A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Terras Sombrias

Capítulo 4

A carruagem agora inclinada continuava seu caminho, pedras na estrada faziam Adam chacoalhar e bater a cabeça contra os sofás de veludo onde membros dos Dominic estavam, sem dizer uma única palavra simplesmente o encaravam, a imagem vulnerável dele amarrado por fitas de seda vermelha como um presente que estavam prestes a entregar à família sombria que residia nas montanhas. Era um caminho longo e podia se notar que a noite já havia caído sobre Sea, as corujas podiam ser ouvidas assim como o soprar do vendo a medida que eles seguiam em direção à mansão escarlate e mesmo que não pudesse enxergar o que lhe cercava naquele momento ele sabia que as terras dessa montanha não eram puras, era possível sentir o frio, o cheiro de morte e até o canto fúnebre dos corvos que se misturavam com o impacto dos cascos dos cavalos sobre o solo rochoso causando ansiedade e medo, com sua boca coberta apenas seus olhos verdes deixavam claro o que estava sentindo, as esmeraldas brilhantes eram como o espelho de sua alma.

Com o coração disparado ele respirava fundo, as palavras de Ulric se repetiam em sua mente, os gritos daqueles que cultuavam os Valero mostrava o lado sombrio da hierarquia e um sacrifício, entrega de uma vida para eles nada significaria porque eles temem, são covardes e jamais se levantariam contra monstros, monstros mais assustadores que a própria humanidade, o desconhecido e obscuro mundo cercado por lendas e mitos que fazem até os mais velhos se arrepiar pois, todos sabem muito bem o quão egoísta alguém pode ser quando se trata de sua própria vida e diante do perigo tão temido das trevas eles sacrificam sem dó e glorificam a morte.

A mão de um deles pousa sobre os cabelos de Adam, o acariciando como um animal doméstico ele sorri, a beleza do jovem era inegável e até os corações mais frios sucumbiam, todos sentiam uma energia diferente emanar daquele que seria entregue à Elaja e sabiam que tudo que os mais poderosos desejavam era a satisfação deles, escolhido por olhos atentos como de uma águia todos concordavam com a esplêndida escolha e a simples admiração de um dos Dominic era a prova disso.

— Ouça-me com atenção, a carruagem entrou nas terras sombrias dos Valero, você terá que atravessar a floresta negra até a entrada da mansão e o único conselho que posso lhe dar é que jamais fuja. Todos tem medo por um motivo plausível então não desperdice sua vida. — disse afastando sua mão dos cabelos de Adam.

A carruagem finalmente parou, uma parada brusca com o relinchar dos cavalos e daquele ponto ninguém avançaria além de Adam que foi colocado de pé, as fitas que foram amarradas em suas pernas retiradas, apenas restando aquelas que envolviam seus braços e boca, com a respiração descompassada foi levado para fora, a noite sem estrelas estava sobre eles com apenas a lua brilhando ao longe quase coberta pelas nuvens negras, o vento frio soprava o fazendo arrepiar, os tecidos finos que cobriam seu corpo não eram o suficiente chegando a transparecer a cor de sua pele.

Á sua frente havia uma floresta escura, as árvores secas e as folhas mortas ao chão alertavam sobre a amaldiçoada terra, infértil e sombria regida pelas trevas sob um céu sem estrelas onde não se encontraria misericórdia ao implorar por socorro pois ali eram terras esquecidas que nenhum ser vivo ousava caminhar porque era como ultrapassar a linha entre o mundo dos vivos e dos mortos, um lugar que a simples brisa do vento cantando entre as árvores lembrava gritos de desespero, talvez almas perdidas capturadas pelas trevas que ali residiam, puras ou não a certeza era que todas haviam sofrido até seu último suspiro.

O homem de manto negro se virou de costas caminhando de volta para a carruagem, Adam ao encarar a floresta negra diante de seus olhos caiu de joelhos e suas mãos amarradas se agarraram á o manto do homem que se virou o encarando, o desespero fazia os mais corajosos se ajoelharem sem se importar com a humilhação, era o instinto gritando por sobrevivência mesmo que isso significasse se ajoelhar diante de seu inimigo, o clã Dominic, frios e fiéis a criaturas jamais vistas, a visão aterrorizante da floresta deve ser louvada por eles o quer fez o jovem se perguntar se entre suas veias corria sangue.