A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Sombras Do Passado

Capítulo 16

Mentes entorpecidas pelas sensações descobertas diante de singelos toques, a fera se deliciava enquanto o corpo de seu prometido estava rendido em seus braços como deveria ser, de olhos fechados os gritos se tornavam suspiros enchendo ambos os corpos de desejos desconhecidos, pecaminosos e ardentes como o próprio fogo enquanto Elaja se perguntava o porque da frágil criatura presa por suas garras estar tão confiante, se entregando sem pensar duas vezes mesmo que sua vida esteja em perigo diante da sua sede incontrolável ao simplesmente sentir o calor do corpo humano, o sangue quente que escorria por sua garganta o fazia se sentir vivo como nunca sentiu, sua casca fria era aquecida pelas doces gotas e entre os gostos, texturas e temperaturas ele sentia o prazer tomar seu corpo trazendo à tona instintos ferozes escondidos em suas densas camadas que iam caindo, Adam conseguia derrubá-las sem nenhum esforço apenas estando ali era o suficiente para que tudo fosse exposto.

Era diferente da última vez, era muito melhor, se tratava de uma ligação inexplicável enquanto de alguma forma seus corpos estavam conectados, as lembranças ruins eram afastadas por aquelas sensações e tudo que restava era eles e nada mais, tudo ao redor se tornava escuro e os brilhantes olhos se encaravam de forma intensa, os lábios de sua presa entreabertos enquanto ofegante deixava suas mãos se agarrarem ao fino tecido que cobria a pele de Elaja. Naquele momento não havia culpa, suas memórias se tornavam fumaça e tudo que tomava sua mente era Adam, suas texturas, seu gosto, seu corpo e aquele estranho e agradável momento que compartilhavam.

Seu lado racional dizia para parar mas, o lado sombrio queria continuar, a pele pálida manchada pelo sangue de seu prometido escorrendo pelo canto da sua boca e o olhar cansado de Adam, a roupa fina que ele vestia não era nada diante de das garras que cresciam nas mãos do futuro rei das sombras, o jovem tinha uma doce alma, uma alma tentadora, o gosto do seu sangue parecia chamar o mal que desejava corrompê-lo cada vez mais, ambos caindo em um caminho de perdição sem limites. Isso era o excitante em caminhar ao lado da tentação, tanta adrenalina, tanto desejo que poderia consumir os dois, parecia os incendiar por dentro de tão belo e assustador que era.

— Veja com seus próprios olhos o que seu gosto faz comigo, sinta como eu sinto e veja o quão tolo você é por estar aqui. Caminhar ao lado de um demônio é perigoso e excitante, nunca puro.— sussurrou acariciando os cabelos do jovem.

— Nunca achei que seria seguro, queria fugir disso mas, se eu fugisse, com certeza, meu fim seria cruel. — disse enquanto ofegava.

A imagem de Elaja foi tingida por sangue, seu sangue e ele agora podia ver a tão temida criatura em mais uma de suas faces enquanto se perguntava o que aconteceria se aqueles olhos escarlates fossem consumidos pelas sombras até perderem seu brilho que reluzia em maio à escuridão podendo ser ainda mais cruel, capaz de derramar mais de seu sangue, causando ainda mais dor e tomando o trono que seria erguido por corpos inocentes daqueles que nunca acreditaram no sobrenatural, daqueles que jamais imaginaram as sombras que cercam o reino que antes brilhava à luz do sol.

— Seu sangue é um vício, apenas de sentir seu cheiro eu fraquejei então jamais repita isso Adam. Eu sou um ser das trevas, não sou humano, aqui dentro tudo é tão silencioso e frio e nada mudará isso. — disse colocando a mão de Adam em seu peito.

— Deseja ser humano?— a voz do jovem falhou ao perguntar algo que fez o olhar de Elaja desviar.

Ele se afastou subitamente do jovem mesmo que desejasse sentir mais daquele calor que emanava do delicado corpo humano, seus olhos fitaram o nada e em sua mente tudo parecia se repetir, cada atrocidade que cometeu ganhava vida em seus pensamentos e era possível voltar a ver o desespero nos olhos das pessoas, sentir o cheiro de morte e emergir na escuridão que parecia engolir todas as suas esperanças. Queria poder esquecer, desejava seguir em frente mas, mesmo após tanto tempo as lembranças continuavam nítidas assim como o sentimento de culpa, era uma areia movediça que o arrastava consigo cada vez mais.