Lessye é uma confeiteira de mão cheia e pés no chão. Gosta de ter controle sobre sua vida, pois se acha refém da falta dele. Até conhecer Toni. Toni é como um copo transbordando e uma fogueira em chamas. Desperta nela coisas que jamais conheceu.
Qu...
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Toni Kroos | Usera, Espanha — 14 de Janeiro, 2019.
30 minutos no silêncio. 30 minutos em um completo caos. Ela não chorava, também não falava. Nem sequer emitia um som. Eu queria perguntar, mas não queria me intrometer demais. Lessye estava quieta, como eu não conseguia imaginar ela.
Meu peito estava nervoso.
E ela em silêncio, que me agoniava demais. Nos encontramos em Usera, entre Madrid e Getafe. Viemos em silêncio, conectados em uma chamada de voz. Ela não falava, e meu rádio estava ligado, enquanto a música baixa se inturmava mais do que nós mesmos. O táxi parou em uma rodovia, e eu sai vendo a expressão abalada e as maçãs no rosto inchadas. As lágrimas que secaram, ainda deixaram seus rastros. Me matou aquela cena.
Eu a abracei, e ela me deixou tocá-la. Foi difícil dirigir, então paramos em um um hotel qualquer no meio do caminho. Usera foi quem nos acolheu, no meio daquela situação, em uma cidade tão comum, e acontecimentos que a afrontaram de alguma forma.
Pensei que Lessye fosse dormir, que conseguiria fechar os olhos e descansar, mas já passavam da meia noite e ela continuava em silêncio, deitada em meu peito. Os dedos dançantes brincando com o desenho da minha camiseta. Eu só queria confortá-la.
— Você está com fome? — Resolvi perguntar.
— Não.
— Quer tomar um banho?
— Agora não.
— Está com... Frio?
— Não.
— Tem alguma coisa que você queira?
Suspirou.
— Não.
— Lessye, você não está bem. O que eu posso fazer?
Ela não respondeu, mas se mexeu acomodando-se mais. Era idiota da minha parte, e tinha a droga da culpa, mas não conseguia evitar de pensar em como estávamos tão próximos. Como seu corpo estava tão grudado ao meu, seus lábios próximos da minha pele, sua voz que pouco ouvia, mas já mexia demais comigo. Me sentia constrangido demais para continuar o assunto.
— Meu irmão e eu conversamos hoje. Eu não te contei sobre isso, mas nossa relação não é das melhores.
— Sua família não é muito unida, não é?
— Alex e eu somos tudo que dois irmãos não deveriam ser. Sempre brigando, sempre repudiando um ao outro. É complicado. E hoje ele me disse que nossa mãe está internada em uma clínica.
— Que tipo de clínica?
— Uma que dói ter um familiar dentro. — Suspirou, e levantou a cabeça olhando para mim. — Eu senti sua falta nesses últimos dias.
