Sacrifícios

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Capítulo 21

Entre os corredores frios do palácio o soberano Vitia caminhava impaciente em direção a uma discreta sala no lado mais escuro da majestosa construção, estava nervoso e sempre olhando cuidadosamente os arredores a cada passo enquanto os mesmos ecoavam pela imensidão daquele lugar. Existem olhos, ouvidos e línguas venenosas que os vigiam, ele é uma simples marionete que se apresentar defeitos será devorada sem nenhuma piedade, os olhos presentes naquelas pinturas, o mar de fogo vermelho era seu maior medo, sabia que seu corpo era fraco, sua espada poderia derreter se eles desejassem mas, não poderia continuar onde estava, a posição de submissão era a maior humilhação que já passou, jamais seus ancestrais fizeram reverência para nenhum homem, jamais o reino foi tocado por inimigos e tomado daquela forma.

Mãos amaldiçoadas pousaram sob o reino antes repleto de luz, Sea o reino das águas mais límpidas e das fortalezas mais impenetráveis. As sombras foram libertas do reino das trevas, esgueirando-se entre a escuridão suas garras mataram e alertaram com sangue o rei regente que começou a temê-los e viu com seus próprios olhos Elaja Valero se apossar do trono, viu os mais fortes tremerem de medo e os mais influentes se ajoelharem mesmo que o chão antes brilhante estivesse manchado de sangue tingindo não apenas suas roupas mas, também suas honras.

Vitia parou diante de uma enorme porta de ferro, a empurrou gentilmente fazendo a poeira que se acumulava no chão se espalhar pelo ar. Seus olhos se ergueram e encontraram Wilfried andando de um lado para o outro sempre com sua mão firme segurando a espada que ostentava na bainha em sua cintura, a primeira reação do guerreiro foi caminhar rapidamente na direção de seu soberano tão afobado e nervoso quanto aquele que fingia estar calmo diante de sua presença.

A sala cheirava a mofo, ali naquele pequeno lugar descansava a memória de um reino sem os Valero, os vários documentos de um império regido por humanos, pela verdadeira família real que agora não passa de fantoches. Cada pedaço de papel ali representa a glória perdida que o soberano mesmo que um simples humano deseja recuperar, que as trombetas um dia toquem em comemoração a libertação das trevas.

— Você está louco Vitia?— disse sem controlar o tom de sua voz.

— Louco são aqueles que se calam.

Wilfried estava claramente com medo, o guerreiro estava temendo por sua vida como nunca havia temido mesmo entre os mais sangrentos campos de batalha, suas mãos arremessaram a carta no soberano que se manteve com a expressão apática mesmo que por dentro estivesse um turbilhão de emoções. Seu objetivo era cativar todos os cinco cavaleiros e para isso deveria permanecer firme diante deles, ele deseja guerra e precisa de um exército fiel ao seu propósito.

— Wilfried, eu entendo seu medo, todos os temem e não ousam confrontá-los mas, chega. Até quando seremos submissos entregando vidas inocentes e jovens a homens como eles? Eu vi nos olhos daquele garoto como a imagem de um rei de verdade se desmanchou, me tornei um fraco em segundos e agora ele está debaixo da terra.— a voz do soberano falhou ao lembrar do olhar de Adam ao ser marcado diante dele, o olhar de quem implorava por socorro.

— Quer retomar o controle de Sea e entendo isso mas, seremos dizimados antes que nossas espadas se ergam.

— O sacrifício fará todos acordarem, se não formos capazes de derrotá-los quero apenas ferir o máximo que posso. Desestabilizar a ideia que eles são intocáveis pode ser o suficiente.

— Não temos homens que iriam contra os Valero, sei que deseja o exército de Onfroi mas, sei que em todos lugares existem olhos atentos aos mínimos movimentos.

— Desejo não só seu exército como também o de Versen, Dardeno, Alain e Ermo. Quero todos os exércitos marchando por uma causa só, vamos atacar a mansão e acabar com tudo que conseguirmos.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora