Capítulo 1

11.5K 795 97
                                    

Boa leitura ♥

Rio Verde ( GO ) Brasil

Estaciono em frente a casa de minha única e melhor amiga. Já faz vinte minutos que ela me faz esperar nesse calor infernal. Heduarda sabe que odeio esperar. Meus pés batem freneticamente e minhas mãos tremem. Estou estourando de ansiedade e a Heduarda nada de aparecer.

  Quando estou prestes a ir embora ela aparece.

— A clínica só abre as duas, então não enche o saco.

— Bom dia pra você também. Entra antes que eu te mate — falo.

Heduarda beija minha barriga quando entra no carro. Reviro os olhos.

— Sabe que  posso não estar grávida, não é? — pergunto.

— Você está grávida, só não quer acreditar.

   Dou de ombros e seguimos para uma lanchonete no centro. Ficamos lá até que desse duas da tarde. 

  Se essa gravidez se confirmasse tio Samuel faria picadinho de Maya e Pedro. Por que não segurei a piriquita? Mas releve, Pedro é o sonho de consumo de qualquer mulher. Loiro dos olhos azuis e um corpo... Foram três meses de amizade que depois tornou-se beijos e carícias. Até que finalmente a gente transou no celeiro. Perdi minha virgindade com ele. Foi necessário uma única vez para que eu engravidasse. Heduarda está certa, sinto que estou grávida, mas não quero acreditar.

O próprio Pedro me pediu para fazer um exame .Ele me pegou duas vezes debruçada no vaso pondo tudo para fora. Ser mãe aos vinte anos não estava em meus planos. Mas exatamente o que estava nos meus planos? Ter um tio super protetor é um saco. Nunca fui para a escola, estudei em casa. Se penso em fazer faculdade? Não, entrei nesse assunto e recebi um belo e sonoro NÃO. Não consigo entender meu tio. Não tenho celular, nada de tecnologia em casa. Até chego a pensar que ainda vivo no passado.

   Pedro foi mero acaso do destino. Ele começou a trabalhar na fazenda por ordens do pai. Fiquei encantada com o rapaz. Era raro eu ver um homem.

  Depois que a gente transou ele quis assumir um relacionamento comigo. Mas eu não quis, ter a cadela da mãe dele como sogra era algo que eu não queria. A velha jamais aceitaria que o filho precioso namorasse com uma negra caipira.

— Eu adoraria ter um cabelo igual o seu. Tem certeza que não tem química aí? — Heduarda me tira dos meus pensamentos.

— Zero de química e seus cachos são lindos.

E é verdade. Heduarda é uma negra linda, me disse que já sofreu muito preconceito por causa da cor e dos cabelos. Mas que negro nunca sofreu preconceito?

   Sou um pouco mais clara que ela e tenho cabelos lisos. Tio Samuel nunca me fala sobre meus pais. A única coisa que sei é que minha mãe se chamava Julie.

— Olha aquilo!

  Viro o rosto e olho para onde Heduarda aponta. Quatro carros de luxo passam na rua. As pessoas do lado de fora olham com deslumbre para as máquinas reluzentes. Até eu fico um pouco impressionada.

— Quem será?

— Possivelmente algum político esbanjador — dou de ombros e volto a comer meu sanduíche.

   Ultimamente nada para no meu estômago. Sorrio, ao perceber que ainda não corri para o banheiro.

— Já são uma e cinquenta e cinco. Vamos lá futura mamãe!

Depois do Perigo #4 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora