2. A rua trinta e seis

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  Victória acordou sentindo cheiro de chá de canela e sorriu. Seu amigo já estava acordado?

Então se espreguiçou e lembrou que aquele dia era o seu último no prédio. Três anos vivendo com as pessoas que se tornaram mais que amigos dela e agora iria para uma casa desconhecida.

Bom, ir para casas desconhecidas era algo normal na vida de um baby, acontece que ela era uma baby diferente e por isso nunca dormia nem se mudava para as casas dos daddys que a contratavam.

Era uma baby exclusivamente de companhia, só isso, os daddys podiam tocá-la claro, mas nunca dormir com ela. E tinha funcionado bem até os últimos meses... Foi quando decidiu que não dava mais, que precisava mudar e agora graças ao Baek, colega de quase todos eles a bem mais tempo do que ela vivia ali, seria possível.

Se virou de barriga para cima e sorriu para o teto.

Baekhyun era o revisor de contratos de quase todos os babys da rua trinta e seis. A rua trinta e seis era uma rua sem saída, pequena e endereço do prédio de babys mantido pela chefe Suzy. Afinal muitos babys eram de fora da Coreia, e existia espaços entre um contrato e outro por isso ela construiu aquele prédio para eles, para terem onde ficar entre um contrato e outro, fora que era o lugar mais divertido do mundo para si e para os amigos. Suzy não era a única naquele negócio, mas era a mais justa e segura. Sabia que a outra manager não era maleável e legal, ouvia coisas da outra agencia que preferia apagar na mente. Para sempre.

Vic entrou porque precisava ajudar quem a ajudou desde o nascimento, e queria fazer sua parte sozinha, sem a ajuda da prima que encontrou seu lugar no mundo e agora era casada, bem casada e tinha dinheiro. Ela não queria dinheiro dado, ela queria conquistá-lo por si mesma e por isso entrou no negócio de companhia, Suzy tinha dito que se quisesse seria só baby de passeio mesmo, que era como eram conhecidos os babys que não tinham sexo no contrato, e Vic nunca se decepcionou, o que a chefe dizia, ela cumpria. Contudo daddys podiam ser insistentes, ainda que obediente aos contratos e por isso ela decidiu parar, não pretendia mudar de ideia, ela queria ser freira quando entregasse para as irmãs do orfanato o novo orfanato novo e lindo que pretendia construir.

Seu único marido seria deus e não ia mesmo mudar de ideia! Mesmo que isso soasse insano a quase todos, contudo sua prima entedia, seus amigos entediam e para ela aquilo era o que importava.

Agora seria uma empregada mil e uma utilidades em uma vila de babys onde o Baek morava. Pelas visitas dele e a conversa que tinha com os outros, eles pareciam legais e o lugar tão divertido quanto ali, no prédio, por isso estava feliz, ia para um lugar bom e ia dar o seu melhor no novo emprego.

E então seu sorriso se foi, Luna iria com ela, mas a amiga que tinha resolvido deixar de ser baby também, de uma hora para outra, mesmo feito a entrevista com a Michelle, amiga da presidente, baby da vila e quem decidia as coisas por lá, mesmo estando tudo certo, desistiu dizendo que não ia dar, se desculpou e foi embora do prédio.

Vic ainda estava triste, ela mal se despediu, não explicou nada e parecia irritada. Luna nunca ficava irritada na vida. A cena não saia da sua mente.

— Está pensando na Luna de novo né, ma chérie!

E Fred estava ali, com uma xícara fumegante aos pés da cama dela com cara de riso. O amigo francês era um furacão entre eles, um dos babys mais caros, desejados e custosos de toda a rua e ainda assim era uma ceda de ser humano... E ainda assim, resolveu tirar férias de um ano para acompanhá-la no novo emprego, no lugar da Luna.

Foi decisão de última hora, mas Michelle aceitou o que a deixava aliviada pois embora conhecesse a Campone de vista e o Baek, embora só conversassem ocasionalmente, ir para um lugar cheio, mas cheio mesmo de ex daddys, quase dez Doms e onde os Kim moravam a fazia tremer na base mesmo. A mulher tinha garantido que eles eram muito fieis e que jamais a olhariam de forma estranha e tudo, mas né, Victoria tinha lá suas dúvidas e receios, por isso Fred aceitou ser empregado faz tudo junto dela, o que era tão insano quanto tudo o que acontecia nas últimas quarenta e oito horas.

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