Inimigos Iguais

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Capítulo 41

O senhor das trevas sentiu o poder esvair de sua casca, sendo puxado para fora assim como uma alma sendo arrancada de um corpo. Se sentia cada vez mais fraco, ouvia os sussurros das vozes do reino inferior ficando cada vez mais baixas e distantes enquanto saudava o novo e único soberano das sombras. O nome dito pelas almas sofredoras era de sua criação mais velha, que agora se tratava apenas de mais um inimigo, alguém mais poderoso mas, igualmente traiçoeiro que usurpou seu trono e lhe tomou todo o poder. Ele já desejou colocar Elaja no comando do inferno mas, jamais lhe daria eu poder, ele o roubou como um ladino qualquer e agora tudo que passava por sua mente era o fim dessa disputa.

Os soldados já haviam sido mandados até as masmorras mas, isso seria apenas uma frágil barreira agora que ele possuía tanto poder em suas mãos que com um estalar de dedos poderia destruir todo o palácio. Ele havia o criado para se tornar como ele e assim foi mas, não da forma que ele esperava. Elaja se cegou por um amor e agora tomou para si um trono que jamais desejou para apenas permanecer vivo e reencontrar aquele que o fez se perder em um labirinto do qual não consegue sair ou, pelo menos, não deseja sair.

Os sacrifícios eram entregues na mansão escarlate para que a sede dos Valero de sangue e prazer fosse saciada. Adam foi levado para servir Elaja até que ele se cansasse e tirasse sua vida mas, por algum motivo ele não fez isso, ele se recusou à machucá-lo e o tratou como um igual, se deixou envolver e se enfeitiçar por uma ilusão que um ser das trevas jamais deveria ter.

— Foram vocês que escolheram Adam, certo?— disse os encarando com um sorriso que fez todos gelarem.

Os Dominic estavam ali com suas cabeças baixas diante de seu senhor temendo por seu futuro, enxergando a aura que cercava seu soberano como algo cada vez mais sombrio e repleto de espinhos, o ódio estava se cravando nele, afundando em sua casca e agora eles sofreriam com sua ira. O senhor das trevas os culpavam por ter escolhido Adam, por terem feito com que a causa da ruína dos Valero entrasse em seu símbolo de poder e agora ele tinha sede pelo sangue dos culpados.

Dimitri se pôs à frente dos outros e fez reverência enquanto era possível ver suas mãos tremendo e ousou responder a pergunta feita por seu senhor mesmo que no fundo soubesse que independente de suas palavras ele faria o aquilo que o traria paz, mesmo que significasse a morte do clã mais antigo de todos que serve suas criações a tantos séculos.

— Sim, meu senhor. Adam, foi escolhido e preparado por nós mas, jamais imaginaríamos que sua presença na mansão escarlate fosse trazer tantos inconvenientes.

— Inconvenientes? Os Valero estão em guerra entre si, em nossos sangues a raiva, o ódio e a inveja se tornam apenas um e a ruína de um império que mal começou está tão próxima que posso sentir a poeira das torres desabando sobre mim.— disse aumentando seu tom de voz fazendo com que os Dominic se encolhessem.

— Perdão, perdão... — Batest sussurrou.

O novo soberano se aproximou de Batest lentamente, observou com atenção a mulher que era mais temida em todo o reino e agora estava tão encolhida quanto uma garota assustada. Ela sempre foi tão fiel, sempre ao lado dos imortais e jamais ao lado de seus iguais mas, mesmo assim enviou a discórdia até a mansão, preparou com suas mãos o motivo da destruição de muitos humanos, envenenou Elaja com uma simples e passageira beleza que agora o leva até a traição mais suja.

— Perdão... Já fui muito benevolente para continuar perdoando. Isso não trará Elaja para meu lado novamente, isso não o tornará meu mais temido soldado porque todo seu interior já foi perdido para um sentimento maldito.— disse tocando o queixo de Batest e erguendo seu rosto.

— Então vai nos castigar por ter escolhido Adam, mesmo após séculos de servidão enquanto muitos se erguiam contra você? — Darwin disse ousando erguer sua face.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora