Lealdade

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Capítulo 23

A mansão escarlate, o monumento que demonstrava o poder dos Valero continuava de pé e em seu interior as sete criaturas ouviram uma voz distante e abafada, os olhos escarlates se arregalaram e todo o seu ser sentiu uma presença poderosa bem próxima, não era apenas uma voz das profundezas onde há o fogo mais poderoso de todos e sim uma voz imponente de alguém que caminhava entre os humanos. O cheiro de morte agora se espalhava pelos reinos e eles sabiam que o único que possuía o perfume do fim da vida era aquele que lhes deu a imortalidade, uma face, um corpo, cada mínimo detalhe em seus corpos e sentiam o mal presságio que era tê-lo tão perto, suas aparições não eram por motivos fúteis e sempre traziam consigo morte, sangue e devastação enquanto seu manto negro rastejava no líquido vermelho de seus inimigos.

Elaja o sentiu com maior intensidade, sua mente fantasiava o sorriso zombeteiro que estaria se formando nos lábios amaldiçoados nesse momento e ao olhar além das janelas da mansão viu que a aura do reino se tornara mais sombria, era mais uma maldita noite sem lua, sem o brilho avermelhado que mesmo descendendo das trevas trazia paz, todas as noites escuras e silenciosas carregavam acontecimentos fatídicos consigo e agora eles sentiam o que havia acontecido para a noite estar tão sombria, para o céu chorar lamentando o mal que caminha nas suas terras. Muito maior e muito mais destruidor que qualquer um deles.

Antes imerso em seus pensamentos o choque de sentir seu criador e inimigo o fez despertar, seus olhos percorreram além das terras da majestosa construção, procurava ver a sua nova face, procurava seu alvo de forma desesperada enquanto seu olhar tinha as chamas do pecaminoso ódio que queimava como o fogo das terras abaixo de seus pés. Uma vontade bestial de atravessar a floresta e caçá-lo como uma presa estava tomando conta de seu ser, sentia seu lado mais cruel e insensível floresce apenas imaginando suas mãos destroçando a casca na qual ele reside, as garras têm fome pela sua carne, sua consciência está adormecida nas profundezas e apenas um desejo o controla.

— Meu irmão, uma batalha contra seu criador apenas trará sua destruição.— Sebastian surgiu atrás de Elaja colocando a mão em seu ombro.

— Sinta o cheiro de morte, imagine seu sorriso zombeteiro enquanto encara a mansão esperando pela minha queda e redenção.

— Não há para onde fugir, ele virá ao nosso encontro em breve. Mas, agora ele caminha em direção à Onfroi, o cheiro de morte vai além das fronteiras de Sea.

— Por que ele irá até Onfroi?

— Dizem que herdei sua mente perversa, foi um presente dado por suas mãos mas, mesmo assim sou incapaz de prever o que passa por sua mente. Vamos ter uma bela surpresa em breve.

— Não posso ficar parado olhando ele caminhar livremente entre os reinos, tramando algo cruel. Ele nunca desvia do caminho, ele nunca dá as costas para a mansão.

— De fato, ele deve estar planejando algo grande e se divertindo com isso.

— Reúna todos no salão. — disse dando as costas para o irmão que não se mexeu mesmo diante da sua ordem.

— Nenhum de nós se erguerá contra o criador, o salão não terá ninguém além de você. Está sozinho nessa luta.— disse sem hesitar, seu tom de voz acordou Elaja para a realidade que o rodeava, a de que ninguém ali era leal.

Não voltou seu olhar para o irmão e simplesmente começou a se afastar em passos lentos desaparecendo entre os corredores enquanto sentia o olhar de Sebastian o seguindo. Ninguém estaria ao seu lado, todos os seis que emergiram da fumaça sempre seguiriam seu criador, acreditavam no mais forte governando os mais fracos e nada tiraria isso de suas mentes, a frieza foi moldada em seus seres com maestria porém, mesmo o mais velho que foi criado para ser a face de seu criador na terra era falho, seu interior gritava para ser preenchido, a culpa o corroí e a piedade parece estar instalada nele.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora