Cap. 07 - Sem Planos

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As pontas de seus dedos não a tocavam completamente, apenas se arrastavam lentamente pelo corpo esguio, contornando as pernas, o quadril, a cintura, o vale entre os seios...
Sorriu maravilhado, seus olhos azuis escureceram de desejo ao perceber cada pelinho delicado daquela mulher reagir a cada movimento seu. Envolveu o pescoço longo com a mão, achou graça quando lembrou do "acidente" na Espanha e principalmente na maneira que ela mesma com um passado desses, agora jogava a cabeça para trás se afundando no travesseiro oferecendo-o ainda mais... Acariciou-o, beijou-o. Quantas vezes se amaram até agora, ele não sabe mais contar, algumas vezes não fizeram pausa, apenas emendaram "uma na outra"... E depois outra...
Tiveram alguns momentos de conversas e caricias, sem sexo. Com sexo e sem ele, Ada lhe mostrou de uma maneira muito curiosa que falava pelo menos doze idiomas além do inglês, ela traduziu algumas palavras, o melhor exemplo, foi "Bonitão" em cada uma das doze línguas. Mandarim; Japonês; Russo; Sueco; Francês; Alemão; Italiano; Espanhol; Polonês; Grego; Coreano; Árabe; Alguns dialetos do interior da China... Latim... Outras vezes ela se recusou a traduzir... "- Seja esperto e tente adivinhar...". - Leon não adivinhou, mas pelo tom de voz, pelo olhar e pela movimentação dela na cama sabia que era algo... Sujo. E muitas outras vezes, quando ela traduzia depois de muita insistência, bem ao pé do ouvido... Ele não podia ver, mas sentia o rosto arder, sabia que tinha corado.
"- Veja o que eu tenho na minha cama, uma espiã esperta, quase um gênio do crime, procurada internacionalmente... Eu sou um agente secreto do governo, Ada, a minha pena para essa traição contra o meu país, é a prisão perpétua, sabia?". - Ele sussurrava delicadamente contra a orelha esquerda da espiã, a medida que uma de suas mãos já a provocava por entre as pernas, pedindo por mais uma vez.
Ela gemeu longamente antes de finalmente receber o corpo daquele homem novamente sobre o seu. - "- Não seja otimista, Bonitão... Eles vão matá-lo.".
Beijaram-se mais uma vez, estavam cansados, mas não o suficiente para não se amarem uma última vez enquanto o sol raiava.
Leon abriu os olhos devagar e logo percebeu o vento frio que entrava pela janela adentro que o fez acordar. Estava dolorido e completamente nu, sozinho na cama. Lembrava que já era dia quando deve ter caído no sono, mas não exatamente quando. Agora já era noite.
"- Ada.". - Ele chamou sem ouvir resposta. Colocou-se de pé, precisava de um banho, estava com muita fome também. As "provas do crime" estavam por toda a parte, o perfume inconfundível dela impregnado em seu próprio corpo, exalando dos lençóis, se espalhando pelo quarto. Os mesmos lençóis que continham o perfume dela, também continham as "marcas" do que acontecera ali horas atrás. Não lembrava se as janelas do andar de baixo estavam fechadas achou melhor vestir o jeans antes de descer até a cozinha. Percebeu algo dentro do bolso. Era um bilhete dobrado e o beijo de um batom vermelho como selo.
"- Não!". - Decepcionado e já na expectativa do que aquilo significava, abriu o bilhete o mais rápido possível.
"Leon, mil desculpas por não esperar você acordar, mas como sabe agora eu sou uma garota sem carro e com um longo caminho pela frente. Você dormia lindamente, achei melhor não interromper. Com Amor, Ada."
Gostaria de sentir raiva dela por isso. Gostaria de amaldiçoá-la. Gostaria de cruzar a porta e caçá-la até o último canto do mundo para fazê-la pagar. Mas a única pessoa que conseguia culpar e sentir raiva era de si mesmo. Ele sabia que algo assim poderia acontecer. Deveria ter se esforçado mais para ficar acordado, deveria tê-la algemado na cama se fosse preciso. Mas agora era tarde, e o bilhete em suas mãos era tudo o que restou.
"O que você esperava? Que ela não fosse embora nunca mais?". Lembrou sobre o combinado, e o quanto ela foi bem clara antes que finalmente fossem para a cama juntos. Sem telefonemas, sem contato, sem cobranças, sem perguntas, sem planos, sem dia certo para seus encontros... Não podia sentir raiva dela, não tinha o direito. Era horrível admitir, mas Ada foi honesta com ele. Se isso o incomodasse tanto, poderia ter recusado, mas não o fez. Agora, era aguentar as conseqüências. E a pior delas era o fato de que depois dessa primeira noite juntos, ele não conseguiu o alívio que esperava para a sua obsessão em "Ada Wong" que já dura mais de seis anos...
Ela não era uma idealização, uma fantasia, um fetiche, algo que depois de desfeito todo o mistério da primeira vez, do contato real entre suas peles, iria diminuir ou fazê-la cair na "humanidade" comum em que qualquer outra mulher esta para ele. Ela não era uma "caça" na qual um homem persegue para auto-afirmar sua masculinidade e depois da conquista feita ele perde o interesse. Não. Essa noite só serviu para deixá-lo ainda mais apaixonado do que já era. Ada Wong terminou de arrancar-lhe o coração, e levá-lo embora junto com ela, sem qualquer previsão de quando irá trazê-lo de volta.
"Vamos olhar os pontos positivos... Ela te fez uma proposta antes, e colocou suas condições. Ela podia simplesmente ter tido uma noite inteira do sexo mais quente sem ter ao menos tocado em qualquer assunto, e ir embora no dia seguinte do mesmo jeito. O fato dela ter imposto condições e perguntado se estava tudo okay, ou não, pode ser visto como um forte sinal que sim, ela vai voltar, e sim, agora eles tem... Algo... Parecido com um relacionamento."
Tal pensamento deixava Leon esperançoso. Desde o incidente em Raccon City, abandonou qualquer plano que um dia teve em constituir família, ter filhos, um jardim e um labrador. Não que tenha perdido a fé na humanidade e estivesse apenas esperando um apocalipse eminente a qualquer momento. Apenas estava convencido de que escolheu uma estrada totalmente oposta a que tinha escolhido quando era garoto e sonhava em ser um simples policial. Seu estilo de vida agora era perigoso, tortuoso, inseguro e exigia uma dedicação quase que exclusiva.
Lembrou-se de Ada, que além de uma vida tão parecido com a dele, ainda tinha o agravante de estar na ilegalidade, lidando diretamente com mentiras, manipulações, espionagens e com as pessoas mais perigosas do planeta. Não devia ser fácil e era absolutamente compreensível que ela se cerque de reservas. Riu, e pensou em como que por caminhos errados, ambos acabaram se tornando as pessoas mais certas um para o outro.

(...)

Ada estava de volta ao lugar que era seu lar há quase quatro meses. Desde a missão na Espanha, nenhum lugar era mais seguro. De tempos em tempos a Organização para a qual conseguia identificar a movimentação de Albert Wesker para encontrá-la e a partir daí enviá-la para um local mais seguro. Há quatro meses que nenhum movimento do bioterrorista era detectado, era como se ele tivesse desaparecido...
A espiã observou a charmosa casa de campo escondida por entre as árvores de uma reserva florestal no Alasca. "Mas o meu muquifinho é um luxo!". E de fato era. Era pequena, mas muito charmosa, as linhas na faixada que lembravam uma arquitetura moderna que transmitia uma imagem rústica. Caminhou lentamente em direção a porta imaginando como seria entrar na sua hidromassagem, com todos os seus sais de banho, uma boa taça de vinho tinto e ficar ali apenas lembrando da noite maravilhosa que teve na simpática cidadezinha de Sherrill...
O silêncio daquele lugar era algo assustador para muitos... Mas não para Ada, que já havia estudado inclusive os ruídos de cada animal noturno daquela reserva, e com a sua percepção extremamente apurada, quase um sexto sentido que fazia a espiã identificar qualquer situação incomum no ambiente onde vive. Sentia que seria capaz de identificar só pelos ruídos e comportamento dos outros animais que, por exemplo, uma loba estava no cio perto dali... E foi por esse motivo, que ela percebeu que algo estava errado naquela casa.
"- Que pena! Acho que meu banho de espuma ficará para outra noite.". - Disse antes de atirar sua Grapple Gun em direção ao pinheiro mais alto alavancando para um salto de metros, segundos antes da explosão. Lá do alto, checou o armamento que tinha antes de começar a fuga... Um batom explosivo, uma navalha no salto, uma 9 mm e os comandos para armar todos os explosivos que ela colocou em volta da casa, um raio de um quilometro todos equipados a seu celular. - "- Acho que essa é minha deixa para arrumar outro muquifo.".

Leon and Ada Side Story (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora