A dor estava ficando insuportável, eu já não conseguia fazer mais nada. Estamos nesse processo de empurrar há horas.— Por que o bebê não está saindo? — Sophie pergunta para Alissa.
— Eu não sei. Mas ela está perdendo muito sangue.
Estranho não é? Alissa, a mulher que me odeia, que nos jogou nessa situação, está fazendo meu parto. Ela foi obrigada pela Sophie.
— Empurra de novo.
— Não consigo...
Estou exausta, tudo o que eu queria e fechar os olhos e dormir.
— Nem pensa nisso — Alissa diz e bate no meu rosto. — Você tem que colocar esse menino para fora, agora mesmo!
Minha cabeça está nas coxas de Heduarda, ela faz uma massagem relaxante.
— Quando a contração vier faça força. Empurre esse menino!
Jamais pensei que essa merda toda fosse acontecer. Eu quero ver o rostinho do meu bebê, quero sair desse lugar e ter minha vida de volta.
— Seja forte — Heduarda diz.
A contração vem, e uso todas as forças que me restam.
***
NIKOLAI
O carro faz uma curva e quase caímos no desfiladeiro. Porra!
— Devagar — Ivan diz.
— Devagar o caralho! — Dylan rebate.
Tanto ele quanto eu estamos uma pilha de nervos. Temo pela vida de Maya e Oliver. Minha mulher pode ganhar o bebê a qualquer momento, e ela está lá com aquele filho da puta do Aspen. Quando eu por minhas mãos nele...
— Falta pouco — Ivan fala.
Foi fácil achar a localização do esconderijo de Aspen. Demorou algumas horas, mas no fim tivemos a localização exata. Descobrir que Maya foi raptada abalou meu mundo.
Nunca pensei que sentiria essa angústia de novo. Toda a minha vida depois do sequestro da minha mãe foi meticulosamente planejada, fiz uma promessa de nunca mais deixar algo de ruim acontecer com alguém que eu amava. E vou cumprir. Nem que por isso eu morra.
— Vai devagar, estamos chegando.
Diminuo a velocidade. Deixo os outros carros passarem na frente. Trouxemos um batalhão conosco. Todo o meu corpo anseia por sangue, todos que tentarem me enfrentar vão morrer, essa raiva que sinto me contamina.
Ainda tem a Alissa, essa eu vou fazer sofrer. A vadia pensa que vai se safar.
Escutamos os tiros. Essa é a nossa deixa. Saímos do carro empunhando armas. Dessa vez usamos coletes à prova de balas, todo cuidado é pouco com esses sicilianos de merda.
Aspen escolheu um velho prédio abandonado, típico de amadores.
Caminhamos para a parte de trás do edifício, nesse meio tempo matei dois. Ivan e Dylan fazem minha segurança por trás.
A fachada velha é só para camuflar o luxo que é por dentro.
- Tudo limpo, senhor - um dos meus homens diz. Tem vários corpos no chão.
Subimos a escada. Cada degrau e meu coração parece que vai sair pela boca.
Dois homens aparecem no topo da escada e Ivan elimina-os rapidamente.
Nos dividimos em grupos.
— Silêncio!
Paro e olho para Ivan.
— Escutou?
E é aí que eu escuto. O choro de bebê. Meu coração acelera.
— Temos que ir. Rápido — grito.
Escuto o tiro e o grito de mulher. Merda...
Dylan fica pálido, foi o grito de Sophie.
Todos nós corremos para o andar de cima.
***
MAYA
O choro de bebê ultrapassa a névoa que meu corpo entrou. Tudo é um borrão. As vozes das meninas é fraca.
— Maya? — escuto Heduarda dizer.
— Temos que cortar o cordão.
— Ela não para de sangrar!
— Maya?
— Reaja, Maya!
Forço minha visão a voltar ao normal. Quero poder ver meu filho.
Heduarda apoia minha cabeça no colchão velho.
O estrondo da porta faz meu corpo ficar tenso.
— Pega a criança! — a voz do albino se faz presente.
Tudo vira um borrão. Vejo o corpo de Heduarda cair no chão, um puxão na barriga e o choro estridente do meu bebê.
— Você não vai levar ele! — Alissa grita.
Um tiro. O grito de Sophie. O albino pegando meu filho dos braços de Alissa. Alissa caindo no chão.
— Até mais, Maya.
Aspen sai com o meu filho.
— Não...
Tento levantar, mas não tenho forças. Percebo que Sophie faz pressão na barriga de Alissa.
— Não morre, por favor.
As lágrimas inundam meu rosto. Meu filho.
Tudo o que vejo antes apagar é o rosto de Nikolai.
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Depois do Perigo #4 |Série Tambovskaya
RomansÚltima história da Série Tambovskaya Aos vinte e cinco anos e chefe da Tambovskaya a vida de Nikolai Strokous não é nada fácil. Aquele menino que um dia foi risonho e divertido já não é o mesmo. Frio, assassino. Foi isso o que ele se tornou. A simp...