A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Confidentes

Capítulo 24

Entre as juras de lealdade nenhum perigo parecia se páreo para os dois amantes que mesmo rodeado das lembranças do futuro tão ameaçador permaneciam presos em seu próprio mundo apenas ao tocar a pele do outro, aquela sala que engrandecia os Valero não parecia afetá-los, a pintura atrás deles que tomava uma grande parte da parede onde Elaja mais uma vez era representado com seu olhar frio do passado não era mais um fantasma a atormentá-lo porque ao ouvir daqueles doces lábios um juramento tão fervoroso o fazia esquecer das possibilidades de seu objetivo resultar na morte de seu protegido. Temia que seu poder não fosse o suficiente para parar aquele que lhe trouxe até as terras de Sea, seu interior é o receptáculo do poder maior mas, ele não tem ideia de como usá-lo sem causar destruição ou se perder por completo e Adam não deseja ver seu mar vermelho ser tomado mais uma vez pela escuridão, que seu aroma doce se torne o presságio da morte e seu resquício de humanidade desapareça.

Adam ainda estava agarrado ao seu corpo, o jovem estava de olhos fechados apenas inalando o perfume adocicado da criatura enquanto os ferimentos em sua pele não o afetavam mais, se sentia estranhamente bem por ter se entregado de tal forma nos braços daquele que deveria ser seu inimigo, destinado a matá-lo cruelmente assim que se cansasse de brincar com seu corpo mas, de alguma forma ambos enxergaram no outro algo que vai muito além do que a hierarquia espera de suas espécies.

Elaja sabia que as sombras o enxergavam, sabia que os sons escapados foram escutados e agora segurando de forma possessiva o corpo do jovem ele apenas deixará claro a fonte de sua fraqueza, a dor que ele sentia em apenas pensar em Adam ferido era seu verdadeiro medo, nenhum senhor das trevas parecia amedrontá-lo que a imagem daquele humano deixando este mundo, sabia que além da culpa que carregaria para todo o sempre sua casca se tornaria ainda mais vazia, ainda mais fria como se mesmo diante de uma guerra, siante de um perigo ele não tivesse forças para lutar.

Se lutar significa mantê-lo a salvo farei com prazer porque ele foi o único capaz de enxergar mais do que meus olhos conseguem ver, foi o único capaz de despir todas as minhas faces e ver com seus olhos mundanos a minha fraqueza que mesmo pertencendo a um ser imortal se assemelha a sua.

— Quero lhe mostrar algo.— Elaja disse segurando o rosto do jovem entre suas mãos.

Adam sorriu e gentilmente se fastou de Elaja, eles estavam deixando o salão apressadamente e a palma fria da criatura envolvia a mão do jovem que apenas deixava ser levado pelos corredores da mansão mesmo que sentisse os olhares sobre eles, ao olhar aquele homem diante dele tudo parecia desaparecer, ele não era imortal e eles não estavam em perigo, a mansão escarlate já não possuía os gritos de horror e um agradável silêncio era apenas quebrado pela voz grave de seu prometido sussurrando em seus ouvidos doces palavras, confissões de alguém entregue de corpo e alma mesmo que ele alegasse não possuir nada em seu interior.

A porta de um quarto qualquer foi aberta, a janela foi escancarada e um vento gélido atravessou o espaço soprando os cabelos de ambos, Elaja encarava a imensidão de terras com um olhar resplandecente e sem permissão puxou Adam pela cintura colando o corpo dele ao seu e começou a caminhar em direção a janela que agora tinha as cortinas balançando ferozmente.

— O que vai fazer?— a voz de Adam era carregada de desespero ao encarar a altura da janela na qual os dois se apoiavam.

— Confie em mim.— disse e se jogou da janela segurando Adam com firmeza.

O susto foi tamanho que Adam não conseguiu emitir nenhum som, apenas encarava o chão que se aproximava cada vez mais com os olhos arregalados que iam de Elaja para o que parecia ser seu fim. Um sorriso surgiu nos lábios da criatura que deixou suas asas se revelarem evitando que ambos fossem ao encontro do chão e ouvindo um suspiro de alívio daquele que parecia se agarrar cada vez mais ao seu corpo enquanto olhava a paisagem que os rodeava.