A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Frio

Capítulo 11

Adam encarava a criatura diante dele, estava tão próximo que se podia sentir o aroma inebriante de sua pele pálida, os olhos escarlates não desviavam o olhar e pacientemente aguardavam por uma resposta do jovem, que não sabia como reagir, havia acabado de acordar de um sono profundo após sentir as presas de Elaja afundar em sua pele, a razão naquele momento não poderia explicar o mundo que agora o rodeava, um mundo inexplicável que parecia ser uma lenda proferida pelos anciões de Sea havia se tornado sua cruel realidade e nada poderia salvá-lo. Sua mente confusa estava sedenta por respostas e o único que poderia explicar a loucura que os cercava era aquele que havia ferido ele.

O não que escapou de seus lábios quando o jovem sentia que era o fim tinha feito surgir uma esperança em seu coração que logo foi despedaçada pelo último acontecimento, lembra-se de falar com o estranho homem nas masmorras que lhe alertou sobre o mais velho entre eles, mesmo hesitante era perigoso e mais cedo ou mais tarde cumpriria seu destino sangrento cedendo a tudo que jurou resistir, era como acreditar nas palavras da serpente que lhe picou, nada era confiável naquele lugar e estar sempre com esse sentimento de desconfiança era desesperador. Cada palavra poderia ser uma mentira mas, também se manter sem respostas o enlouquecia, na toca dos lobos ele deveria aprender a jogar ou se deixar perder igual todos que agora estão nas masmorras aguardando o fim doloroso por suas presas.

Se entreolhando, procurando algum sinal de verdade no mar vermelho de seus olhos, uma faísca de confiança e nada fora encontrado, a profundidade de seu olhar, a intensidade enigmática do vermelho indecifrável que o fazia estremecer não revelava nada além de uma imensidão de mistérios, Elaja era um mistério e isso tornava tudo ainda mais difícil diante do fato que ele estava prestes a permitir que seu inimigo tivesse a oportunidade de lhe envolver em suas palavras, com a forma elegante e sábia dos Valero, independente de ser polidos eram criaturas sorrateiras e tudo que os constituía era uma armadilha para os inocentes que pisavam naquelas terras.

Estava em uma floresta de seda e ouro, a abundante riqueza que os cercava, era como um pomar repleto de frutos, a beleza de cada um deles se assemelhava ao fruto mais vermelho e tentador, nessa floresta desconhecida as feras eram ainda mais traiçoeiras em suas formas belas e sua lábia encantadora escondia a podridão, um mar vermelho de sangue residia em seus olhos, o vermelho do pecado, as asas de um anjo caído e as garras que se assemelhavam a uma foice de um ceifador de vidas.

Temia pelas palavras que poderia escapar dos lábios de Elaja, não conhecia até onde o poder deles chegaria e pensava se a voz grave do homem diante dele poderia enfeitiçá-lo e torná-lo cativo mesmo que não fosse de seu desejo, se o timbre da voz o envolveria como uma canção amaldiçoada o levando para o fundo do poço que já se encontrava tão próximo.

— Irei te ouvir... — sua voz hesitante foi percebida, o olhar de Adam se esquivava de Elaja ao falar, manter firmeza diante de seu olhar fixo e penetrante parecia impossível.

Elaja se levantou da cama de forma abrupta, desviou o olhar de Adam, encarava as cortinas de seda, as paredes do quarto, o fogo devorando a madeira na lareira se mostrando pela primeira vez desconfortável, uma face completamente diferente daquele que se mantinha superior diante de seus irmãos, sua imagem foi criada a partir da fumaça para liderar e agora parecia inseguro, hesitante, com seus ombros relaxados e sua cabeça baixa fitando qualquer objeto diante dele.

Suas mãos pálidas deslizaram pela madeira da escrivania do quarto de forma lenta, a poeira se agitava no ar e entre suspiros fundos ele parecia se preparar para se revelar diante de um humano que havia acabado de cruzar os portões da mansão.

— Primeiramente venho lhe pedir perdão, mesmo que minhas palavras não valham nada para você.

— É difícil enxergá-lo com arrependimentos depois do que senti...