Boomerang

Recordações

No dia seguinte ele acordou por volta das 9, ainda na banheira, depois de organizar sua mente, se levantou  indo em direção a pia para escovar os dentes, enquanto o fazia, olhava o celular, reparou na hora e uma voz doce porém estridente invadiu sua cabeça " Ruggero você acorda super cedo!", ele riu sozinho ao recordar esse momento, realmente as coisas não haviam mudado em comparação a ela, ele acordava mesmo cedo aos finais de semana, " Em um final de semana você acordou por volta das 12 e já era muito tarde...", ele seguiu rindo dessa recordação, como ele havia ficado sem jeito com essa reação dela, mas aquela altura eles já se conheciam muito bem, de fato ela tinha propriedade pra falar daquela maneira.
Ele terminou com seu asseio matinal, trocou de roupa e por sorte Candelária seguia dormindo, sem demora ele saiu sorrateiramente, sentido ao saguão do hotel.
No térreo, decidiu ir caminhar na praia novamente, ele preferia fazer isso todos os dias já que tinha que estar nessas "férias" a ter que suportar as encenações da Candelária.
Depois de um tempo de caminhada, resolveu ligar para o Agustín, era um de seus melhores amigos, sabia de toda a história, sempre o ajudava quando necessário, por isso mesmo ele o deixou incumbido de verificar a obra na casa de Navarro,  por isso mesmo queria saber como as coisas estavam:

{Ligação}

R: Agus??
A: Fala hermano!
- som de obras ao fundo -
R: Pelo som de fundo você está na casa amigo?
A: Estou sim, estão instalando os armários do quarto principal, te digo hermano esta ficando uma joia!
R: Ah, já estão no quarto que bom, sinal de que estão chegando ao final.
A: Sim creio, falei com a arquiteta agora mais cedo ela disse que em 10 dias tudo aqui estará finalizado, só faltara o anexo pra terminar. Ah, hermano, a sala acústica é muito top, eles fizeram uma espécie de palco, dá pra gravar canções ali hein, podia emprestar pra gente de vez em quando né?
R: 10 dias uau que bom, - disse meio desanimado - hermano minha casa é sua casa a hora que você e o Maxi precisarem só chegar!
A: Rugge você parece meio desanimado, o que foi?
R: Achei que quando terminasse a casa já pudesse viver nela finalmente com a Ka, mas vai demorar pra podermos ficar juntos.
A: Ué mas o Maurício já não tinha encontrado lá o esquema, não tava tudo certo?
R: Sim, mas a Caro marcou a audiência entre as partes só pro dia 20 de março, e pelo que a Ka me disse ontem ela não vai deixar a gente se ver antes disso.
A: Puts hermano, mas isso é tempo hein, deve ter algum motivo específico pra Caro ter organizado assim, provavelmente alguma burocracia jurídica, porque tem que intimar os envolvidos e suas respectivas testemunhas, tua mãe tem que vir da Itália e tal, deve ser por isso.
R: Quanto ao contrato sim, deve ser por isso mesmo, mas porque não nos permitir de nos vermos é que não entendi, mas ela deve saber de algo sobre a saúde de Ka e quer preserva-la. Eu compreendo até, mas não sei se vou aguentar ficar tanto tempo sem tê-la em meus braços assim, mas minha sogra é bem rigorosa então certamente não mudará de idéia.
A: Bom Rugge deve ser proteção mesmo por parte da Caro, mas tenta falar com ela direto pra ver se não a demove um pouquinho.
R: Vou tentar, mas vai ter que ser quando eu voltar, o que vai levar mais uma semana, porque amanhã vamos pro Alasca, e estou super feliz de ir pra lá com a Candelária, iupi - disse com tom sarcástico -
A: Eu não sei o que está sendo pior pra ti.
R: Muito menos eu, mas eu só penso no futuro, no momento ele é a única coisa certa que tenho, então estou tentando focar nele.
A: Tá correto, foco é uma coisa importante nesse momento, só com ele pra suportar, eu não sei se conseguiria estar no seu lugar, apesar de que o amor é mais forte que tudo. Por falar nisso, ontem a noite a Agus encontrou tua sogra e a Montse no Rivera fazendo compras, elas conversaram um pouquinho, a Agus perguntou da Karol, parece que ela não estava bem, já falou com ela hoje?
R: Não, ainda não, ontem quando nos falamos ela estava triste por conta da data da audiência, tentei me manter calmo para a tranquilizar, mas não sei como ela ficou depois, tivemos que cortar a ligação porque ela precisava tomar o remédio, mas vou ligar pra ela mais tarde pra ver se está tudo bem.
A: Isso, liga, espero que ela esteja bem.
R: Eu também hermano eu também, mas enfim, qualquer coisa em relação a obra me avisa.
A: Aviso sim.
R: Valeu Brow
A: Falow!

{Fim da ligação}

Ele ficou preocupado com ela, mas tinha que esperar um pouco porque ainda era "Super cedo", e acorda-la a deixaria de mau humor, ela não estando bem e de mau humor lhe renderia sermão da Caro, por mais ansioso que estivesse era melhor esperar, logo seguiu caminhando pela praia.
Em Buenos Aires, ela continuava dormindo no sofá, agarrada na almofada, como quem quisesse que ela fosse uma pessoa. Caro não a despertou, seguiu seus afazeres, seus telefonemas e agendamentos como de costume, mas não demorou muito Montse apareceu pedindo café da manhã, ao ver Karol no sofá disse a Caro:
- Ué que horas ela veio pra cá será?
- Não sei, mas parece que faz tempo Montse. - respondeu Caro.
Montse engoliu seco, mas puxou o assunto:
- Tia você não vai mudar de ideia sobre eles se verem não é mesmo?
- De novo com isso?? Vocês não podem acatar minhas decisões uma vez? - retornou Caro, se alterando.
- Tia não precisa se alterar, não é que não quero acatar sua decisão, só quero que você pense com mais carinho, como eu disse ele não precisa saber, mas precisam se verem, nem que seja só 30 minutinhos, promete que vai pensar nisso? - disse Montse cuidadosamente.
Caro bufou e respondeu.
- Não vou mudar de opinião! E não quero mais falar sobre esse assunto, você entendeu?
- Entendi Tia Caro - respondeu Montse  cabesbaixa.
Perto das 11:00 Karol desperta um pouco dolorida, vai direto ao banheiro e não cumprimenta nem a Montse muito menos sua Mãe, aliás ela não queria se dirigir a Caro, pelo menos por enquanto, estava em um mix de brava e chateada com ela, mas não queria brigar, saiu do banheiro e se trancou no quarto, ficou um tempo deitada na cama olhando as redes, até resolver ligar pra ele:

{Ligação}
R: Moglito!!
K: Meu Baloo!!
R: Eu ia ligar pra você mais tarde, tá tudo bem?
K: Está sim...
R: Mesmo, mesmo??
K: Simmmm meu amor!
R: Humm, estou preocupado com você...
K: Eu tô bem, fica tranquilo, só no momento não quero olhar e nem falar com a minha mãe.
R: Ka não faz assim...
K: Você sabe melhor do que ninguém que eu preciso de um tempo pra digerir certas coisas e nada melhor do que me isolar pra isso, assim evito brigas.
R: Tá... - ele preferiu mudar de assunto pra não chatea-la - Estava na praia hoje cedo... Me lembrei da gente em Miami antes do ano novo.
K: Humm do que você lembrou?
R: Da gente andand... Kaaaaaaaaa
K: Hehehe, desculpa é que aconteceram muitas coisas...
R: Uhum...e agora como eu faço pra tirar a imagem de você com aquele bendito colant da cabeça.
K: Bommmmm ... Simples... Repete comigo " Unicórnios de 3 cabeças cospem fogos de arco íris"
R: Nãoooooo eu já tinha esquecido isso, agora vou ficar com essa frase na cabeça.
K: É isso ou Baby Shark...
R: Nãooooooooooooooooooo
K: Hahahaha, pelo menos você não está pensando em outras coisas, seria uma tragédia se você estivesse de calça branca... Cof cof
R: Baby Shark doo doo doo doo...
K: Bom menino!
R: Te amo!
- ela suspira -
K: Também te amo, e muito, queria você aqui!
R: Eu te amo mais, e também queria estar aí, mas tenho que estar nessa viagem idiota, e ainda vamos ao Alasca amanhã, porque aceitei esse e etinerario?? Ah porque fui ameaçado aham...
K: Levou as roupas de frio??
R: Sim, trouxe meu amor, não se preocupe comigo, se preocupe em ficar boa logo, pra podermos nos ver!
K: Talvez isso dure mais tempo do que você imagina...
R: Do que você tá falando?
K: Nada deixa pra lá, não quero lembrar da minha mãe.
R: Ah... Tristemente tenho que desligar Moglito, porque tenho que ir ao aeroporto blehh... Mas te amo, te amo muito, muito, muito ... Doo doo doo doo
K: tá bom, eu também te amo muito doo doo doo doo
R: Tchau Doo doo doo doo
K: hehe Tchau doo doo doo

{Fim da ligação}

Ela já nem sabia o que era pior tê-lo longe ou perto, de igual forma sentiria a falta dele. Montse bateu na porta, interrompendo seus pensamentos, e disse:

- Ka abre, estou com o almoço pra você!
Ela levanta da cama, vai até a porta a abre, Montse entra e ela fecha a porta novamente, logo Montse diz:
- Hei! Vamos fazer como quando pequenas, comermos no chão como se fosse um piquenique?
- Sim! Hohoho você sempre é bem vinda ao meu castelo! - respondeu Karol.
- Ah não! Quero almoçar com você, não com a Marilu!
As duas caíram na gargalhada, ela adorava ter a Montse por perto, pois sempre a fazia rir e descontrair dos problemas.