Chicago
Já faz quatro dias que estou neste quarto. Uma senhora sempre me traz comida, mas não como. Meu apetite se foi juntamente com as lágrimas. Chorei tanto que no outro dia meus olhos ficaram inchados.As lembranças de meu tio sendo morto e do corpo de Pedro me assombram. Já acordei aos gritos.
Deus! O que aconteceu com minha vida? Eu era uma simples garota do interior e agora estou sendo mantida trancada em um quarto.
Os únicos rostos que vi foram o de uma senhora e do Dylan. O monstro do Nikolai não apareceu e fico grata por isso.
Rolo na cama e toco minha barriga. O que será do meu bebê? Ainda não tive tempo de digerir a notícia. Todos os acontecimentos dos dias anteriores não deixaram eu pensar em um futuro.
Só queria minha vida de volta.
A porta é aberta e a senhora entra com mais uma bandeja. Ela observa a outra bandeja intacta sobre a cômoda.
— O senhor Stroukos disse que a senhorita está grávida. Sabe que se não comer isso vai afetar o bebê.
— Estou sem fome.
— Então coma pelo bebê — ela diz e senta na cama. Entrega a bandeja.
— Fui eu que fiz o jantar. Posso experimentar caso esteja receosa.
Olho o que parece ser um frango com batata. Parece ser bom. Meu estômago reclama.
— Obrigada — falo.
Ela se levanta e pega a outra bandeja.
— Se precisar de alguma é só me chamar.
Aceno e ela sai. Como tudo o que ela trouxe. A comida estava maravilhosa.
Mas três horas depois eu estava debruçada no vaso.
Não lembro quantas vezes eu vomitei nesses últimos dias, mesmo não tendo nada no estômago.
Olho - me no espelho. As olheiras profundas mostram como estou acabada.
Saio do banheiro e vou até a janela que vai do teto ao chão. A enorme cidade se expande na minha frente. Provavelmente estou em um apartamento.
Crio coragem e testo a maçaneta. Aberta.
Um extenso corredor aparece quando abro a porta. Está tudo escuro. Saio para fora e caminho seguindo a parede. Calafrios percorrem meu corpo enquanto sigo pelo corredor.
O corredor dá em uma enorme sala. A luz está acesa. Vários móveis chiques, um lustre enorme. Vou até a porta e tento abrir a porta. Trancada. Claro!
Minha barriga ronca alto. Droga, o relógio na parede mostra que já é três da manhã. Provavelmente a senhora foi embora.
O apartamento está silencioso. Talvez ninguém repare que eu mexi na geladeira. Não! Eu posso esperar até amanhã. Sento na poltrona extremamente confortável e puxo as pernas para cima. Apoio a cabeça nos joelhos e fecho os olhos.
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Depois do Perigo #4 |Série Tambovskaya
RomanceÚltima história da Série Tambovskaya Aos vinte e cinco anos e chefe da Tambovskaya a vida de Nikolai Strokous não é nada fácil. Aquele menino que um dia foi risonho e divertido já não é o mesmo. Frio, assassino. Foi isso o que ele se tornou. A simp...