Despedaçados

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Capítulo 34

O grito preenche seus ouvidos, tudo parece ser nada além de mais um de seus assustadores pensamentos ao vislumbrar o futuro mas, a única diferença é que se trata da realidade. As mãos agora banhadas em vermelho assim como a lua é como o rito de passagem para a nova era que estava em ascensão no mundo dos humanos. Em suas mentes a existência do sobrenatural é questionável, é fantasiosa mas, agora se revelará como algo supremo à se reverenciar mesmo que isso não seja o verdadeiro desejo do povo porque assim que a chuva cair o sangue que jaz aqui irá ser levado pelas águas até se espalhar pelas ruas entre as muitas rachaduras e todos saberão da morte de seus entes queridos.

A mente de Elaja está confusa, ele está perdido e vazio novamente, apenas enxergando o superficial à sua frente. Ele teme não estar se arrependendo, seu interior frio se espalhou e apagou a chama viva em si e agora ele desesperadamente procura um único resquício de humanidade em si, deseja não se entregar completamente para a sufocante escuridão da qual fugiu durante tantos séculos. Nunca mais deseja ser aquele ser impiedosos que só pensa em seu prazer não distinguindo o mal do bem e os transformando em meras palavras que jamais poderiam pará-lo.

Seu criador estende sua mão, sobre os pés de ambos está o corpo de Vitia e ao redor jaz os milhares e soldados. A armadura mais uma vez foi banhada em sangue e o silêncio o cerca, sem mais ouvir o barulho do coração de Adam batendo freneticamente ao seu lado como se também fosse seu, o vazio está o devorando e seu olhar parece não ter mais ara onde se direcionar, porque aquele à sua frente é o homem que lhe arrancou o paraíso e destruiu tudo que foi construído durante séculos com apenas um sopro, como se o vislumbre de um futuro que não deseja fosse apenas um aviso de algo que não poderia ser mudado.

Sobre os corpos ele caminha para longe, ignora a mão estendida de seu criador e com um olhar perdido encara Sea ao longe repleta de nuvens negras que parecem cair sobre o reino. Sua capa é soprada pelo vento frio e ele o sente se cravar em sua pele, anseia pelo calor de Adam e teme encarara a verdade, que talvez nunca mais volte a vê-lo. Noite amaldiçoada é aquela que o separou da pessoa que parecia ser seu pilar onde se apoiar antes que a loucura pudesse se apossar de seu ser.

Agora tornou-se a fera, o mal urra em seu interior e o mundo ao seu redor parece tão entediante e vazio, cinzento e frio. A garganta seca grita por gotas de sangue enquanto sua mente grita para que continue lutando contra o que cresce dentro de si, em suas mãos já tem muito sangue e ele não deseja sentir o líquido escarlate escorrendo de suas mãos mais uma vez.

Seus dedos estalam e do interior da floresta surge um cavalo com uma longa crina, seus olhos são como os seus mas, ao contrário de seu olhar frio a ferocidade toma o animal que ao longe parece selvagem. Debaixo de suas patas ele deixa um caminho marcado por cicatrizes que parecem com raízes se espalhando no chão e ali se fincando.

— Você trava uma batalha desnecessária em seu interior. Ele é apenas um humano e antes que possa sentir falta ele estará morto. — a voz do senhor das trevas era grave e se podia perceber o desprezo ao mencionar Adam.

— Sua vontade é que eu siga um caminho que me foi escrito mas, apenas eu tive a visão de onde isso pode nos levar e espero que tenha uma coisa em mente. Seu corpo estava sob os meus pés.— disse montando no cavalo.

O cavalo relinchou e galopou para longe, a poeira se alastrou pela estrada e todos que ficaram para trás se entreolharam. Havia uma sombra de desconfiança sobre quem seria Elaja quando se sentasse no trono e sua louca paixão por um humano era apenas um dos fatos que deixava tanto seus irmãos quanto o senhor das trevas sem palavras. O vínculo que os ligava parecia tão sólido quanto uma rocha e ainda sim tão irreal quanto o mundo em que viviam, era a mais perfeita junção da água com o fogo e todos sabiam que a união de algo tão adverso apenas traria destruição.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora