Espelho

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Capítulo 7

Adam estava aterrorizado com a masmorra dos Valero, o lugar úmido e frio era escuro o bastante para ninguém ali ter noção se era dia ou noite o que parecia mais uma tortura, como uma noite sem fim que trazia mil pesadelos, dores e medos enlouquecendo até os mais fortes que apenas se deixavam ser engolidos pela escuridão e entre os gritos, choros e súplicas ele se perguntava se todas aquelas pessoas em celas e presas em correntes provavelmente tinham a mesma origem que ele, se seu futuro era aquele ou deveria esperar algo muito pior daqueles que não possuem coração reinando sobre a hierarquia com crueldade e mesmo assim aclamados. Sua mente vagava pelas últimas lembranças, as cenas aterrorizantes que vivenciou nos primeiros minutos até conhecer aquele que seria seu dono de acordo com o contrato de sangue.

Em seus olhos havia fome, ele percebeu que por um momento viu Elaja como uma criatura pior que seus irmãos, nele havia algo mais forte como se a origem de toda escuridão emanasse dele, era como encarar a raiz do mal e diante de asas majestosas ele já não pode se conter e o desespero o tomou, por um momento viu a loucura tomar o olhar do mais velho o que fez o jovem visualizar seu futuro sangrento naquele lugar, ele parecia prestes a atacar e seus irmãos pareciam incentivar que o espírito selvagem tomasse conta do seu ser por completo mas, o grito que escapou dos lábios de Adam o fez sair do transe, foi um golpe de sorte, algo involuntário que se tratava apenas de uma reação normal para alguém que estava rodeado de monstros e sem saída viu aquilo como seu último grito antes da sentença de morte partida de seu prometido.

Goteiras nas masmorras, gotas de água se chocavam contra o chão e mãos se arrastavam nas barras de ferro das celas, ele se mantinha olhando para uma parede, era aterrorizante encarar aquelas pessoas que mesmo que fossem vítimas todos ali beiravam á loucura e a sanidade do jovem não podia ser abalada, não se ele quisesse deixar aquele lugar porque mesmo parecendo impossível ele desejava lutar até seu último suspiro porque se todas as alternativas tinham um final trágico pelo menos ele queria que isso acontecesse fora dos portões da mansão, um passo, um suspiro e a paz.

Suas vestes sujas, seu corpo tremendo, um rapaz de apenas dezoito anos estava em apuros e nem sabia como era viver ainda, em seus sonhos mais belos desejava estar longe de Sea, em algum lugar além dos sete reinos, porque mesmo que Callin e Genova não tivessem sido conquistados era uma questão de tempo para as sete terras pertencerem à Sea tornando impossível fugir do pesadelo que era ser um súdito sem nome, sem riqueza, sem voz Um objeto que tinha como dono alguém que controlava todos, muitos daqueles que viviam com ele em breve seriam marcados e teriam um futuro assustador mesmo que fosse melhor que o seu.

Correntes se agitavam e mesmo temendo pelo que poderia ver ergueu seu rosto encarando o homem com vestes esfarrapadas, o mesmo que havia sussurrado palavras que apenas fizeram suas esperanças se abalarem, seu olhar morto mostrava que já havia desistido e apenas aguardava seu fim, os cabelos longos caramelo caiam sobre seu rosto e a pele repleta de hematomas assustava, mesmo que ninguém ali parecesse entender o mundo em que pararam desejava saber mais, queria desvendar o labirinto que era o sobrenatural que cercava o sombrio reino e então sua voz ecoou.

— Você, por que está aqui? Também é um sem nome?— Adam perguntou e o homem o encarou revelando um sorriso insano.

— Me diga meu jovem, por que ninguém se opõe ao rei?

— Então, vocês...

— Sim, todos nessa masmorra cometeram crimes contra o reino, todos aqui desejavam revelar o quão obscuro é essas terras e quem sabe mudar tudo. Infelizmente eles se recusam a se levantar contra os Valero e como fumaça todos os que se opõem desaparecem sem deixar vestígios.

Nesse momento ele se lembrou do jeito hesitante do soberano, ele não parecia concordar com aquilo que estava acontecendo diante de seus olhos e mesmo que seu olhar mostrasse empatia suas falas pareciam ter saído da boca de outros, de um modelo de pessoa que sempre seria fiel aos mais poderosos porque sua voz falhava ao lembrar que sua cabeça eles poderiam cortar, simplesmente fazer desaparecer antes que uma rebelião se formasse e com um sopro tudo se dissipasse e tivesse um fim tornando-se algo que apenas mostraria seu imenso poder sobre simples humanos.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora