Julho de 2055
Foi um longo vôo de Montreal até Nova York. Não apenas pela situação infeliz em que fazia a viagem dessa vez, mas por que carregava uma criança pequena consigo que também estava destruída. Já era difícil o suficiente para um adulto, para uma criança então...
“– Passaporte, por favor.”.
“– Aqui estão.”. – Morava há muitos anos no Canadá, mas ainda era cidadão americano, era a nacionalidade de seu passaporte, e também de sua filha embora ela, fosse nascida em Montreal.
“– Seja bem vindo a América, Senhor Kennedy.”.
Ao entrar no táxi, o homem buscou puxar algum assunto com a criança, que estava visivelmente triste e abatida. “– O que foi, docinho?”.
A menina, então com seis anos de idade, que pouco se parecia com ele, exceto pelo cabelo, e uma vaga menção a ele no formato dos olhos, começou a chorar. “– Eu queria ter vindo aqui... Queria ter passado mais tempo com ele... Agora eu nunca mais...”.
Ele não sabia o que dizer, ela era só uma criança, querendo entender o que ele demorou anos para aceitar, às vezes... As pessoas que se amam ficam longe. Sim, a essa altura, poderia ter feito o que ela queria... Mas foram tantos desencontros, vidas opostas, responsabilidades de uma vida adulta... As coisas foram tão... Complicadas.
“– Venha aqui querida.”. – Ele a puxou para si, colocando a menina no colo e a abraçou.(...)
Sim, foi muito cansativo, uma viagem de táxi até Sharril, quando ainda estava escuro, com uma menininha que chorou até dormir nos braços, mas conseguiu chegar a tempo do funeral. Tinham tantas pessoas importantes ali, muitas delas fardadas, foram horas e horas de discursos, solenidades, por último os tiros e a bandeira dos Estados Unidos que estava estendida sobre o caixão, solenemente dobrada por soldados e entregue com todas as honras em suas mãos.
Disseram que ele já estava muito consumido pelo câncer e com uma aparência muito sofrida. Sendo assim, a família optou por um velório de caixão fechado. Sua última lembrança dele era de um velho tão saudável e teimoso... Era como se não acreditasse que tinha morrido. A ficha caiu somente quando ele viu assentarem à última pá de terra e o nome escrito na lápide.Leon Scott Kennedy
1977 – 2055
Amado Pai e Avô,
Amigo Querido,
Soldado Valente.
Saudades Eternas.Deu graças a Deus por sua menininha não estar ali, deixou-a em casa, com outras crianças para se distrair. Ele percebeu uma mulher, já com alguma idade, porém bem saudável e ativa vir em sua direção. Ela usava uma calça social, uma blusa de botões e um colete por cima e claro, andava armada.
“– Finalmente rapaz. Achei que nunca fosse te conhecer?”.
Ela estendeu a mão e ele a cumprimentou. “– Helena Harper. E você deve ser o famoso Júnior.”.
“– Leon.”. – Ele a corrigiu. A verdade é que nunca gostou de ser chamado de Júnior.
“– Certo... Leon!”. – Helena o observava fixamente. Ele tinha muito do pai, a boca, o queixo, o nariz longo, porém não tão fino. Mas à primeira vista, o que mais chamava a atenção, era o que ele puxou da mãe. Os olhos dele eram apenas um pouco maiores, mas era bem nítida a ascendência oriental, os cabelos bem lisos e de um negro absoluto. A única diferença naqueles olhos era o tom de verde, os da mãe eram um pouco indefinidos, os dele não, eram um verde mais claro quase cinza, límpido, com certeza pela contribuição do azul do pai.
“– Seu pai tinha razão, você se parece muito com ela..”.
“– Então você a conheceu?”.
“– Sim... Digamos que, nos metemos em encrenca juntas algumas vezes.”.
“– Eu posso contar nos dedos, quantas vezes vi minha mãe, e ainda me sobrariam dedos.”.
Helena notou uma pontada de mágoa na voz do homem que tinha pouco mais de trinta anos de idade. Para ela que soube de tudo o que aconteceu naquela pequena família... Era de cortar o coração. “– Leon... Hoje você está enterrando seu pai, eu sei que não é fácil, mas talvez não tenhamos outra oportunidade de conversar, e eu sou uma das últimas pessoas vivas que testemunhou o quanto os seus pais te amaram, e tudo o que fizeram foi para o seu bem.”.
Ele não sabia se queria isso agora. Reviver esse assunto justo hoje. Mas ela tinha razão, se não fosse hoje, seria quando?
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Leon and Ada Side Story (Concluída)
FanfictionA história conta um pouco da vida de Leon Scott Kennedy e Ada Wong um dos casais da saga game de Resident Evil. A vida aos olhos de ambos envolvendo alguns detalhes dos jogos e de filmes 3D no enredo dessa aventura empolgante. Obs: Essa história foi...