Despedida

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Ele se manteve firme, mas quando se deu conta de tudo que passou não foi capaz de conter o choro. Ficou sentado na varanda por um tempo, por vezes chorava mais, outras encostava a cabeça na parede com os olhos fechados deixando as lágrimas escorrerem, ele tinha algo preso na garganta, não sabia exatamente o que era mas aquela sensação o fazia chorar mais e mais.
No quarto, ela escutava ao longe um choro continuo, se sentou na cama, esfregou os olhos, respirou fundo, se sentia muito melhor, mas aquele choro ao longe a incomodava, até que os ouvidos dela entenderam que o som na verdade estava bem próximo, era Rugge. Ela tinha visto ele chorar poucas vezes, mas ela reconheceria em qualquer lugar, ficou preocupada saltou da cama, foi em direção a sacada, lá estava ele sentado no chão, com as pernas estiradas com as mãos no rosto, soluçando e chorando compulsivamente. Ela se ajoelhou ao lado dele, segurou os seus pulsos tentando tirar as mãos de seu rosto e o questionou:
- O que houve?? Porque você tá assim??
Ele tira as mãos do rosto, olha pra ela e a pergunta soluçando:
- V-você t-ta bem?
- Estou sim, mas o que você tem??- Retornou ela apreensiva.
Ele a puxa pro colo dele, a abraça, apoia a testa no ombro dela e segue chorando, ela encosta a cabeça na dele, o faz cafuné no cabelo próximo a nuca na tentativa de acalma-lo e o questiona:
- Rugge eu vi você poucas vezes assim, o que aconteceu?
Ele a abraça mais forte, e responde:
- A-achei que t-tinha pe-perdido você!
Ele segue chorando e ela retorna:
- Foi só uma queda de pressão junto com febre por causa do ar condicionado. 
- N-não v-você não v-viu c-como você e-esta-tava. -  soluçava ele.
Ela se solta um pouco do abraço, ergue a cabeça dele, o olha nos olhos, enxuga as suas lágrimas e deixa claro:
- Rugge, eu tô bem, você cuidou de mim, você não vai me perder, você entendeu?
Ele seguiu a olhando nos olhos mas aquela sensação de aperto na garganta foi subindo, ele ficou ofegante em meio aos soluços, era mais forte que ele e soltou:
- Eu te amo, eu te amo e jamais me perdoaria se algo te acontecesse!!
Ela ficou paralisada com o que tinha ouvido, ele nunca tinha falado dessa forma, eles seguiram se olhando, uma lágrima escorreu no rosto dela que retribuiu:
- Eu também te amo ...  -  sorriu pra ele com ternura - muito!
Segurou uma de suas bochechas e se aproximou, se olharam como quem analisada cada célula do rosto e se beijaram docemente, ficaram ali um tempo com suas testas uma contra a outra com os olhos fechados, ela no colo dele, abraçados conversando mentalmente.
Ela o beijou outra vez, se soltou dele, se levantou, ele seguiu cada gesto dela com o olhar, ela o ajudou a levantar e lhe disse: 
- Vem...
E o puxou pela mão janela dentro até a antesala.
- Não vamos precisar descer pra almoçar tem comida suficiente aqui e ainda tem torta. - disse ela.
Ele a abraçou pelas costas e ela lhe deu um selinho, ele retribuiu com um beijinho de esquimó.
Eles se sentaram a mesa, com as cadeiras bem próximas, começaram a comer trocando sorrisos e por vezes risadas, até ela espalhar um pouco de Nutella na boca dele:
- Você tá me sujando todo. - disse ele rindo.
Mas ela tinha a intenção de limpá-lo de uma forma diferente, se aproximando de seu rosto começou a beija-lo, até o despertador do celular dele disparar, ele lhe da três selinhos, se levanta, ela o segue com o olhar, ele vai ver o celular desativa o alarme, olha pra ela chateado, que o pergunta:
- O que foi?
Ele contrai os lábios e responde:
- É o alarme pra me avisar que tenho que ir pro aeroporto.
Karol olha pra baixo e respira fundo, ela sabia que em algum momento ele teria que ir, mas só daquela vez ela queria que ele ficasse, mas aquele maldito contrato não permitia. Ela se levanta e oferece:
- Eu te ajudo arrumar suas coisas.
Os dois arrumam a mala dele sem trocar uma palavra, somente olhares e eventuais toques, ao terminarem verificam se não ficou nada para trás, se organizam para descer, antes de irem pro o elevador ele pede um táxi, ela vai na frente e chama o elevador, ele puxa a mala pra fora fecha a porta, entrega o cartão a ela, o elevador chega ambos entram, ele a puxa, ela o abraça, ele dá um beijo na testa dela, chegam ao térreo, saem do elevador e vão em direção a porta do hotel.
Maurício que estava almoçando com a mãe no restaurante, vê os dois saindo e Ruggero puxando a mala, ele vira pra sua mãe e a informa com pesar:
- Ele está indo embora de novo, por sorte vim com vocês porque essas despedidas a machucam muito!
- Sim Mau, vão ser 3 dias dias que nada do que se faça vai a deixar alegre, já estamos nessa situação a tanto tempo, que já me cansei de lidar com isso, não gosto de ver tua irmã assim, ela já tentou esquece-lo um milhão de vezes, mas ... sem êxito. - disse Caro massageando as têmporas.
Maurício fica pensativo por alguns minutos e fala:
- Preciso encontrar uma falha nesse contrato, uma brecha, porque é muito injusto tudo isso!
Caro olha pra ele e retorna:
- Mau já fizemos isso centenas de vezes...
Ele a interrompe:
- Mas eu não li, eu vou ler isso 24 horas por dia até encontrar uma falha! 
- Filho vá vê-los, precisa ser apoio pra tua irmã agora, depois discutimos isso.- diz Caro.
Ele assente com a cabeça, se levanta e vai até a porta do hotel.
Os dois estavam aguardando o táxi exatamente como estavam no elevador, ele segurando a alça da mala com uma mão, e a abraçando com a outra com o queixo apoiado sobre a cabeça dela, e ela agarrada nele, olhando cada carro que passava em frente ao hotel, até que chega o táxi, o motorista estaciona e desce, abre o porta malas, pega a mala e a guarda, Rugge dá um último beijinho na testa Karol, segura nas mãos dela e diz:
- Em breve te vejo.
Ela faz que sim com a cabeça, ele a solta entra no táxi, mas continua olhando pra ela pela janela, o táxi arranca e os dois se olham até se perderem de vista, ela cruza os braços, mas não consegue evitar as lágrimas, Mauricio vai de encontro a ela e a abraça o que a faz despencar em choro.
No táxi ele fica ofegante, mil pensamentos ao mesmo tempo, até que ele diz pro taxista voltar, pois ele esqueceu algo, o motorista da meia volta e retorna a frente do hotel, antes que o carro parasse ele abre a porta e desce correndo, Maurício chama a atenção dela a distanciando um pouco de si e dizendo:
- Karol, o Rugge!
Ela se solta do irmão e vai correndo em direção a ele, se abraçam chorando muito os dois, ela diz:
-  Eu amo você!
- Eu amo mais!! - responde ele.
Eles não aguentam e se beijam, então ele diz segurando as bochechas dela:
- Me escuta, eu vou voltar pra você, é uma promessa! Eu vou entrar em contato por outro telefone, vamos nos falar todo dia tá?
Ela chorando balança a cabeça fazendo sim, ele a abraça forte de novo dizendo:
- Eu te amo não esquece disso, aconteça o que acontecer eu te amo!
Ele a solta segura na mão dela e vai se afastando até soltar da mão dela completamente, entra no táxi e vai.
Maurício a leva pra dentro aos prantos, sobe com ela até o quarto em que ela estava com Rugge pra pegar suas coisas  pra voltarem a ficar todos o mesmo quarto, ela vai ao banheiro lavar o rosto, quando termina de enxuga-lo se olha no espelho, com o rosto inchado ainda vestindo a camiseta dele.

BoomerangWhere stories live. Discover now