Cap. 14 - A P num vestido vermelho

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"- Seja a minha mulher.".
...
"- Eu te amo...".
...
"- Minha esposa.".
...
"- Tudo ao meu alcance, qualquer coisa para te fazer feliz.".
...
"- Casa comigo, Ada Wong?".

*****

RACCON CITY - 1998

Ada acordou assim que Leon a colocou numa barulhenta cama metálica, sentindo uma pulsante dor nas têmporas. Sua primeira ideia foi de ter sido baleada, mas ao abrir os olhos e ver a pálida e preocupada face de Leon, ela lembrou. Ele ia me beijar, acho - e então...
"- O que aconteceu?".
Leon tirou o cabelo da testa dela, sorrindo um pouco. "- Aconteceu um monstro. O mesmo que pegou Bertolucci, acho. Ele atravessou a parede do teleférico com a mão e te nocauteou. Você bateu a cabeça depois que te arranhou.".
Vírus!
Ada fez força para levantar e ver o ferimento, mas a dor de cabeça a impedia. Ela tocou o galo bem acima da têmpora esquerda, e tremeu.
"- Hei fique parada.". - Leon disse. - "- O ferimento não é tão grave, mas você levou uma séria pancada...".
Ada fechou os olhos. Se ela foi infectada, não havia nada que podia fazer - e que ironia - se foi Birkin quem a feriu e ainda estava quente, Ada acabaria coletando a amostra do G-Vírus de uma forma bem pessoal.
"- Respire fundo. Você não está mais no teleférico, o que isso a diz?".
"- Onde nós estamos?". - Ela perguntou abrindo os olhos.
Leon balançou a cabeça. "- Não tenho certeza. Como você tinha dito, é um laboratório ou fabrica subterrânea. O elevador está lá fora. Eu a trouxe para a sala mais próxima.".
Ada virou a cabeça para ver a janela, para ver a área do elevador.
Deve ser o nível quatro, onde a plataforma para... O laboratório de síntese principal ficava no nível cinco.

(...)

"- Vá Leon, salve-se. Eu só vou te atrasar.".
"- Eu já disse, nós somos um time. Vamos fazer isso juntos. Agora apenas deite e descanse.".
"- Não. Escuta... Eu sei que eu mal te conheço, e eu sempre fui uma pessoa que nunca se importou com ninguém. Mas nesse pouco tempo juntos eu aprendi a apreciar a sua companhia. Então salve-se. Eu não quero te perder.".
Leon olhava tão sinceramente, seu brilhante olhar azul tão sensível, que por alguns segundos fez Ada pensar em abortar a missão. Eles poderiam descer para o túnel juntos, entrar no trem e sair da cidade. "E depois o que? Ligar para Trent e dizer que vai reembolsar? Claro. Depois você pode conhecer os pais do Leon, ganhar um anel, comprar uma pequena casa branca com cercado de madeira, ter alguns filhos... Você pode aprender crochê e esfregar os pés dele depois de um duro dia prendendo bêbados e fazendo paradas no trânsito. Felizes para sempre.".
Ada fechou os olhos, incapaz de olhar para ele enquanto falava.
"- Minha cabeça dói muito, Leon, e o túnel que vi no mapa, eu não sei onde é exatamente...".
"- Eu vou achá-lo.". - Ele disse. - "- Eu vou achá-lo e depois voltar para cá. Não se preocupe com nada, tá bom?".
"- Tome cuidado.". - Ela sussurrou, e sentiu os suaves lábios dele tocarem sua testa, o ouviu levantar e ir para a porta.
"- Fique aqui, eu volto logo.". - Ele disse, e a porta abriu e fechou.
Ela estava só. Ele ficará bem. Ele se perderá tentando achar o túnel vai voltar, verá que fui embora e pegará o elevador de volta á superfície... Eu poderei achar a amostra, escapar e tudo acabará.
Ada contou um minuto e sentou-se devagar. Foi uma bela pancada, mas ainda conseguiu funcionar.
Houve um barulho lá fora, e Ada se levantou, olhando pela janela. Ela conhecia o som mesmo antes de olhar, e sentiu o coração afundar um pouco. O elevador estava subindo, provavelmente chamado do galpão por uma equipe da Umbrella... Isso quer dizer que não tinha muito tempo. E se eles o acharem? Não, Leon ficará bem. Ele era um combatente, sabia fugir do perigo, era forte e decente, e não precisava de alguém como ela em sua vida. Ela foi louca em considerar isso, mesmo por um momento. Era hora de arrumar as coisas, para fazer o que veio fazer, para lembrar quem ela era - uma agente freelancer, uma mulher sem duvidas na hora de roubar ou matar para completar a missão, uma fria e eficiente ladra que leva o prêmio em uma carreira sem erros. Ada Wong nunca anda com os bons, e não será um policial de olhos azuis que a fará esquecer disso. - Ada tirou as chaves e cartões do bolso e abriu a porta, dizendo a si mesma que estava fazendo a coisa certa, esperando acreditar nisso.

Leon and Ada Side Story (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora