A sua vida deu uma volta enorme a uma dada altura da sua vida, como consequência dos atos de outras pessoas, Ileana teve de aprender a viver com duas coisas, depressão e mutilação. Transformou-se num coração de...