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Havia uma semana que ele estava com o cinto. Ainda estava acostumando-se a ele como uma segunda pele. Leu que os primeiros dias, as primeiras semanas eram mais difíceis. Primeiro, havia o cuidado de selecionar roupas em que o apetrecho não aparecesse visível aos olhos de clientes, empregados. Isso não era muito difícil, o aparelho era discreto. Ele usava calças mais folgadas na frente porque tinha medo de que alguém desconfiasse. Quando alguém o olhava por alguns segundos nos olhos, mesmo que em uma reunião de trabalho, ele se sentia desconfortável e buscava mudar de assunto. A dominação psicológica dela tinha funcionado.
Quando estava no escritório, havia um banheiro em sua sala, o que lhe dava conforto de usá-lo. O maior problema era quando estava fora, seja em eventos, em restaurantes, hotéis. Nesse caso, quando tinha de usar o banheiro, tinha de torcer para que não estivesse ocupado, uma vez que não tinha condições de usar mais o mictório de pé como fizera toda a vida. Se usasse, a chance de ser visto era enorme. Um orifício para a urina no cinto permitia que ele mijasse, mas tinha agora de fazer xixi sempre sentado. Quando estava com ela, ela sempre pedia para ver, sempre impedia que ele fechasse a porta. Pelo menos o cinto impedia que ela visse que ele se excitava com o desejo dela.
O cinto não permitia a ereção. Não apenas impedia que o pau ficasse ereto como também provocava dor. O jeito era colocar a mente em outro lado, deixar de pensar em sexo, mas isso não era fácil. Ele passou a entender o que apenas havia lido. Quando o dominador te prende e se perde a chance de fazer quando se quer um desejo básico, o desejo aumenta. A sensibilidade fica à flor da pele. Numa reunião de negócios, bicos duros de uma diretora mexem com a libido e provocam a imaginação. Quando se vai à academia e se olha uma mulher fazendo step, a vontade é instantânea. Mas o cinto não permite a ereção, possibilita apenas que saia baba. A porra acumulava-se. Era fato: desde que estava preso, seu tesão tinha quintuplicado, a vontade de gozar era imensa, sua submissão estava ainda mais acentuada. Tinha impressão de que cederia a qualquer pedido dela, apenas pelo gozo. A sensação era que, quando fosse liberado e fosse permitido esporrar, teria o gozo mais forte que já tinha experimentado.
Ela quis que eles se vissem todos os dias naquela primeira semana. Marcavam na casa dele, porque a república em que ela morava estava à toda. Ela não queria envergonhá-lo ainda mais. Não era hora. Por ora, bastava Lena. Ela chegava por volta das dez da noite. Pedia que ele se despisse na frente dela. Ela o fazia. Quando ele baixava a cueca e aparecia o cinto, os olhos dela brilhavam, ela se tornava exultante.
Ela então começava um questionário.
- Doeu?
- Um pouco, fico muito sensível. Até um bico de peito de uma executiva me dá tesão.
- O pau não sobe?
- Não dá. Ele impede qualquer ereção.
- Já acostumou a mijar sentado, a mijar de porta fechada?
- Estou me acostumando, é diferente.
- Você está com tesão?
- Sim, parece que estou com muito tesão acumulado.
- Ótimo.
A cada dia, ela repetia as perguntas, para ver se eu tinha alguma reação diferente. Ela então retirava o cinto e fazia a limpeza. Depilava todos os pelos ao redor do pau. Ela tinha lido que isso poderia se tornar um problema se os pelos crescessem muito, poderia se enroscar no cinto e provocar incômodos. Ao fazer isso, o pau dele apontava para o teto. A impressão era de que, se ela tocasse na cabeça, ele gozaria na hora, esporraria na mão dela num gozo descontrolado e prolongado. Ciente da sensibilidade extremada, ela não tocava no pau dele. Ele então ia para o banho, mas sem permissão para tocar o pau. Ela então usava toques firmes para limpeza sem que ele sentisse prazer. Se o pau continuasse ereto depois do banho, ela usava gelos para que ele perdesse o tesão e aí então fosse colocado o cinto.
Cumprido o ritual, ela trancava a chave, dava boa noite e o deixava.
- Pode dormir, sonhos quentes, pau trancado.
Na quinta-feira à noite, o ritual foi um pouco diferente.
Quando ela o trancou, o encarou.
- Amanhã, quero uma coisa diferente.
- O quê?
- Amanhã quero te levar a um clube.
- Clube?
- Sim, um clube privado em que dominadores e submissos vão de vez em quando. Você já viu "De olhos bem fechados", do Kubrick, obviamente, não? Então não é apenas ficção. Todos vão a uma casa no interior e ficam mascarados. A sua máscara é essa preta aqui, que recobre todo seu rosto, só tem aberturas para seus olhos e sua boca.
- Mas vai muita gente?
- Umas 20 pessoas, por aí, entre dons, dommes, submissos e submissas.
- Não sei.
- Eu sei que quero que você vá como meu submisso, quero mostrar você para esse grupo, quero mostrar meu poder e sua condição.
- Não sei...
- Eu acho que você sabe, sim. Quero te levar.
- Mas eu vou como?
- Vai como você vai trabalhar, quando a gente entrar lá, aí, sim, vai ficar como eu quiser...
- Como você quer?
- Você saberá amanhã, se não fugir.
- Não sei...
- Tem 24 horas para aparecer no meu apartamento e irmos juntos. Se não for, entenderei. Você fugiu, o único inconveniente é que não vou devolver a chave, vai ter de arranjar outro jeito de tirar o cinto. Talvez o chaveiro da sua rua tire!
- Glupt.
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A máscara
General FictionEle tinha 41 anos, era empresário bem-sucedido, divorciado, parecia viver para o trabalho. Era o primeiro a chegar, o último a apagar as luzes. Ele parecia perfeito demais. Devia ter um segredo a esconder. Todos usavam máscaras. Talvez naquele bar e...