Lessye é uma confeiteira de mão cheia e pés no chão. Gosta de ter controle sobre sua vida, pois se acha refém da falta dele. Até conhecer Toni. Toni é como um copo transbordando e uma fogueira em chamas. Desperta nela coisas que jamais conheceu.
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ELA ME MOSTROU O AMOR QUANDO EU NADA ESTAVA SENTINDO
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Toni Kroos •| Madrid, Espanha — 15 de Janeiro, 2019.
Quando deixei o carro no estacionamento do prédio, caminhei com um destino só: entrar em casa e conversar com Jessica. Mas no meio desse caminho, foi impossível não deixar os pensamentos vagarem até Lessye.
Havia acordado antes propositalmente, e observado ela enquanto dormia. Era errado, eu sabia, mas não pude evitar. Vendo-a ali tão indefesa, tão silenciosa, me perguntei como alguém podia querer partir esse coração. Lessye era intensa como um raio e bela como um por do sol. Eu queria vê-la sempre, estar por perto sempre. Sentia que ela queria o mesmo.
Quando segurei em sua mão, não quis mais soltar. Alguém disse uma vez que Deus não dá frio maior que o cobertor. Ela estava aqui por mim, como eu percebi que estaria por ela quando me atendeu aos prantos. Quando me senti indefeso por não poder abraçar ela em meio ao turbilhão que havia feito suas lágrimas rolarem. Me senti fraco. Lessye me devolveu a força quando me deixou chegar. Quando me permitiu tocá-la, quando me deixou tocar em seu rosto, secar suas lágrimas.
Lessye me reacendeu.
Eu não sabia mais o que tinha para decidir em relação a querer aquela mulher do meu lado.
Abri a porta e Jessica já se levantou vindo em minha direção. Respirei fundo sabendo que tínhamos coisas para pôr na mesa, e que não adiantaria adiar o inevitável.
Com as mãos suando de tensão, ela parou em minha frente com aquele seu olhar esperançoso.
— Bom dia. — Passei direto por ela, ouvindo um muxoxo de desaprovação. A garrafa de café estava na mesa ainda armada para o café da manhã.
— Toni? — Jessica veio atrás de mim, enquanto eu enchia uma xícara de café.
— Oi, Jess. — Puxei uma cadeira, ainda sem tocar no assunto. Podia sentir o olhar dela sobre mim, me interrogando.
— Você pode me explicar o porquê de ter saído correndo de casa ontem? Eu pensei que fossemos conversar, só que você saiu correndo e ainda passou a noite fora.
— Eu não teria ido se não fosse importante.
Ou talvez teria. Não sei. Sinceramente, só pensei em Lessye sozinha e chorando em algum lugar longe de mim. Quis trazê-la para perto dos meus braços, onde eu poderia tocar em seu rosto, sacar suas lágrimas.
— Podemos conversar agora. — Apontei para a cadeira a minha frente. — Senta ai.
— Olha, Toni, eu não sei o que está acontecendo na sua vida. Não sei porque saiu daquele jeito, mas eu só fiquei preocupada.
— Com o quê? Estou aqui, estou bem. Não é comigo que devia se preocupar e sim com você, com seu estado. Com nossos filhos.
— Me preocupo, Toni. — Se exasperou: — Mas também me preocupo com você porque eu te amo e você sabe disso.
