Capítulo 22

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A dor estava ficando insuportável, eu já não conseguia fazer mais nada. Estamos nesse processo de empurrar há horas.

— Por que o bebê não está saindo? — Sophie pergunta para Alissa.

— Eu não sei. Mas ela está perdendo muito sangue.

Estranho não é? Alissa, a mulher que me odeia, que nos jogou nessa situação, está fazendo meu parto. Ela foi obrigada pela Sophie.

— Empurra de novo.

— Não consigo...

Estou exausta, tudo o que eu queria e fechar os olhos e dormir.

— Nem pensa nisso — Alissa diz e bate no meu rosto. — Você tem que colocar esse menino para fora, agora mesmo!

Minha cabeça está nas coxas de Heduarda, ela faz uma massagem relaxante.

— Quando a contração vier faça força. Empurre esse menino!

Jamais pensei que essa merda toda fosse acontecer. Eu quero ver o rostinho do meu bebê, quero sair desse lugar e ter minha vida de volta.

— Seja forte — Heduarda diz.

A contração vem, e uso todas as forças que me restam.

***

NIKOLAI

O carro faz uma curva e quase caímos no desfiladeiro. Porra!

— Devagar — Ivan diz.

— Devagar o caralho! — Dylan rebate.

Tanto ele quanto eu estamos uma pilha de nervos. Temo pela  vida de Maya e Oliver. Minha mulher pode ganhar o bebê a qualquer momento, e ela está lá com aquele filho da puta do Aspen. Quando eu por minhas mãos nele...

— Falta pouco — Ivan fala.

Foi fácil achar a localização do esconderijo de Aspen. Demorou algumas horas, mas no fim tivemos a localização exata. Descobrir que Maya foi raptada abalou meu mundo.

Nunca pensei que sentiria essa angústia de novo. Toda a minha vida depois do sequestro da minha mãe foi meticulosamente planejada, fiz uma promessa de nunca mais deixar algo de ruim acontecer com alguém que eu amava. E vou cumprir. Nem que por isso eu morra.

— Vai devagar, estamos chegando.

Diminuo a velocidade. Deixo os outros carros passarem na frente. Trouxemos um batalhão conosco. Todo o meu corpo anseia por sangue, todos que tentarem me enfrentar vão morrer, essa raiva que sinto me contamina.

Ainda tem a Alissa, essa eu vou fazer sofrer. A vadia pensa que vai se safar.

Escutamos os tiros. Essa é a nossa deixa. Saímos do carro empunhando armas. Dessa vez usamos coletes à prova de balas, todo cuidado é pouco com esses sicilianos de merda.

Aspen escolheu um velho prédio abandonado, típico de amadores.

Caminhamos para a parte de trás do edifício, nesse meio tempo matei dois. Ivan e Dylan fazem minha segurança por trás.

A fachada velha é só para camuflar o luxo que é por dentro.

- Tudo limpo, senhor - um dos meus homens diz. Tem vários corpos no chão.

Subimos a escada. Cada degrau e meu coração parece que vai sair pela boca.

Dois homens aparecem no topo da escada e Ivan elimina-os rapidamente.

Nos dividimos em grupos.

— Silêncio!

Paro e olho para Ivan.

— Escutou?

E é aí que eu escuto. O choro de bebê. Meu coração acelera.

— Temos que ir. Rápido — grito.

Escuto o tiro e o grito de mulher. Merda...

Dylan fica pálido, foi o grito de Sophie.

Todos nós corremos para o andar de cima.

***

MAYA

O choro de bebê ultrapassa a névoa que meu corpo entrou. Tudo é um borrão. As vozes das meninas é fraca.

— Maya? — escuto Heduarda dizer.

— Temos que cortar o cordão.

— Ela não para de sangrar!

— Maya?

— Reaja, Maya!

Forço minha visão a voltar ao normal. Quero poder ver meu filho.

Heduarda apoia minha cabeça no colchão velho.

O estrondo da porta faz meu corpo ficar tenso.

— Pega a criança! — a voz do albino se faz presente.

Tudo vira um borrão. Vejo o corpo de Heduarda cair no chão, um puxão na barriga e o choro estridente do meu bebê.

— Você não vai levar ele! — Alissa grita.

Um tiro. O grito de Sophie. O albino pegando meu filho dos braços de Alissa. Alissa caindo no chão.

— Até mais, Maya.

Aspen sai com o meu filho.

— Não...

Tento levantar, mas não tenho forças. Percebo que Sophie faz pressão na barriga de Alissa.

— Não morre, por favor.

As lágrimas inundam meu rosto. Meu filho.

Tudo o que vejo antes apagar é o rosto de Nikolai.

Depois do Perigo #4 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora