Cap. 15 - Os Problemas com as Mulheres

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Abriu os olhos devagar, o despertador berrava no criado mudo ao seu lado. Era um jovem de vinte e dois anos, saudável, responsável e cheio de boas intenções com seu trabalho, mas tinha um defeito - dormia muito e tinha dificuldade para acordar.
A mulher ao seu lado resmungou mal humorada, Leon fez o rádio relógio se calar com um tapa, um murro... E depois puxando o fio da tomada. Levantou-se com cuidado e observou a namorada, a vasta cabeleira loira que se esparramava como uma cascata pelo travesseiro.
Dormiram de costa um para o outro, a discussão da noite passada tinha sido horrível, uma das piores que já tiveram com berros e acusações de ambos os lados. E o mau humor dela só vinha piorando nos últimos meses. Isso o frustrava e o preocupava demais. A amava, era sua primeira namorada, estavam juntos desde o segundo grau, Leon imaginava todo o seu futuro ao lado dela, uma vida tranquila, honesta, uma família. Ele era um ano adiantado a ela na escola, sendo assim, quando se formou e entrou para a academia de policia de Manhattan, foi obrigado a deixá-la, recebendo a visita da moça em seus dias de folga e que ela não tinha aula. Um ano mais tarde ela mudou-se para seu apartamento. Quando ganhou uma bolsa para a faculdade.
Ela era uma moça inteligente, e tinha grandes planos para a carreira como advogada, mal terminou o primeiro semestre e foi aceita como estagiária em um dos mais importantes escritórios de advocacia da cidade. Três anos se passaram e Leon se formou um policial, mais um tempinho e ela também se formaria, era tudo o que ele estava esperando para pedi-la em casamento. Contudo, Leon não sabia explicar o motivo, talvez fosse sua falta de tempo sempre muito ocupado na corporação que era em regime de semi-internato e algumas vezes exigido que ele dormisse no quartel, ou se fosse pelo envolvimento da moça com a faculdade e o escritório, ambos estavam enfrentando a primeira crise, depois de tanto tempo juntos.
Tentou se aproximar e dar um beijo de bom dia antes de ir tomar banho, mas ela evitou seu toque. Não era possível... Era inacreditável que o motivo de tanta raiva era o fato de ele ter escolhido ir trabalhar em Raccon City. Não era um lugar tão longe, além de ser uma cidade que embora mais tranquila que Nova York, era um importante centro comercial, com um bom parque industrial e muitas oportunidades. Era ideal para um jovem casal, ainda começando a vida. Além do mais, Leon não se imaginava criando filhos na imensidão e violência de Nova York. Leu sobre os estranhos crimes acontecendo em Raccon City, e sentia que tinha todo o talento para aproveitar essa oportunidade, e fazer carreira numa cidade menor, subindo rapidamente de patente. Ficariam afastados algum tempo até ela terminar a faculdade, mas seria questão de meses.
Estava atrasado para o trabalho, ou melhor, para os preparativos de seu trabalho, seu primeiro dia, oficialmente como policial seria em Raccon City, mas antes precisava acertar a parte burocrática da sua transferência, e buscar sua tão esperada "encomenda", suas fardas, distintivo e sua pistola. Amanhã era o dia da sua partida, não queria ir embora brigado, mas agora estava realmente atrasado. Quando chegasse iriam conversar e fazer as pazes.
Leon conseguiu resolver todos os seus assuntos pendentes a tempo de voltar para casa na hora do almoço. Sua namorada não tinha aula a tarde então era a oportunidade perfeita, teriam a tarde e a noite toda juntos, para conversarem, fazerem as pazes e se despedirem. Porém as horas foram passando e nada dela chegar. O jovem policial não queria fazer isso, deixar as malas prontas para que ela visse essa imagem logo assim que chegasse, mas se não o fizesse agora, não teria tempo de fazê-lo depois. Amanhã cedo tinha que partir. Estava nervoso e com raiva... Era o último dia deles sob o mesmo teto, ficariam separados por até no mínimo mais seis meses, e a moça simplesmente desaparece!
O loiro então começou a fazer as malas, também a encaixotar seus livros, cd's, filmes e papéis, no entanto parou quando viu um envelope perdido no meio da última gaveta, não era seu... Era dela. No primeiro minuto decidiu não ler, não era bisbilhoteiro e nunca mexia nas coisas dela, mas no minuto seguinte, o lado sombrio de seu cérebro pôs-se a funcionar... O envelope era de um laboratório de analises clínicas, e se ela estivesse doente? Isso explicaria muita coisa, as alterações de humor, as explosões, os ataques gratuitos, a frieza...
"- Não eu não vou fazer isso!". - Disse para si mesmo. Até porque 90% desses sintomas começaram há meses, alguns vem durando há mais de um ano, se fosse uma doença, ela já estava morta.
Foi o que pensou, mas não foi o que fez suas mãos apenas desobedeceram a seu cérebro, abrindo o envelope e revelando seu conteúdo.

Leon and Ada Side Story (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora