Capítulo 5

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Senti que estava sendo observada, mas a dormência nas mãos e pés era mais importante. Meu corpo todo era uma sensação de cansaço. A quentura do cobertor era agradável.

- Há quanto tempo ela está dormindo? - uma voz feminina pergunta.

- Encontrei ela desmaiada ontem de tarde - Nikolai diz.

- O que essa garota faz aqui? Quem é ela?

Escuto passos e a cama afunda ao meu lado. Uma mão macia toca meu rosto e estremeço.

- É uma longa história mãe. Devo mantê-la aqui até que eu consiga organizar tudo. 

   Então é a mãe dele. A mão faz pressão na minha testa.

- Não está febril - a voz dela é suave - Quantos anos ela tem?

- Vinte anos, eu acho.

- Tem algo diferente nela. Tem mais alguma coisa pra me dizer?

   Escuto ele suspirar.

- Bom, matei o suposto tio dela, matei um loiro que talvez era o namorado e ela está grávida.

  A mulher diz algo em russo e sinto um leve toque na minha barriga. Assustada eu abro os olhos e me afasto dela.

  Encontro o olhar firme de Nikolai e o olhar simpático da mulher. Ela é linda, apesar das madeixas cinzas no cabelo castanho. O sorriso gentil me deixa menos apreensiva.

- Não tenha medo - ela diz - Como se sente?

- Com frio e sede.

- Vá buscar um pouco de água para ela - a mulher diz para Nikolai. Ele me olha e sai do quarto.

  Só então percebo que estou sem roupa. Merda. Observando o lugar percebo que não estou no quarto onde durmo. Os móveis são de um tom mais escuro e é bem maior que o meu. Uma enorme parede de vidro que escorre água deixa o lugar menos sombrio.

- Onde estão minhas roupas?

- Ah, Nikolai teve que tirar elas de você.

   Sinto todo o meu rosto esquentar.

- Meu filho disse que te achou desmaiada de baixo de chuva. O que aconteceu menina?

   Então as lembranças dos vídeos vêem na minha cabeça. As lamentações das garotas, as descrições sobre o que meu tio fez. Um monstro, era isso o que ele era. As lágrimas irrompem e caio no choro. Os braços da mulher me envolvem e choro contra o peito dela.

- Shhi... não chore querida.

  Mas eu continuei chorando. A dor era demais. Tudo o que eu pensava sobre meu tio era uma mentira. Quem na verdade era ele? Por que fez aquilo com aquelas pessoas?

   Aos poucos eu fui me acalmando. A mulher passava as mãos nas minhas costas e dizia que tudo ficaria bem. Eu queria acreditar nela.

- Sente-se melhor?

- Obrigado senhora...

- Pode me chamar de Oksana - ela fala - Maya é o seu nome, não é?

  Aceno. Nikolai volta. Puxo a coberta até meu pescoço.

- Onde estão suas roupas? - Oksana pergunta.

- Não providenciei roupas para ela ainda - Nikolai diz. Ele me entrega um copo e bebo tudo.

- Kristana deve ter deixado alguma coisa por aqui. Espere um pouco e voltarei.

- Duvido que com aquele tamanho Kristana tenha algo que vai servir nela - Nikolai fala.

Depois do Perigo #4 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora