A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Saúdem O Rei

Capítulo 37

Todos presentes na sala do trono estavam surpresos com a benevolência de Elaja Valero que de acordo com as histórias narradas pelos lábios trêmulos de muitos era cruel e sem rodeios em suas punições. As palavras ditas por Ulric deveriam resultar em sangue sobre os pés do novo soberano mas, com um olhar sério ele ordenou que o amante do rei falso pudesse deixar a coroação sem quaisquer problemas mesmo que em seu olhar humano e inferior diante do senhor das trevas não mostrasse arrependimentos por suas ações.

Mas, nada fora tão escandaloso quanto a postura de Elaja, sua face serena ao voltar ao trono mesmo que tivesse sido afrontado de tal maneira que tudo que se passava pelas mentes sombrias que o cercavam era a execução. A face do senhor das trevas era de pura raiva ao ver seu herdeiro ser tão dócil com um humano fazendo todos na sala começarem a imaginar pontos fracos na família até então temida por todos os povos e reinos. O reinado que durou séculos para ser construído poderia ruir por conta daquele que foi criado para dar início à eterna dinastia.

O senhor das trevas se colocou no centro da sala do trono e forçando um sorriso em sua face ergueu uma taça de vinho.

— Nosso soberano não quis estragar essa bela cerimônia e com muita benevolência permitiu que o jovem partisse sem ser cobrado por suas ações. Vamos comemorar ao verdadeiro rei neste belo dia em que o céu avermelhado está sobre nós. — disse se voltando para Elaja.

Em seu olhar havia ameaça, na mente sombria ele se perguntava se estava diante de um aliado ou um inimigo em potencial que a cada dia mais poderosos poderia desejar mais uma vez erguer suas garras de forma tão ousada. A cada dia uma alma parecia surgir no interior de Elaja e seu olhar frio se tornava cada vez mais perdido, clamando pelo jovem que deixou para trás.

— Sim, está. A grande recepção poderia ser arruinada por uma execução neste momento.— disse com um sorriso presunçoso.

A música começou fazendo as conversas voltarem a fluir mesmo que ainda permanecessem em sussurros medrosos que se recusavam a acreditar que realmente estavam na mesma sala que os Valero.

Apenas aqueles que sentavam ao lado de Elaja sabiam a verdade, o quão humano ele estava se tornando ao deixar sua piedade se derramar por qualquer um que tivesse um coração pulsante em seu interior. Sua verdadeira face poderia estar escondida daqueles que o olharam pela primeira vez mas, para seus irmãos ela se tornava cada vez mais fina, podia-se ver claramente seu verdadeiro ser sem nenhum esforço, era como um véu branco sob seu rosto desfocando seu olhar.

— Sua humanidade é tão transparente quanto água. Deseja que nossos inimigos nos ataquem ao perceber que no trono senta-se um fraco?— Derick disse em um sussurro.

— Talvez eu esteja contando com isso. Callin e Genova são extremamente fortes.

— Elaja, a cada dia eu sinto mais falta de seu antigo ser. Lembro-me que amava sair para caçar e ouvir com seus próprios ouvidos as histórias que surgiam de nossas aventuras. Tantos bordéis e tantas almas-perdidas em becos escuros. — Edgar disse sorrindo de lado.

— O passado sempre permanecerá no passado.

— Eu discordo, principalmente agora que estamos em Sea de fato. Tanto a explorar, tantos perfumes para sentir...

— Não tente mudar os pensamentos de nosso soberano, ele só tem olhos para Adam. — Sebastian disse sem tirar os olhos dos convidados.

Elaja estremeceu ao ouvir o nome de seu amado sendo pronunciado novamente. Sabia que Sebastian estava certo, que nenhum outro perfume era capaz de embriagar seus sentidos e despertar desejos incontroláveis em seu corpo além daquela doce fragrância que emanava da pele de Adam, doce como seu olhar e sua voz que preenchiam os silêncios de uma casca sem alma. Seu corpo estava frio, seus pensamentos estavam longe e tudo que ele desejava era partir para encontrá-lo e tomá-lo em seus braços.