19. Epifania

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  Z andava de um lado para o outro mesmo sentindo algumas dores nas costas. A queda foi violenta, porém podia ter sido fatal.

Se não fosse por um homem, um daddy, que agora estava entre a vida e a morte por sua causa. O acidente, uma fração de segundos, um instante, tudo aquilo espremido em quase nada... Alterou seu mundo todo.

Podia ter morrido, podia ter sido o fim. Mas um daddy que detalhe, era um gangster, salvou sua vida, salvou sua vida sem ter nenhum laço emotivo com ela, sem nada, ele não tinha obrigação nem responsabilidade, mas pulou sobre ela sem pensar duas vezes.

Aquilo mundo tudo, tudo.

Ela tinha exagerado e talvez aquilo foi a gota d'agua de todas as suas outras ações.

Mesmo sendo esposa de Jonghyun e Soohyuk, ainda – Talvez já não fosse naquele ponto – Eles não tinham o porquê trazê-la, sabia que todos a desprezavam agora.

Ela humilhou os daddys da família, agrediu os babys, foi cruel com todos, aquilo não tinha perdão dentro daquele mundo. Ela sabia. E ainda assim estava ali.

Seria sua prima? A possibilidade da morte a fez menos odiada àquela altura?

A quase morte mudou sua visão de mundo também, isso era inegável...

A porta estreita se abriu e ela se voltou para ela vendo Michelle entrar com um sorriso indulgente. Quase suspirou alto, não ia muito com a cara da meia irmã da presidente, porque sabia que a mulher era meio louca... E piorou tudo quando sua prima foi trabalhar para ela, mas a verdade era que... Z sabia exatamente quem era ela e do que era capaz. Sabia do que as filhas da Lady Campone eram capazes...

A fama as precediam dentro do submundo que passou a conhecer dois anos antes.

— Não devia estar de pé, Zhera...

— Quero saber onde vão me deixar... Jonghyun e Soohyuk já chegaram?

Ela sabia que eles viriam para o submarino depois, eles ficaram para trás para que os outros conseguissem fugir, era tão típico dos dois...

A brasileira negou e foi se sentar na cama estreita. Os quartos ali eram como celas, mas Zhera não se sentia confinada, não quando sua mente borbulhava em sentimentos complexos e pesarosos. Podia ter morrido... Podia ter sido seu último dia...

— Sente-se aqui, vem, quero lhe contar algo.

Soou como um pedido educado, mas Z sentiu a ordem por trás do tom. Ela era uma raposa, mais disfarçada do que Amber, claro, mas ainda assim uma raposa. Amber era a verdadeira mandachuva da sua casa e Z sabia que Michelle era da dela. Quase cem homens ao redor, mas ela era que dava a palavra final.

Ainda não entendia porque insistiam que ela era um baby, não fazia sentido nenhum...

— Z, vem.

Ela bateu na cama de leve e Z foi quase que bufando. Um pouco mais e cruzava os braços, se ela esperava uma confissão ia morrer de velha ali, aceitar que estava errada era diferente de admitir.

Ela olhou para frente, mas aparentemente, como a presidente, Michelle não deu a mínima.

— Eu nasci em uma casa diferente e até os cinco anos fui tratada como uma princesa, eu tinha tudo que uma garotinha poderia querer e o pai mais amoroso e carinhoso do mundo. Um irmão mais velho legal até e uma mãe linda e glamorosa que eu queria imitar. E então meu mundo ruiu, meu pai morreu, minha mãe foi embora e eu fiquei com meu irmão que começou a me treinar como uma máquina de matar insensível, mas eu era rebelde e resisti, resisti e apanhei muito também. Eu passava fome muitas vezes, e sede, ficava trancada em um porão escuro para "refletir" sobre a minha teimosia e era obrigada a decorar as formas mais cruéis e vis de tortura. Mas eu ainda mantinha o amor devotado do meu pai no coração e jamais fui capaz de matar uma barata.

Contrato invejávelOnde histórias criam vida. Descubra agora