Material nada escolar

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Suado, ele entrou no quarto, apesar do frio de janeiro das ruas de Nova York. O rosto ainda ardia em brasa. As mãos estavam geladas, apesar das luvas. Ele tremia, não de frio, mas de ter acabado de executar a primeira tarefa que ela lhe tinha dado. A foto e o plug tinham sido aperitivos. Ele a tinha a chamado de menina, ela então tinha tido uma ideia dos tempos de menina. Quando se viajava, a professora geralmente pedia uma redação com o que se fez. Janeiro também era época de lista de material para o ano letivo que se iniciaria em breve. Mas ela não era mais garota, nem estudante, muito menos ele. Eram adultos. Ambos tinham o mesmo gosto, mas ficavam em lados opostos do chicote.

A lista de materiais seria simples: ele iria procurar um sex shop perto do hotel em que estava, iria olhar modelos de strap, de cuecas. Iria enviar as fotos para ela, que escolheria. Aí iria comprá-los e depois voltaria para o hotel. Havia dois detalhes: o primeiro era que ele iria sem cueca, o segundo é que ele ficaria com o celular em contato permanente com ela, que assim teria certeza de que ele estava obedecendo. Ele ficou assustado com a ideia, mas ela ponderou que o risco de ele ser visto por alguém que o conhecesse era muito baixo e que, se ele encontrasse, ele daria uma desculpa e diria que ia comprar acessórios pruma festa de zoeira de despedida de solteiro de um amigo, que se dizia machão. Ele gostou dos argumentos, mas quando deixou o hotel os medos ganharam espaço.

Quando ele chegou à calçada, seu coração disparou. Ele não conseguia encarar as pessoas na rua, olhava apenas para o chão e seus tênis. Seu rosto ardia em brasa. Ele tinha a impressão de que todos que andavam pela rua, mesmo que não soubessem que ele era brasileiro, sabiam que ele estava plugado, que ele tinha acabado de tirar uma foto assim e colocado no perfil do endereço que usaria para se comunicar com ela. Pior: eles sabiam que ele estava sem cueca, até porque toda hora ele olhava para a frente da calça para notar alguma mancha de porra.

Três quarteirões de onde estava viu o sex shop que tinha procurado antes pelo google maps. Olhou para seu reflexo no vidro, olhou ao redor e pensou em dar meia volta, quando o celular tocou. Era mensagem dela. Havia um vídeo de dez segundos dela com dois dedos na boceta, se tocando. Ela sabia fazer ele aceitar e não pensar com o cérebro. Ele engoliu a seco e entrou.

A loja era grande. Havia três clientes, duas mulheres juntas e um homem olhando o que estava exposto nas paredes. Uma atendente atrás do caixa mexia no computador. O telefone tocou.

- Entrou?

- Entrei.

- Tira foto!

Ele tirou e enviou.

- Vai até onde estão as cuecas. Veja alguns modelos ousados, transparentes ou pequenas.

- Tá.

Ele se aproximou da parede em que havia fantasias, roupas de couro, látex e peças íntimas à venda. Tirou uma foto e enviou pelo whatsapp.

- Quero cueca. Cueca transparente ou de fio dental?

- Fio?

- Qual o problema?

- Não queria.

- Eu quero, isso é suficiente. Veja as cuecas.

Começou a olhar os modelos, havia centenas de peças diferentes. Havia uma cueca branca toda transparente atrás e na frente havia uma pequena faixa de tecido para esconder o sexo. Havia uma outra cueca preta cuja frente era um V e que atrás era coberta apenas por um fio. Ambas modelo M. Ele mandou as fotos.

- Ótimo! Agora vamos ver alguma coisa pra esse cuzinho.

- O quê?

- Plugs e straps.

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