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Ele não conseguia mirar os olhos dela. Olhava o chão, o pé do recamier, os saltos altos dela, a barra da calça jeans justa. Não conseguia também levantar os olhos para encarar a Lena, nem de soslaio poderia tinha coragem de obter mais detalhes físicos do que tinha visto quando entrara no quarto: devia ter menos de 30 anos, era morena, cabelos longos abaixo dos ombros, olhos castanhos, estava sentada no recamier. Ele podia ver que ela também estava de saltos altos e que também vestia calça jeans.
Elas estavam vestidas. Ele estava com uma cueca em V com um fio dental na parte traseira que roçava a base do plug que ele tinha comprado em Nova York e tinha enfiado no banheiro dela sob as ordens dela. Quando ele pensou nisso, um arrepio novamente perpassou a espinha, as mãos suaram e a testa ardeu em brasa como se ele estivesse em uma fase dolorosa de malária. Mas a doença dele tinha outro tipo de cura, outro tipo de remédio, outro tipo de médica. Ele engoliu a seco. Os braços tremiam. A risada que saiu das bocas delas criou ainda mais constrangimento. O pau dele parecia ainda mais duro sob o pano da cueca. Não dava para esconder que a humilhação e a incerteza tinham mexido com o tesão dele.
- Seu pau respondeu já, mas preciso ouvir da sua boca: vai encarar ou eu não vou te ver mais?
- Vou.
- Vai o quê? – ela se aproximou dele.
- Vou...
- Vai...
-...ser seu... – a voz sumiu ao fim da frase.
- Meu o quê?
- Seu...
- Meu submisso?
- Sim...
- Você vai ser o quê?
- Seu submisso...
- Meu cachorro?
- sim....
- Meu puto?
- Sim...
- Minha puta?
- Sim... – a voz praticamente sumia ao responder.
- Vai confiar em mim? Se entregar para eu explorar meus limites, meus sonhos mais insanos e perversos e para eu testar seus limites e ver o que você fará para me satisfazer?
- Sim – ele disse com as mãos trêmulas, mirando o chão, os pés dela, sentindo o perfume dela, se excitando com o controle que ela exercia sobre ele, com medo do que viria, mas com a vontade de tentar o caminho desconhecido.
- Lena, agora você testemunhará o contrato – ouviu-se ao fundo a risada de Lena.
- Mas imagino que esse contrato não será assinado com tinta... – disse Lena rindo da situação, a gargalhada fez com que ele se encolhesse ainda mais, que o pau ficasse mais duro sob a cueca.
- Não, lógico que não. Me dê a coleira.
Ela se aproximou dele e sussurrou no ouvido:
- Ajoelhe-se.
Ele se ajoelhou à frente dela, com as mãos sobre seus joelhos. Sentiu o frio metal sendo colocado no seu pescoço.
- Comprei o enforcador. Não gosto de coleiras normais. Não gosto de usá-las, mas esse ritual pede isso. A assinatura pede que você esteja como o cachorro que eu te farei ser. Entendeu?
- Sim – disse ele com a voz bem baixa.
- Encoleirado, plugado e com esse fio dental roçando o rabo. Agora está perfeito pra eu tomar posse do que é meu. Antes de ficar de quatro, vira a bunda pra Lena o plug.
Ele escutou a ordem, mas não se mexeu. O chão parecia se abrir sobre ele. A vergonha era avassaladora. Engoliu a seco. Pensou em fugir pela porta.
Ela se aproximou dele:
- Vira! Odeio repetir ordem e odeio mimimi! Quer aprender do pior jeito?
As palavras ecoaram nos seus ouvidos. Ele virou de costas para Lena.
- Tira a cueca, seu puto! Até porque, para o que a gente vai fazer, você só vai precisar de uma coisa: obedecer!
Baixou a cueca.
- Olha o pau como está duro e babado! Agora é hora de usar outra coisa que não é tinta, nem mancha!
Ele estremeceu. Ele estava prestes a assinar o contrato mais importante de sua vida e dessa vez ele não estava na posição de quem ditava as ordens. Pior: não sabia o que viria pela frente.
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A máscara
General FictionEle tinha 41 anos, era empresário bem-sucedido, divorciado, parecia viver para o trabalho. Era o primeiro a chegar, o último a apagar as luzes. Ele parecia perfeito demais. Devia ter um segredo a esconder. Todos usavam máscaras. Talvez naquele bar e...