A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Caçada

Capítulo 17

Os passos eram ouvidos ao longe fazendo as pobres almas se agitarem, o barulho das correntes ecoava e os corpos frágeis e as mentes amedrontadas recuavam até suas peles recostarem na parede de pedras fria e úmida, coberta por musgo que apenas causavam mais tremores aqueles que já batiam chocavam os dentes uns com os outros olhando de lado as sombras que se aproximavam de forma lenta carregando tochas flamejantes em suas mãos, passos que se tornavam cada vez mais altos anunciando que alguém ali teria sua vida ceifada sem dó. As faces pálidas reveladas à luz das chamas indomáveis que eram refletidas em seus olhos escarlates davam forma ao monstro que assombrava todos ali e cada um da corte de Sea.

Caminhavam entre eles, erguiam suas faces e olhavam diretamente em seus olhos tendo a visão do puro e genuíno medo que estava cravado até o último resquício daquelas almas, um simples olhar naquele mar vermelho as fazia se desesperar e era essa a reação que os seis irmãos ali presentes estavam esperando ansiosamente sentindo seus desejos urrarem em busca do poço da perdição velada a puro sadismo. Ali seria o começo dos jogos perversos e o fim daqueles que sofriam na escuridão profunda sem saber se é dia ou noite e principalmente se ali é a terra ou o próprio reino das trevas.

Sebastian parecia dançar entre os choros abafados, caminhava elegantemente enquanto parecia contemplar obras de arte, sem pressa, tocando e analisando cada detalhe das peles torturadas pelas correntes pesadas, os toques frios sentidos era como tocar o gelo mas, nada era pior que aqueles olhos perfurando sua alma, famintos, como de um predador, um lobo que atacará à qualquer momento. Eram tão fracos, insignificantes, seus corpos poderiam quebrar com apenas um toque e aquilo fascinava cada um deles, era como manejar uma peça de porcelana em suas mãos mas, com o desejo de rachá-la aos poucos até que não se tornasse nada além de cacos.

Suas bocas salivavam mas, eles não acabariam com tudo rapidamente, gostavam de um bom jogo, um teatro, algo que os tirasse do tédio e isso sempre envolvia os humanos, as criaturas que eles julgavam ser inferiores que deveriam servir os seres das trevas com submissão. Um fim rápido era entediante aos olhos deles e um espetáculo era o que os excitava verdadeiramente.

Então Lucius bateu palmas chamando a atenção de seus irmãos, em sua face estava estampado um sorriso maléfico e todos ali logo perceberam que naquela mente nebulosa surgia uma fantasia macabra que fazia seus olhos brilharem de uma forma viva, assim como o fogo. Lucius era alguém com uma imaginação sem limites quando se tratava de se entregar para o seu lado mais obscuro, sabiam que sempre surgiria daqueles lábios avermelhados um completo espetáculo capaz de fazer a adrenalina correr em seus corpos frios atiçando ainda mais a fome animalesca.

— Diga o que se passa em sua mente perversa querido irmão. — disse Sebastian se aproximando de Lucius.

Lucius sorri abrindo o blazer escarlate assim como seus olhos, ele caminha entre seus irmãos animado enquanto sua fantasia é narrada, a voz doce e maléfica enche as masmorras enquanto a cada palavra as vítimas se encolhem mais e mais, seu tom de voz animado beira a loucura, as palavras dançam como em uma música e ele parece saborear cada cena que surgia em sua mente, como se pudesse sentir cada sensação de cometer as doces e perversas ações.

— Meus irmãos, pense em algo mais excitante que apenas transformar nossas vítimas em um nada nas profundezas das masmorras, pense em algo além que fazia a sua fera urrar e a sua boca salivar ainda mais. Entre essas paredes úmidas só há tédio, como lobos das sombras desejamos algo mais excitante, algo que lembre as mais sangrentas batalhas, aquelas que corríamos entre as florestas farejando cada inimigo.

Seus gritos doces, o medo de ser perseguido, nossas sombras se esgueirando pelas florestas escuras enquanto a densa névoa nos rodeava. Ah, que doces lembranças de uma época onde nós éramos os verdadeiros Valero e não apenas meras criaturas comandadas por alguém fraco...