Cap. 21 - Ela é uma B.O.W

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Catedral de Tall Oaks
29 de Junho de 2013

Ada sentiu a brisa gelada bater contra sua face úmida. A chuva fria insistiu em cair durante toda a noite, molhando seus cabelos e suas roupas. Suas botas de couro afundavam na lama à medida que ela corria. Estava em um cemitério, era o caminho até a Catedral.
Logo na entrada, Ada sentiu o cheiro de borracha queimada vindo de um ônibus em chamas, apesar da chuva, ainda havia algum fogo. Havia sinais de destruição por toda a cidade quando chegou, pelo visto, tarde demais.
Eram muitos zumbis no local, e não era para menos, afinal, estava em um cemitério. Não tinha tempo para eles, graças ao presente de Wesker, tinha a opção de escapar pelos telhados. Usou sua Grapple Gun para chegar ao topo de um mausoléu em um salto. E ali do topo pôde ver a Catedral e os túmulos ao redor.
"- Ai está a Catedral. Agora tenho que chegar ao seu laboratório, Simmons".
Fazia muito, muito tempo em que ambos tiveram um último contato, data que a própria Ada Wong fez questão de tentar esquecer. Agora sabia, para o bem ou para o mal, não adianta fugir de seu passado... De alguma maneira, seus assuntos mal resolvidos sempre voltam. Com um pouco de esforço e alguns dados que ainda possuía, chegou até ali, onde sabia ter um laboratório, só não tinha certeza a respeito do acesso.
"- Não acredito que ele fez isso... Pobre cidade, isso merece uma investigação.".
Caminhou por entre as telhas, e então viu um casal arrombar uma grade de ferro. Era uma moça morena e ainda bem jovem. E junto a ela... Alguém que Ada conhecia muito bem. Definitivamente, todos os seus fantasmas mal resolvidos, decidiram reaparecer.
"- Leon, então você também está no meio disso... Espero que consiga agüentar.".
Mais uma vez usou sua Grapple Gun para chegar até o chão. Encontrou um acesso aberto por entre os túmulos. Diante do caos que viu diante de tudo o que já presenciou nos últimos quinze anos... Ela sabia que o show de bizarrices mal começou.

Madrugada de
30 de Junho de 2013
Dentro dos laboratórios da
Família Simmons

Leon e Helena acreditavam que os horrores que viram até então já não teriam mais fim. Chegaram até a Catedral, viram sobreviventes morrerem... Sobre os outros, não podiam fazer mais nada a respeito.
Até o presente momento, Helena não chegou a revelar absolutamente nada ao agente. Leon estava confuso e irritado. Seu amigo estava morto, a cidade infestada de criaturas, e ele, um homem da lei, com um alto posto na Casa Branca, ao invés de estar coordenando uma investigação e botando aquela moça atrás das grades, estava ali, preso numa igreja sinistra, num laboratório sinistro, sendo atacado e quase morto inúmeras vezes.
Tudo o que pôde arrancar dela até agora, foi um nome, que ela deixou escapar sem querer "Deborah"... Ele perguntou quem era, mas não obteve resposta. Tentou ser cordial, ou até amável com ela algumas vezes, como quando ela finalmente apareceu para abrir o portão de acesso a Catedral, salvando-o de uma horda de zumbis, mas Helena parecia tão desesperada à medida que invadiam o local, que por muitas vezes, chagava a ser ríspida, e muito, muito madona.
"- Ufa! Você é um colírio para os meus olhos!". - Ele exclamou depois de ser quase devorado por inúmeras criaturas, e finalmente ver a moça reaparecer para lhe ajudar com o portão.
"- Eu não tenho tempo para brincar! Você vem comigo até a Catedral ou não?". - Ela respondeu.
Helena estava desesperada... Afoita e irracional. Pelo menos, era o que parecia. De qualquer maneira, toda aquela construção, tanto material biológico de alto risco escondido no subterrâneo de uma igreja, tantos monstros bizarros... Tanto enigmas... Era tudo tão familiar, que sim, ele continuava ali, valia a pena investigar.
Agora estavam em uma ala muito parecida com algum tipo de estufa, com casulos e grandes tanques d'água cultivando uma diversidade de criaturas, aparentemente, todas inativas... Por enquanto. Tratava-se também se uma sala de vídeo, cheia de monitores e computadores.
Helena tentou ligar alguns dos computadores, para ver se ainda funcionavam ou se tinham alguma pista. Leon correu com os olhos pelo balcão, quando um objeto chamou sua atenção. Uma fita tipo VHS em frente a um video-cassete. Na fita, uma etiqueta, com a seguinte frase escrita à mão: "Feliz Aniversário Ada Wong".
O coração dele chegou a pular uma batida, mais uma vez o nome da espiã aparecia no meio de tanta imundice. Nunca mais se viram desde a Eslava Oriental, nunca mais recebeu qualquer noticia... Ele chegou a acreditar que dessa vez, estava tudo acabado, que havia se acostumado a viver sem ela, se acostumado com a ideia de que nunca mais estariam juntos outra vez, e que se por ventura a encontrasse, iria pela primeira vez resistir. Não seria mais uma presa fácil nas mãos dela, um joguete que ela manipulava tão facilmente. Mas ao ver a fita... Percebeu que estava errado, muito errado. Uma simples menção ao nome dela... É o suficiente para ele se tornar um fraco outra vez.
Imediatamente colocou a fita no videocassete. Suas mãos tremiam levemente, seus olhos vidrados, não piscava e tudo a sua volta deixou de existir, tudo se resumia apenas aquela imagem.
Um experimento com o C-Virus... Um casulo horrendo se rompendo... De dentro dele, saiu ela... A sua borboleta, completamente nua e banhada em gosma, fraca, debilitada, o cabelo emplastado grudado em sua face sofrida. Do casulo ela foi ao chão, se rastejando com dificuldade, até finalmente olhar para a câmera, e então o vídeo terminou.
Leon sentiu o estômago revirar, em sua mente tentou imaginar que diabos foi aquilo que ele acabou de ver. Ada foi capturada e usada em um experimento? Ada sempre foi resultado de um experimento? Ela estava transformada em alguma coisa bizarra? Estava morta?... "Ada... Ada...".
"- Ada!". - Ele trincou os dentes e olhou para Helena como se estivesse prestes a atacá-la.
"- Era isso que você queria me mostrar?". - Pela primeira vez, Leon estava quase gritando.
Helena que também havia assistido tudo, percebeu que ele queria vasculhar cada centimetro decidido a levar essa investigação a sério pelo que acabou de ver. Sua face sofrida. Olhou confusa para o loiro, visivelmente assustada. Ela gaguejava enquanto tentava formular qualquer resposta: "- N...Não... Eu... Eu pensei que...".
Leon empunhou novamente sua pistola, agora, ainda mais decidido a levar essa investigação até o fim, nem que estivesse que vasculhar cada centímetro dessa maldita igreja.
"- Essa... Mulher... Ou, seja lá o que isso for... Ada... Você a conhece?".
Ele soltou um longo suspiro, estava óbvio que aquela moça entendeu ainda menos do que ele mesmo sobre o vídeo que acabaram de assistir. "- Ah... Digamos que... Sim.".
A morena de fato não entendeu o que acabou de acontecer ali, mas sabia que Leon ficou profundamente desconcertado. Porém, não tinha tempo para nada disso, seu fóco era encontrar sua irmã.

Leon and Ada Side Story (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora